Quando saímos de marcas generalistas para algo mais diferenciado, o DNA torna-se algo muito importante. Algumas, como a Porsche, se apoiam na esportividade, outras como a Volvo focam na segurança. No caso da Land Rover, seu principal atributo está no momento em que colocamos o carro fora do asfalto, mantendo a capacidade off-road que sempre foi o símbolo da fabricante.
O Discovery Sport, produzido no Brasil, é a porta de entrada e não esquece suas origens. Parece bobagem falar sobre isso em um SUV que, na maioria dos casos, o máximo de off-road que vai ver é uma estrada de terra batida em algumas viagens, talvez um pouco de lama se tiver chovido. Só que é mais importante do que parece, pois define bastante não só a Land Rover como o Discovery Sport. É como ter seguro de vida. Você torce para não precisar usar mas, se alguma coisa acontecer, será um alívio.
E o Discovery Sport é um dos poucos neste segmento que realmente podem olhar para a terra e não ter medo algum de enfrentá-la. Não é para ser totalmente aventureiro, que é o papel do Defender, porém também não foge da luta. Por puro acaso do destino, durante um dos dias testando o carro, resolveu chover muito em São Paulo, a ponto de alagar uma das ruas que normalmente pego perto para chegar em casa. Normalmente, teria desviado e ido por outro caminho, mas desta vez segui em frente, aproveitando que o utilitário pode passar por trechos de água de até 600 mm de profundidade.
É um exemplo até bobo, só que mostra a confiança que podemos ter em um Land Rover em uma situação em que precisamos desta capacidade fora-de-estrada. E isso sem perder o que se espera de um carro premium: muito conforto e muito luxo. Afinal, estamos pagando R$ 459.950 na versão R-Dynamic SE com motor 2.0 turbodiesel.
Não há como negar que o estilo do Discovery Sport está um pouco cansado. É uma evolução da linguagem visual criada em 2008 com o conceito LRX, que deu origem ao Evoque, que por fim gerou o menor modelo da linha Discovery como uma opção de entrada. Trouxe algumas evoluções aqui e ali desde então, principalmente na região do para-choque, mantendo o formato da grade e dos faróis. O lado bom é que é fácil de reconhecer como um Land Rover.
A traseira mudou mais nos últimos anos, acompanhando o Discovery maior. As lanternas verticais combinam mais com o carro do que as arredondadas do modelo pré-facelift e, ao contrário do SUV médio, posicionou a placa no meio da barra preta no porta-malas, uma decisão bem mais acertada do que no modelo maior, que usava a placa do lado esquerdo e criava um degrau.
O interior é de bom gosto, sem ser exagerado. Utiliza couro no volante, painel, bancos e parte dos painéis das portas, e um plástico emborrachado no restante, sem passar a impressão de ser um carro simples. Esteticamente, a única reclamação que posso fazer é sobre o acabamento em black piano na região dos controles do ar-condicionado e dos botões no volante, que refletem bastante a luz e ainda ficam com marcas de dedo. É possível ter o interior com couro em outros tons, como branco.
Como a R-Dynamic SE é a versão topo de linha, o carro vem bem equipado. Temos ajuste elétrico para os bancos dianteiros e com memória, sistema de som Meridiam, câmera 360°, central multimídia de 10 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, sensores de chuva e crepuscular, monitor de ponto cego, freio de estacionamento eletrônico, controle de cruzeiro, assistente e permanência em faixa, controle de descida, entre outros.
A multimídia é bem funcional, embora passe uma estranheza inicial por ser bem fina. Tem uma boa resposta e está ajustada para usar bem as funções tanto do Android Auto quanto do Apple CarPlay. Como de costume em um carro da Land Rover, tem algumas funções ligadas ao off-road, como ângulo de inclinação, rolamento e a tração de cada roda. Uma das opções mais legais é a de usar uma câmera para ver o chão embaixo do carro, o que é muito útil em trilhas.
O painel de instrumentos fez uma mistura de digital com analógico, mantendo uma boa parte do velocímetro e do contagiros e, no centro, usando uma tela para mostrar o resto dos dois instrumentos e mais informações. Embora não seja ruim, para um carro neste segmento e por mais de R$ 400 mil, era melhor partir para uma tela totalmente digital, item que é oferecido no exterior para o Discovery Sport.
Quando o Discovery Sport passou pelo resto da redação, sempre foi acompanhado pela pergunta: “é gasolina ou diesel?” De fato, é difícil responder sem olhar no documento, tamanho o esforço que a JLR fez para que não passar as vibrações ou o ruído para dentro do veículo. O 2.0 turbo de quatro cilindros da família Ingenium entrega 204 cv a 3.750 rpm e 43,8 kgfm de torque entre 1.500 e 2.500 rpm. Ainda trabalha com um sistema híbrido-leve para reduzir um pouco o consumo, mas que na prática quase não faz diferença e é difícil notar quando entra em ação.
Na prática, não foi muito eficiente, fazendo 10,5 km/litro na cidade e 12,8 km/litro na estrada. É um rendimento bem próximo do Inmetro, que declara 10,7 km/litro e 12,9 km/litro, respectivamente. Com um tanque de 65 litros, é normal ver uma autonomia por volta de 800 km. Definitivamente, não é para quem já está mais preocupado com o meio ambiente, já que existem rivais por menos do que isso que são totalmente elétricos, ainda que menores.
Como foi falei antes, o Discovery Sport é feito para encarar uma trilha se necessário. Além de poder rodar em alagamentos de até 600 mm de altura, a carroceria foi feita para melhorar os seus ângulos e evitar raspar no solo. O ângulo de entrada é de 25°, enquanto o de saída é de 45°, mais do que suficiente para qualquer situação urbana. O vão livre em relação ao solo é de 212 mm, consideravelmente alto para um SUV que vai passar a maior parte do tempo na cidade.
Seu rodar é bem macio, aproveitando bem a suspensão multibraço na traseira e McPherson na dianteira, com molas helicoidais e barras antirolagem. Isso faz com que seja bem estável e não balance muito nas curvas ou nas trilhas. A suspensão só chega ao fim caso você passe por um buraco fundo ou lombada mais alta sem frear.
O espaço é bom para um carro de cinco lugares, com aquele tradicional banco central mais apertado, e que ainda lida com um túnel central alto. Ao menos conta com saídas de ar-condicionado para a segunda fileira. Pagando um pouco mais, é possível adicionar uma terceira fileira de bancos rebatíveis. O porta-malas tem espaço para 454 litros.
Para quem realmente faz questão de um SUV raiz no segmento premium o Land Rover Discovery Sport R-Dynamic SE é um carro a se considerar. É bem capaz no off-road ou em alguma situação mais complicada na cidade, tem uma autonomia enorme por conta do seu motor diesel e traz o conforto que se espera de um modelo nesta faixa de preço, além de ser um dos poucos da categoria premium que ainda possuem esse tipo de motor.
Land Rover Discovery Sport R-Dynamic SE Diesel
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