Desde que foi lançado em 2020, o Chevrolet Tracker passou por uma fase difícil. Começou com a pandemia que limitou suas vendas com as concessionárias fechadas. Depois, longos meses sem produção pela falta de componentes. Não que 2022 tenha sido fácil, mas ao menos ele fechou o ano como o SUV compacto mais vendido do Brasil, desbancando o VW T-Cross nessa briga particular.
O Chevrolet Tracker Premier 1.2 turbo é a única versão com este motor mais potente e que agora está na picape Montana. Tem um pacote de equipamentos completo, com direito a teto-solar panorâmico, alerta de ponto-cego, assistente de estacionamento e alerta de colisão com frenagem automática, e um preço até que competitivo entre os mais completo, pouco acima dos R$ 160 mil. Não é pouco, mas menos que muitos.
O Tracker nunca foi meu SUV compacto favorito. Principalmente por uma suspensão barulhenta e respostas estranhas do motor e câmbio, meu primeiro contato com ele logo em seu lançamento não me deixou com uma boa impressão. Pouco mais de dois anos depois, resolvi que era hora de ter um novo contato com ele.
Já tinha percebido isso no Onix e Onix Plus e não foi diferente com o Tracker. Mesmo que sem mudanças visuais, dá para perceber que o Tracker amadureceu e foi melhorado com o passar dos anos. Ainda não é meu SUV favorito, porém melhorou muito do que era em 2020. Neste ano, passou por mudanças no motor 1.2 turbo pelas novas normas de emissões e consumo.
Primeira percepção é que a Chevrolet melhorou a questão do turbolag do 1.2 turbo. A demora para acordar ficou bem mais sensível e muito melhor que o 1.0 turbo que está nas outras versões - por questão de impostos, a montadoras adotam o 1.0 mesmo em SUVs compactos, já não tão leves quanto hatches. A falta da injeção direta ainda cria um espaço de tempo entre acelerar e realmente perceber que o Tracker desenvolve velocidade, mas é melhor que os 1.0 turbo até da concorrência nesse ponto.
Fizemos o teste do Tracker 1.2 turbo com gasolina, como foi feito seu primeiro teste instrumentado em 2020, logo após o lançamento. Na comparação entre anos, temos uma melhora na aceleração: de 10,4 segundos para 9,3 segundos no 0 a 100 km/h, uma diferença considerável. Na arrancada, até os 60 km/h, uma melhora de 0,5 segundo, além de melhores retomadas. Veja a tabela abaixo a comparação:
Tracker 1.2T 2020 | Tracker 1.2T 2022 | |
0 a 60 km/h | 4,6 s | 4,1 s |
0 a 80 km/h | 7,1 s | 6,3 s |
0 a 100 km/h | 10,4 s | 9,3 s |
40 a 100 km/h | 7,8 s | 7,2 s |
80 a 120 km/h | 7,3 s | 6,7 s |
Consumo urbano (G) | 10,5 km/litro | 9,6 km/litro |
Consumo rodoviário (G) | 14,0 km/litro | 15,1 km/litro |
Não temos uma mudança de potência e torque: ainda são os 132/133 cv e 19,4/21,4 kgfm. A transmissão é automática de 6 marchas, mas é perceptível que está recalibrada, com menos trancos e reduções desnecessárias, aproveitando melhor o torque de baixa. Isso faz uma boa diferença no uso diário e nas retomadas, algo que na prática significa melhores ultrapassagens, por exemplo.
O Tracker 1.2 turbo perdeu o start/stop com o tempo. Isso e outros fatores da recalibração levaram o consumo de 10,5 km/litro para 9,6 km/litro com gasolina. Em compensação, essa agilidade que vimos nos números de teste nos deram um Tracker melhor na estrada, com menos reduções, e consumo foi de 14 km/litro para 15,1 km/litro, também com gasolina. A rotação baixa da 6ª marcha a 120 km/litro, abaixo das 2.500 rpm, ajudou bastante.
A engenharia também melhorou a suspensão do Tracker com o tempo. Batidas secas quase não existem e as borrachas de coxins e buchas parecem aguentar mais as pancadas do dia a dia sem reclamar que os primeiros desta geração. É um SUV bem confortável no uso, inclusive com uma direção elétrica que poderia ter mais peso em velocidades mais altas, mas longe de ser aquela caixa quase virtual que já vimos no passado em algumas marcas menos tradicionais.
Derivado do Onix, o Tracker acaba sendo um pouco "prejudicado" no acabamento. Usa bastante plástico rígido, como boa parte da sua concorrência, mas a aparência é simples para um carro deste nível. A versão Premier tenta melhorar isso com uma faixa em um material que imita couro no painel e com os bancos em um tom azul que divide opiniões. Como sinal de economia, as portas traseiras não possuem acabamento em couro, como as dianteiras.
Por outro lado, seus 2.570 mm de entre-eixos oferece um bom espaço interno, na frente e no banco traseiro. Ficou devendo uma saída de ar para a segunda fileira, que tem duas portas USB para recarga de smartphones. No porta-malas, 393 litros de capacidade, bom dentro do segmento, mas não o maior - o Creta, por exemplo, tem 422 litros. Até a posição de dirigir e o próprio banco para o motorista é bem melhor que o do Onix, por exemplo, e está dentro da média dos SUVs em conforto para longas distâncias.
Na hora de ir comprar seu Tracker Premier, cuidado. Além de existir o Premier com o 1.0 turbo, o 1.2 turbo tem alguns pacotes - o problema de fornecimento de componentes fez a Chevrolet distribuir o que era de série como opcionais. O 1.2 turbo é o único com o teto-solar panorâmico, o que já ajuda a identificar na compra.
O Premier 1.2 mais barato custa R$ 156.490 e já tem monitor de pressão dos pneus, painel com a tela de 3,5" colorida, faróis e lanternas em LEDs, carregador sem fio para smartphone, retrovisor interno fotocrômico, bancos em "couro", alerta de colisão com frenagem automática, 6 airbags, controles de tração e estabilidade, sistema multimídia com tela de 8" com Apple CarPlay por cabo, piloto automático, câmera de ré, alerta de ponto-cego, rodas de 17", sensor de luz, sensor de chuva e chave presencial, entre os principais.
Não tem Bluetooth e espelhamento Android Auto até a versão de R$ 158.990. Como testado, o Tracker 1.2 turbo Premier mais completo custa R$ 160.590 e adiciona o ar-condicionado automático, espelhamento sem fios para Apple CarPlay e Android Auto, sistema de estacionamento automático e sensores dianteiros, laterais e traseiros. Não é barato, mas é interessante se não quiser um 1.0 turbo como o Hyundai Creta Platinum (com teto-solar) de R$ 156.390, que não possui os assistentes de condução, o o VW T-Cross Comfortline 200TSi, de R$ 152.200 a R$ 161.770 se receber teto-solar e bancos em couro.
Em 2022, foram 70.806 unidades do Tracker vendidas, contra 65.341 do T-Cross e 62.651 do Creta. Como será essa briga em 2023? Com o Chevrolet mais maduro, tende a seguir assim, mas terá um T-Cross renovado em algum momento do próximo ano para esquentar isso. O Tracker mereceu isso, trabalhou pelo resultado, mas também está na hora de se renovar ou vai perder esse espaço...
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Chevrolet Tracker 1.2T (2022)
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