Em setembro do ano passado, tive a oportunidade de andar na então recém-lançada Honda Bros 160 2022. Foi um trajeto mesclando pistas de areia batida, praia e asfalto, afinal a moto ganhou alguns equipamentos extras para assumir o seu papel no mundo real: ser a CG rural.
Agora, passamos mais tempo com a moto na cidade. Usei a oportunidade para ver se, mesmo sendo voltada para o campo, a nova Bros ainda era uma boa opção para quem vai passar mais tempo no asfalto e se ela conseguiu ampliar o papel que a Honda lhe conferiu. Custando R$ 15.330 (sem frete), sua única rival direta mesmo é a Yamaha Crosser 150 Z, que sai por R$ 16.390 (sem frete).
Compartilhando o motor com a CG 160, a Honda Bros 160 trilhou um caminho similar para sua linha 2022. Vale lembrar que, enquanto a CG é vendida em 4 versões, a Bros tem opção única, fazendo dela a configuração mais vendida da marca no mercado nacional.
Entre as alterações, a Honda NXR 160 Bros 2022 teve duas adições principais. Uma delas foi a inclusão de protetores para as bengalas, os famosos "guarda pó". A solução já era encontrada na rival da Yamaha e vai de encontro com a proposta mais aventureira da Bros. A outra foi a troca da capa do banco, que recebeu um material de maior aderência.
Visualmente, a moto ganhou uma nova peça envolvendo o farol, enquanto as aletas nas laterais do tanque foram redesenhadas para abrigarem passagens de ar funcionais. No geral, a moto passou das linhas com mais curvas para um visual mais marcado, angulado e robusto.
Toda a parte ciclística e mecânica da moto foi mantida. Permanece o monocilíndrico flex de 162,7 cm³ com arrefecimento a ar. Ele é capaz de entregar até 14,7 cv de potência a 8.500 rpm e 1,6 kgfm de torque a 5.500 rpm quando abastecida com etanol. Com gasolina, respectivamente, são 14,5 cv e 1,46 kgfm com pico nas mesmas rotações. O câmbio segue sendo mecânico de 5 marchas com transmissão final por corrente.
Outro elemento que se manteve, mas não de forma positiva, foi a lista de equipamentos bem enxuta. A moto conta com painel de instrumentos digital com iluminação blackout, partida elétrica e bagageiro integrado às alças do garupa com reforço para instalação de bauleto. Dentro da Honda, quem quiser computador de bordo, ABS e conta-giros precisa pular para a XRE 190, que custa R$ 17.480 sem frete. Na Yamaha Crosser 150, que é mais barata na prática, ABS e conta-giros são de série.
Antes de falar sobre a Bros em si, preciso dar um pouco de contexto: quando peguei a moto, estava vindo de uma sequência de scooters. Já saindo do prédio da Honda, ficou bem perceptível a diferença que a suspensão mais macia e de curso longo pode fazer - e minha coluna agradeceu. Em minha cabeça já sabia que a Honda Bros 2022 era muito boa fora do asfalto. Mas, para a suspensão, nossas ruas e um campo de guerra não muito diferentes. Então, os 180 mm de curso do garfo dianteiro e os 150 mm de curso na balança traseira são mais que bem-vindos na cidade também.
Optar por uma Bros para uso urbano cai no mesmo raciocínio que de quem compra um SUV para a cidade. Você não fez a escolha pela capacidade off-road, você está de olho no conforto e paz de espírito que uma suspensão mais robusta pode oferecer na buraqueira do dia-a-dia. E nisso, a pequena aventureira da Honda se sobressai lindamente. Foi uma semana de esquecer dos buracos e passar lombadas e valetas sem nem diminuir a velocidade.
Mas o ambiente urbano mais tranquilo acaba dando mais tempo para a cabeça inquieta deste que vos escreve pensar demais. Lá pelo terceiro dia, percebi que o painel tem marcador de combustível, odômetro total, parcial, relógio e só. Tanto que não tenho a menor ideia de consumo. Abastecida com gasolina, a única coisa que posso afirmar que é que rodei 210 km com pouco mais de meio tanque, que tem 12 litros na Bros.
Eu entendo que "o que não tem, não quebra" e que, quanto mais simples, mais barata a manutenção, mas sabendo que a concorrência traz tais equipamentos por um preço menor é para ficar com a pulga atrás da orelha mesmo. No demais, a montagem da moto é impecável, enquanto a qualidade dos materiais plásticos está de acordo com o segmento.
Continuei utilizando a moto na cidade e seus atributos continuam os mesmos, com o motor 160 da Honda entregando mais torque em baixa na Bros que na CG. No vai e vem do trânsito nos grandes centros, ela tem uma tocada gostosa e tranquila. Exceto pelas rotações extremamente altas ou baixas, não da para perceber vibrações.
Os freios continuam competentes, tendo acionamento combinado para os dois discos, mas permaneci atento principalmente em dias de chuva por conta da falta do ABS. Com guidão largo e alto, ela tem uma boa agilidade nos corredores e é fácil de manobrar, pois pesa apenas 122 kg a seco.
Falando em ergonomia, a posição de condução da Bros é impecável, com os braços relaxados, coluna ereta e pernas pouco flexionadas. Mas o banco, agora mais aderente, cansa em percursos mais longos, da mesma forma que havia percebido no lançamento da moto. No entanto uma coisa mudou. Quando avaliei a Bros no ano passado, a moto tinha menos de 200 km e, naquele dia, não conseguiu passar dos 110 km/h. Agora, em uma unidade com mais de 2.000 km, o período de "amaciamento" fez diferença. Consegui chegar aos 120 km/h regulamentares da estada, mesmo que com um pouquinho de paciência.
Se fosse meu dinheiro, a Bros já seria minha escolha urbana sobre qualquer scooter, mesmo as de proposta aventureira. A falta de porta-trecos se resolve com um baú e trocar marchas para mim não é problema. Além disso, todo o preparo da moto para o campo faz dela um "SUV compacto de duas rodas" basicamente.
A questão é que, na prática, a Honda Bros 2022 sai mais cara que a Yamaha Crosser 150 Z, que ainda é mais equipada. Entendo que nos rincões do Brasil, a rede de lojas da Honda é maior e, algumas vezes não há essa opção. Mas se houver, ande nas duas antes de fazer sua escolha.
MOTOR |
Monocilíndrico, flex, 162,7 cm³, arrefecimento a ar |
POTÊNCIA/TORQUE |
14,7 cv @ 8.500 rpm; 1,60 kgfm @ 5.500 rpm (etanol) |
TRANSMISSÃO |
5 velocidades, transmissão final por corrente |
SUSPENSÃO |
Garfo telescópico, 180 mm de curso; Balança monoamortecida, regulagem de pré-carga, 150 mm de curso |
CHASSI |
Berço semi-duplo |
RODAS |
Aço, raiadas, 19" na dianteira e 17” na traseira |
FREIOS |
Disco, 240 mm de diâmetro; disco, 220 mm de diâmetro |
PESO A SECO |
122 kg |
DIMENSÕES |
comprimento 2.067 mm, largura 810 mm, altura do assento 836 mm, entre-eixos 1.356 mm; |
CAPACIDADES |
tanque 12 litros |
PREÇO |
R$ 15.330 sem frete |
RECOMENDADO PARA VOCÊ
Honda lança a nova PCX 160 2025; veja os preços e o que muda
Jaguar revela novo logotipo e sinaliza como será 'recomeço elétrico'
CG 160 2025 marca 30 milhões de motos Honda fabricadas no Brasil
Black Friday GM: Onix e Tracker têm R$ 13 mil de desconto e taxa 0%
Nova Honda CG 160 2025: preços, equipamentos e o que mudou
"Vinte porcento das pessoas que experimentam a Amarok a compram"
Honda CG 160 2025 chega em outubro com LED e ABS; veja o que sabemos