A conta é simples: para mandar Kicks pra Argentina, a Nissan precisa mandar Frontier para o Brasil. E como a marca quer ampliar as vendas e produção do SUV em Resende (RJ), a melhor forma é...ampliar a produção e vendas da sua picape no país vizinho. E como fazer isso? Melhorando a Frontier 2023 para ela ganhar mercado.
Produzida em Santa Isabel, em Córdoba, a nova Nissan Frontier 2023 traz o estilo que já conhecemos no exterior, mas vai bem além para nosso mercado. Recebe novas tecnologias de condução e segurança, reforços no chassi para melhorar a dirigibilidade e um visual mais imponente e moderno, sem perder pontos que já a faziam diferente, como a suspensão multilink na traseira e o motor 2.3 biturbo de 190 cv.
A Nissan Frontier 2023 é uma reestilização mais pesada na picape que não teve praticamente nenhuma mudança desde seu lançamento em 2016 - a produção começou na Argentina em 2018. Ela atinge o visual, a parte de segurança e até mesmo algumas alterações estruturais, algo esperado. A motorização 2.3 biturbo (e monoturbo com câmbio manual, que foi aos 163 cv) foi recalibrado para atender novas normas de emissões, assim como a entrada do Arla 32. São 190 cv e 45,9 kgfm quando ligado ao câmbio automático de 7 marchas e tração 4x4.
Visualmente, a dianteira ganha uma nova identidade, inspirada na irmã maior Titan. Ficou mais alta, com uma grade mais imponente e faróis bem mais integrados com o design. Nas versões mais caras, um conjunto com 4 projetores de LEDs e luzes diurnas em LEDs, faróis de neblina em LEDs e lanternas com assinatura em...LEDs. Cria um perfil mais robusto e, na Pro-4X, apliques nas caixas de rodas reforçam a sensação.
A traseira recebe uma nova tampa, amortecida, e a caçamba fica 48 mm mais alta, resultando em 10,5% maior volume, ou 1.054 litros - em capacidade, a Pro-4X leva até 1.030 kg. Tudo isso sobre um chassi que recebeu pontos de reforço para reduzir a torção, além de freios a disco na traseira, até então algo exclusivo no segmento da VW Amarok V6.
O interior teve mudanças mais leves. O painel de instrumentos recebe uma tela de 7" de alta definição, ao lado dos mostradores analógicos, um novo volante inspirado no utilizado pelo Kicks e Versa, mas sem a base achatada, seletor de modos de condução (Tow, Standard, Sport e Off Road) e detalhes nos bancos no caso da versão aventureira. O sistema multimídia segue com 8" e espelhamento com fios.
Em segurança, 6 airbags em todas as versões, alerta de colisão com frenagem automática, alerta de saída de faixa (aviso sonoro), alerta de tráfego cruzado, monitor de ponto-cego com ação nos freios, alerta de atenção e farol-alto automático. É um pacote completo, mas ainda deve o piloto automático adaptativo diante de alguns concorrentes diretos.
Como não é uma mudança de geração, a Frontier segue com suas qualidades e ainda alguns defeitos que não conseguiram ser resolvidos sem uma modificação mais profunda. Não nego que já gostava bastante da picape, até mesmo que algumas concorrentes diretas que vendem mais, justamente pelo conjunto.
Diferente do exterior, o interior teve poucas mudanças. Temos uma picape bem diferente por fora, mas que por dentro ficou devendo. Por exemplo, o volante moderno não conversa com o restante, principalmente o dashboard, em um plástico rígido mais simples. Merecia ao menos alguma mudança de acabamento, como alguma cor ou textura, já que a sua proposta é subir no conceito do cliente. A não ser as peças citadas, nada muda.
Por outro lado, os bancos são confortáveis. Peca ao não trazer a regulagem de profundidade da coluna de direção, que dificulta achar uma boa posição entre pernas e braços – não são todas as suas concorrentes que possuem, mas a Frontier me deu uma sensação que poderia ser mais justamente pelas demais evoluções. Por outro lado, mesmo assim sua posição é melhor que a da Chevrolet S10, outra que não possui o ajuste da coluna.
O motivo para começar pelos defeitos? O fato de já gostar da Frontier e esperar mais, mas ela mudou outros pontos interessantes. Por exemplo, a suspensão foi recalibrada e, pelo conjunto multilink na traseira, pula muito menos que uma picape com feixe de molas, apesar de ainda não ser o comportamento de um SUV, por exemplo, por ser projetada para levar 1 tonelada de carga. A dirigibilidade em velocidades mais altas ainda não tivemos a oportunidade de ver se mudou, mas faremos em breve.
No fora-de-estrada, segura bastante os impactos e tem um bom controle mesmo em pisos mais escorregadios, com a ajuda da tração 4x4 com a reduzida e, no caso da Pro-4X, bloqueio do diferencial traseiro e os pneus de uso misto - em um momento, usei uma Platinum sem os pneus e escorregava bem mais. Detalhes, mas que fazem a diferença.
O motor 2.3 biturbo acorda cedo, mas não tem muito fôlego em altas rotações. Seus 190 cv são corajosos e conversam bem com o câmbio, que ajuda a acordar a picape. Como nosso uso foi praticamente todo no fora-de-estrada, muita coisa ainda será observada, mas aparenta não ter mudado do que era, e era bom. O bloqueio do diferencial traseiro foi importante, mas é algo apenas da Pro-4X, uma falha para um carro que será usado no fora-de-estrada em todas as versões, dependendo do cliente. A Frontier dá um passo acima em qualidade de rodagem, e segurança, mas bem que poderia ser um pouco mais. Nos resta ver uma nova geração.
Esta Nissan Frontier Pro-4X irá ficar lado a lado com a Platinum no topo da gama da Frontier. Custa R$ 314.590 com esse pacote completo de equipamentos, incluso o exclusivo teto-solar, todos os assistentes de segurança e o kit visual. É mais barata que as topo da Toyota Hilux, Ford Ranger e a VW Amarok e seu V6. É mais cara que a Chevrolet S10 e Mitsubishi L200 Triton Sport, ficando "na média" do segmento.
Pelas mudanças e pelo comportamento de mercado no ano passado, a Nissan Frontier tem credenciais para crescer no segmento. A marca quer reforçar sua atuação principalmente no pós-venda para ajudar a alavancar, mas sabemos que o domínio Chevrolet e Toyota ainda deve durar muito justamente pelas marcas e rede de concessionárias. Para brigar no pelotão do meio, a Frontier 2023 está pronta. E vai ajudar até o Kicks...
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