Primeiras impressões VW Tiguan Allspace R-Line 2024: amadurecimento forçado
Reestilização chegou, mas novas normas de emissões trouxeram um "novo" carro
Ainda em 2021, a Volkswagen deu início à produção no México do Tiguan Allspace reestilizado. Mesmo considerando o período pandêmico, a demora para que o modelo chegasse de fato ao Brasil foi sentida. A apresentação para o nosso mercado para o carro importado do México aconteceu somente em outubro de 2023.
Mas o atraso talvez nem seja o ponto que vai incomodar mais alguns dos clientes da Volkswagen. O novo Tiguan Allspace 2024 é comercializado na versão R-Line, tradicionalmente a mais esportiva da linha, e aumentou de preço para R$ 278.990 (com teto-solar opcional por mais R$ 10 mil). Porém, o maior obstáculo está no desempenho. Com regras de emissões mais rígidas entrando em vigor, o novo Tiguan perdeu potência e outras qualidades marcantes que sempre o colocaram como uma opção mais esportiva e divertida entre os SUVs médios.
As mudanças do Tiguan 2024
Na ocasião da renovação do Volkswagen Tiguan Allspace, a marca optou por adotar um estilo semelhante ao utilizado por outros SUVs, abandonando a grade retangular em favor de um visual mais próximo ao do Taos. Uma linha de LED na parte central foi incorporada, seguindo a tendência presente nos últimos lançamentos da empresa. O para-choque passou por um redesenho, incluindo uma imitação de entrada de ar nas extremidades. Do outro lado, apresenta um para-choque completamente novo.
A chegada do Taos ao mercado norte-americano levou a uma atualização no Tiguan, tornando-o mais equipado para se distanciar do SUV menor. Agora, conta com rodas de 19", controle de cruzeiro adaptativo, assistente de permanência em faixa, alerta de ponto cego, frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres, park assist, central multimídia Discovery Media com tela de 8", Android Auto e Apple CarPlay sem fio, câmera de ré, painel de instrumentos digital de 10,25", ar-condicionado digital de três zonas, freio de estacionamento eletrônico, carregador wireless para smartphones, entre outros.
A Volkswagen destaca a integração do controle de cruzeiro adaptativo e do sistema de manutenção de faixa, permitindo que o veículo possa quase autonomamente percorrer estradas. No entanto, é crucial que o motorista mantenha as mãos no volante e permaneça atento, uma vez que o sistema pode desativar por razões diversas, conforme ocorre com outros veículos com tecnologia semelhante. A única opção de opcional é o teto solar, disponível por R$ 10 mil.
Para aqueles que apreciavam o Tiguan pela sua potência, surge a má notícia. O motor 2.0 TSI EA888 ainda equipa o SUV médio, mas não mais na configuração 350TSI anteriormente compartilhada com o Golf GTI. Dessa forma, a potência de 220 cv e torque de 35,7 kgfm foi substituída por uma versão de 186 cv e 30 kgfm, números idênticos às unidades vendidas nos EUA e México.
O veículo agora opera exclusivamente com uma transmissão automática de 8 marchas tradicional com conversor de torque, deixando de usar a caixa automatizada de dupla embreagem com sete velocidades e perdeu a tração integral 4Motion, adotando apenas tração dianteira. A Volkswagen justifica a mudança como necessária para que o carro esteja em conformidade com as normas de emissões e ruídos no Brasil.
E essas alterações impactaram bastante o desempenho do novo Tiguan, que agora pesa 1.794 kg (9 kg a mais que o anterior). A aceleração de 0 a 100 km/h era de 6,8 segundos, passou a ocorrer em 9,2 segundos. Se é que pode-se chamar de ponto positivo, o consumo ao menos melhorou. Passou de 8,3 km/l na cidade e 9,6 km/l na estrada para, respectivamente, 9 km/l e 11,3 km/l.
Ao menos o carro ainda manteve a suspensão independente nas quatro pontas com sistema multilink na traseira e o freio a disco nas 4 rodas. Entre suas principais medidas, o novo Tiguan 2024 tem 4.728 mm de comprimento, 1.839 mm de largura, 1.661 mm de altura e 2.790 mm de entre-eixos. Seu porta-malas tem 686 litros de capacidade no padrão VDA internacional, ou 774 litros no padrão que Stellantis utiliza em seus carros considerando o volume máximo teórico. O números são válidos com a terceira fileira de bancos recolhida.
Novo não quer dizer melhor
Uma coisa não posso negar: a reestilização fez bem ao visual do novo Tiguan. O carro está mais coeso e com algumas curvas mais orgânicas. Em resumo, perdeu um pouco da tradicional sisudez germânica do visual anterior. Ele também manteve o bom acabamento interno, com materiais emborrachados no painel e nas portas. No topo do painel, inclusive, há um porta-trecos forrado, assim como são os bolsos de porta.
No banco traseiro, a história muda e o acabamento de plástico fica mais próximo ao de um T-Cross ou um Taos, por exemplo. Ao menos a lista de equipamentos continua recheada, com destaque para os faróis de LED inteligentes (iQ.Light) que se ajustam sozinhos para não ofuscar outros carros e até mesmo iluminam com precisão até mesmo placas de trânsito. O banco do motorista é grande e confortável, além de ter ajuste elétrico e ventilação. O do passageiro ainda tem regulagens manuais.
Em termos de espaço interno, nada mudou. Afinal, foi uma reestilização, não uma troca de geração. O banco traseiro consegue acomodar bem dois adultos, com o um terceiro se espremendo um pouco. A terceira fileira continua sendo um quebra-galho, ou para uso de crianças. Há pouco espaço e, mesmo com apenas meus 1,72 m de altura, a cabeça raspa no teto.
Também vale comentar que a Volkswagen parece ser contra cortes de custo em alguns aspectos. A abertura do bocal de combustível, por exemplo, tem um intricado mecanismo no pino de travamento que o faz girar ao mesmo tempo em que se move na abertura ou fechamento. Até mesmo a terceira fileira de bancos conta com pequenos tapetes de carpetes bem pequenos, exclusivos para estes assentos.
Na hora de dirigir, você não percebe a perda de desempenho logo de cara. O Tiguan 2024 continua sendo um baita SUV em termos de conforto e sólido na estrada, transmitindo bastante segurança. Porém, quanto mais você exige do carro, mais as diferenças vão se revelando.
Começando pelo câmbio automático, que não é de dar trancos ou lento necessariamente. Mas não há calibragem que o faça responder tão rápida e diretamente quanto o antigo DSG. No modo de condução padrão, parece que o acelerador está fofo, demora a responder e parece até um modo Eco.
Nas curvas, a nova calibração de suspensão se fez notada. O carro está mais macio, transmitindo menos trancos à cabine. Mas, somada à perda da tração integral, o carro se comporta como um SUV tradicional, com um pouco de rolamento e exigindo mais da aderência dos pneus dianteiros. Se foi a sensação de rotação em curvas do antigo Tiguan com tração integral, que fazia dele a opção mais esportiva entre os rivais.
No final do dia, parece que o Volkswagen Tiguan 2024 está menos dado às estripulias do passado. Ficou mais calmo e comportado, apesar de que esse amadurecimento tenha sido forçado. Por enquanto, permanece como uma opção válida entre os SUVs médios com 7 lugares. Porém, se a Jeep realmente lançar um Commander com motor 2.0 turbo de 272 cv da Ram Rampage, sua proposta ficará mais difícil de se justificar.
VEJA MAIS NO CANAL DO MOTOR1.COM
RECOMENDADO PARA VOCÊ
Volkswagen Tayron 2025 será 'Tiguan mais sexy' e terá até logo iluminado
Safety Center do grupo Stellantis atinge 1.000 testes realizados
Novo Volkswagen Tayron ganha teasers e ficará no lugar do Tiguan Allspace
Latin NCAP testa Ford Ranger e VW Amarok; confira notas
VW Tayron L, substituto chinês do Tiguan para 2025, tem imagens vazadas
Anfavea projeta produção de 2,8 milhões em 2025, mas teme importações
VW Tiguan Allspace terá série de despedida nos Estados Unidos