Teste: Nova Ford Ranger Limited 3.0 V6 evolui e se torna a referência

A Nova Ford Ranger chegou e já está causando. Depois de conhecer a modernização da fábrica de Pacheco, onde a picape é produzida, a marca lança a nova geração trazendo um salto enorme em tecnologia, conforto, visual robusto e oferta ampla do desejado motor 3.0 V6 turbodiesel.

Dirigimos a nova Ranger 2024 na campo de provas da marca, o que nos permitiu acelerar ao máximo e também encarar um ambiente off-road de verdade. Na sequencia, uma semana para entender as evoluções com mais calma usando no dia a dia. Quer saber como é? Um spoiler: a concorrência vai ter uma grande dor de cabeça.

Projeto global, qualidade global

Em sua nova geração, a Ford Ranger 2024 chega equalizada com o mesmo modelo vendido na Europa e Ásia. Eleva o padrão das picapes médias em termos de qualidade de rodagem, conforto interno, tecnologia e, claro, com visual alinhado às irmãs F-150 e Maverick.

Outra novidade é forte aposta no conjunto mecânico formado pelo desejado motor 3.0 V6 turbodiesel com 250 cv e 61,2 kgfm de torque associado ao câmbio automático de 10 marchas. É isso mesmo, estamos falando basicamente do mesmo conjunto presente na F-150 lá fora, além do mesmo câmbio já utilizado também no esportivo Mustang.

Ford Ranger 3.0 V6 Limited 2024

Praticamente tudo foi revisto nesta nova geração. Base de tudo, um novo chassi recebeu um novo conjunto de longarinas e travessas, maior em altura e largura de cada perfil, com 3 reforços internos em cada lado e aços de alta resistência. O resultado é o aumento de 30% da resistência a torção. 

Ao encarar a nova Ranger, você vai notar que a picape cresceu. No comprimento são 18 mm a mais, totalizando 5,372 m, enquanto em altura cresceu 38 mm (1,886 m) e na largura mais 50 mm (1,91 m). Outro avanço importante foi o crescimento do entre-eixos em 50 mm, totalizando agora 3,27 m.

Visual mais imponente

Para não deixar dúvida de como o visual da nova Ranger se sobrepõe ao das rivais, a Ford levou as concorrentes Amarok, Hilux e S10 ao Campo de Provas e colocou ao lado. O primeiro impacto é o quanto o capô é mais alto. Ao vivo, e lado a lado, a sensação é que a dianteira da Ranger é muito maior que as demais, fato destacado pelo estilo mais quadrado e pelo posicionamento dos faróis no máximo das extremidades, o que amplifica essa sensação. É diretamente inspirado pela F-150 e Maverick, dando uma linguagem padrão para a linha de picapes da marca.

Faróis "começam" nas laterais da nova Ford Ranger

Além das medidas, também recebeu bitolas maiores, com paralamas mais largos tanto na dianteira como na traseira. Nesta geração, há também protetores plásticos nos paralamas, pintados nessa versão, mas que certamente serão utilizados para compor o visual de versões mais voltadas para o off-road sem a pintura.

Traseira da Ford Ranger 3.0 V6 Limited 2023

A traseira tem novo desenho, com a aplicação do nome Ranger direto na tampa da caçamba, estampado. Lanternas com nova assinatura em LEDs, nova maçaneta com a inclusão do brake light integrado, uma solução de segurança do tipo "porque não pensaram nisso antes?". Na versão Limited, o parachoque traseiro é cromado. Outra mudança sutil é o sistema de iluminação da placa, que sai da tampa e passa a ser embutida no degrau central do parachoque. Nas laterais, a Ford adicionou um novo apoio fixo de pé para facilitar o acesso à caçamba.

Degrau para acessar a caçamba da nova Ranger

A capacidade fora-de-estrada foi aprimorada com a inclusão de novos recursos semelhantes aos que existem no Bronco Sport, Maverick e F-150. Falaremos deles mais a frente, mas já destacamos os 235 mm de altura livre do solo, os 800 mm de capacidade de imersão e os ângulos de ataque de 30º e saída de 26º. 

Interior superior às rivais

Ainda que o visual externo seja uma questão de gosto pessoal, o mesmo não dá para dizer do interior. A Ford realmente subiu o padrão de qualidade ao oferecer um ambiente interno muito mais moderno. 

Ambiente interno da nova Ranger

Calma, ainda não estamos falando de material emborrachado no painel, mas de novos materiais que passam a sensação de que não vão riscar com o tempo. O desenho interno segue o padrão externo, com linhas mais quadradas em todos os lados. Há uma divisão que abre um espaço para uma iluminação na faixa central do painel. A tela central de 12" da versão testada instalada em posição vertical é inserida, e não flutuante, que segundo a Ford, clientes de picape preferem desta foram ao invés do estilo tablet flutuante. 

O console central tem a manopla do câmbio de tamanho reduzido, mas que também é exigência dos consumidores. Porta-copos, um porta-objetos à frente com tomadas USB-A e USB-C e carregador de celular por indução estão presentes.

Painel digital da Ranger top de linha é o mesmo da F-150

Mas o que realmente chama a atenção, e muito, é o painel digital de 12,4", que faz parte do pacote opcional da Limited, mas vale o investimento. Também vem da irmã maior F-150, e oferece altíssima qualidade de resolução e gráficos bem trabalhados, com identidade própria da Ford. Configurável, é possível adicionar os principais pontos de informações, como o nível do tanque de Arla, por exemplo. Bacana também são as animações que ilustram de forma muito direta o modo de condução selecionado (Normal, Eco, Rebocar, Escorregadio, Lama, Areia).

Com mais espaço, a Ford também trabalhou no conforto para passageiros dos bancos traseiros. Diferente das concorrentes, a nova Ranger tem uma inclinação maior do encosto do banco traseiro e altura do assento que não causa o efeito estádio, com os passageiros sentados em nível acima do motorista. 

Ford Ranger 3.0 V6 Limited 2024

Como anda

Nosso primeiro contato com a nova Ranger foi no campo de provas da Ford. Por lá, tivemos algumas horas para rodar na pista de alta velocidade, momento em que foi possível passar dos 180 km/h para entender a dinâmica da picape. Claro que ninguém anda por aí nesta velocidade, mas dada a oportunidade, cabe dizer que transmitiu segurança em todo o momento.

Com um padrão de condução mais refinado, a nova Ranger precisou de 8,7 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h, no nosso teste de desempenho, o que é bom. No entanto, a Amarok V6 ainda se mantém à frente com 8,3 s no nosso teste mais recente. Nas retomadas, a Ranger precisou de 6,2 s para avançar de 40 a 100 km/h, enquanto na prova de 80 a 120 km/h foi 6,1 s.

Na parte off-road, destaque para o conforto que a picape oferece. Ainda é uma picape, mas passa por depressões e ondulações sem maltratar os ocupantes. Pula, mas muito menos que as rivais. Para quem vai usar nas fazendas com frequência, é um baita salto de conforto.

A tração 4x4 associada aos modos de condução também sobem de nível. Assim como o Bronco Sport e Maverick FX4, você consegue ver dados como a inclinação, demanda de torque aplicada nas rodas e tração aplicada em ilustração bem prática, além de câmeras para todos os lados. Na prática, você consegue ver absolutamente todos os pontos do caminho que vai passar. Imagens e informações que você não encontra em nenhuma outra. 

Ford Ranger 3.0 V6 Limited 2024

Passando para o nosso teste mais longo, usando essencialmente na cidade e estrada, a sensação é a de que Ranger quase virou um SUV. Rodando em São Paulo, que tem trânsito pesado e agressivo, você precisa de agilidade para trocar de faixa com rapidez e segurança. O motor entrega torque suficiente para essa agilidade e o casamento com o câmbio de 10 marchas é bom em quase todo o tempo. Quase todo porque assim como no Mustang, certas reduções fazem a transmissão demorar a entender o que está acontecendo e entregar a marcha que você espera. 

Na estrada, em viagens, você notará a solidez de construção com uma condução linear com muita sensação de centralização. Não é o tipo de picape que fica com a frente balançando ou com volante bobo. Pelo contrário, sempre firme e direta em velocidade de cruzeiro. Ative a tração integral e terá uma a picape ainda mais na mão. Em relação ao consumo, os números não surpreendem. Rodando na cidade, a Ranger 3.0 V6 fez 7,4 km/litro, enquanto na estrada o resultado foi de 11,6 km/l.

Quanto custa

Além de todas as evoluções de construção, acabamento e dirigibilidade, a nova Ranger também traz um grande avanço quando se fala em tecnologia embarcada e equipamentos. A versão testada, Limited com o pacote opcional, mostra tudo que está disponível para a nova geração da picape.

A lista inclui saídas de ar-condicionado para o banco traseiro, carregador de smartphone por indução, câmera de ré, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, faróis principais e de neblina fullLEDs, farol-alto automático, 4 entradas USB, bancos em couro, banco do motorista com ajustes elétricos, retrovisores externos com rebatimento elétrico, estribo lateral e sensor de chuva.

Há também partida remota do motor com agendamento, seletor de modos de condução (Normal, Eco, Rebocar, Escorregadio, Lama e Areia), comandos por voz, freio de estacionamento eletrônico, Start-Stop, alerta de colisão com frenagem automática e detecção de pedestres, frenagem pós-colisão, reconhecimento de sinais de trânsito, retrovisor interno fotocrômico e 7 airbags (frontais, laterais, cortinas e joelho para o motorista).

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Completam a lista os freios a disco nas 4 rodas, caçamba com iluminação e trava elétrica, rodas de 18" com pneus 255/65, bagageiro no teto, lanternas em LEDs, protetor de caçamba, central multimídia com tela de 12", ar-condicionado automático de duas zonas, chave presencial com partida remota e monitor de pressão dos pneus. Até aqui seu preço é R$ 319.990.

Os itens do pacote opcional Limited, que custam R$ 20.000, são rodas de 20" com pneus 265/55, painel de instrumentos de 12,4", piloto automático adaptativo com stop and go, câmeras 360º, alerta de tráfego cruzado em marcha ré com detecção de pedestres, monitor de ponto-cego, assistente de permanência e centralização em faixas, assistente de manobras evasivas e assistente de cruzamentos.

Vale a pena? Vale. A nova Ranger realmente chega para redefinir o segmento em todos os níveis. O pacote final que entrega vai além do que todas as outras oferecem, sem contar a sensação de modernidade que o ambiente interno te proporciona. Arrisco a dizer que ao considerar a versão Limited, faz muito sentido adicionar o pacote opcional, o qual adiciona itens importantes, mas o qual vai te encantar todos os dias será o painel digital. Depois da Ranger, as concorrentes vão ter que evoluir bastante. Agora, a Ranger é a nova referência.

Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)

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