Avaliação Toyota Corolla GR-S 2022: tradição com estilo
Versão "esportivada" do sedã médio tem visual exclusivo, mas deixa de oferecer equipamentos da Altis Premium mesmo custando mais caro
Ao longo de seus 55 anos de história, o Toyota Corolla teve diversas facetas, de esportivo barato a sedã tradicional – receita mais popular que dura até hoje. No Brasil, desembarcou em 1992, quando abriram as importações, e desde então ganhou o estigma de "careta" por seu visual sóbrio e comportamento dinâmico neutro e voltado ao conforto. No começo deste ano, estreou uma versão de apelo esportivo: Corolla GR-S 2022!
Com visual bem mais esportivo que as demais, o Corolla GR-S 2022 traz um pacote exclusivo assinado pela divisão esportiva da Toyota, a Gazoo Racing. Foi apresentado em novembro do ano passado no Autódromo de Interlagos, mas começou a ser vendido no primeiro bimestre de 2021 trazendo basicamente a mesma receita aplicada na antiga Hilux GR Sport, um estilo esportivo sem alterações no motor. Estamos falando aqui de um tradicional “esportivado”, embora o Corolla GR-S tenha uma suspensão mais firme.
O que é?
O Corolla GR-S se difere bastante das versões comuns, o que ajuda o sedã a chamar a atenção mesmo que o desenho base seja conhecido desde 2019. O pacote exclusivo é formado pelo para-choque dianteiro com desenho diferente das outras configurações, que se destaca com uma entrada de ar maior pintada de preta – mesma tonalidade usada na grade frontal integrada. Tem também fendas laterais verticais, com estilo diferente da versão normal.
Já de perfil, o Corolla GR-S parece mais baixo, mas isso é efeito da adição das saias laterais. Outra exclusividade desse Corolla menos conservador são as rodas de liga-leve de 17 polegadas, as mesmas da versão Altis, mas com acabamento diamantado na seção central. Na traseira o para-choque ganha um spoiler que imita um difusor, enquanto a tampa do porta-malas traz um discreto spoiler preto. Arremata o visual o teto e os retrovisores pintados de preto metálico.
Some ao pacote os emblemas GR nos para-lamas dianteiros e na traseira, um tom mais esportivo e até enganando os mais desavisados. Durante a avaliação nas ruas, no trânsito fui até perguntado se aqueles emblemas e o visual esportivo indicavam uma versão mais potente do Corolla. Uma prova que o sedã “esportivado” realmente teve uma receita acertada nessa geração, ao contrário do antigos Corolla S e Corolla XRS – que pareciam mais ser uma versão comum equipada com acessórios.
Como um bom esportivado, não há alterações no motor, o que significa que a versão GR-S traz o mesmo 2.0 aspirado com injeção direta que equipa todas as versões do sedã médio – inclusive sua configuração de entrada GLi, com os mesmos 177 cv a 6.600 rpm e 21,4 kgfm de torque a 4.400 rpm, sempre com uma transmissão do tipo CVT com simulação de 10 marchas, sendo que a 1ª marcha é mecânica.
Como é?
E se o sedã salta aos olhos com seu apelo esportivo sem exageros à primeira vista quando observado de fora, é ao abrir a porta do motorista que ele capricha nas boas impressões. O acabamento da cabine tem bons arremates e superfícies emborrachadas como no Corolla comum, mas é no revestimento interno escurecido com costuras vermelhas é que o Corolla GR-S se destaca.
Por dentro muitos detalhes em vermelho marcam presença: na borda dos tapetes, nas costuras do volante, painel central e das portas, e também na alavanca de câmbio. Mas o que se destaca e causa a impressão de se estar em um carro mais caro são os bancos com revestimento que misturam couro nas laterais e suede na porção central. Reforça a “aura esportiva” os tapetes e botão de partida com o logo GR Sport, além da plaqueta de identificação do número de produção do carro.
Mas há pontos que acabam contrastando com todo esse ambiente mais refinado, como o painel analógico com uma pequena tela do computador de bordo com apenas 4,2" – enquanto na versão Altis Premium 2.0 há uma tela de TFT colorida de 7”. Vale lembrar que, em preço, o Corolla GR-S fica posicionado acima da Altis Premium 2.0, portanto é a versão mais cara com motor a combustão.
Mesmo assim o Corolla “esportivado” é menos equipado e não traz itens presentes no Corolla Altis como como ar-condicionado automático digital de duas zonas (aqui apenas com uma), banco do motorista com ajuste elétrico e teto solar elétrico. Para compensar, traz carregador de celular por indução e todo o visual assinado pela Gazoo.
Assim como nas demais versões, a central multimídia com tela de 8" deixa a desejar. Oferece suporte aos requisitados sistemas de espelhamentos de smartphone Android Auto e Apple CarPlay, mas o sistema traz uma tela de resolução baixa e de pouca definição e não é dos mais intuitivos e rápidos do mercado.
Mas como ele é ao volante? O Corolla GR-S é praticamente o mesmo Corolla de sempre, com suavidade na rodagem e tocada mais neutra, embora o motor 2.0 de injeção direta e 177 cv dê mais agilidade do que o pacato conjunto híbrido. Como dissemos é o mesmo motor 2.0 aspirado da versão GLi, por exemplo, o que significa que não há nenhuma surpresa aqui, a não ser pela possibilidade de trocas manuais de marchas e o botão Sport.
Nas arrancadas e retomadas o ponteiro do conta-giros vai lá em cima, fazendo o motor “berrar” bastante (o botão Sport amplia isso) – característica auxiliada pelo câmbio CVT que costuma trabalhar dessa maneira nessas situações. Mas aqui vai um elogio: a transmissão CVT do Corolla continua sendo uma das melhores do mercado. Ele tem até aletas atrás do volante para trocas de marchas no modo manual, mas nada que vá lhe empolgar. Aqui é melhor deixar o CVT trabalhar sozinho, o que faz muito bem.
No geral, ainda existe a sensação que falta um pouco de torque no motor, mas nada que atrapalhe a convivência diária, basta não criar expectativas em cima do visual esportivo. No uso comum, o sedã roda suave e deslancha com facilidade para atingir velocidades de cruzeiro, seja nas avenidas a 60 km/h ou em rodovias a 120 km/h.
A única mudança mecânica que o Corolla GR-S ganhou foi a suspensão. O toque da divisão Gazoo Racing inclui molas e amortecedores mais firmes específicos, além de braços estruturais ligados ao chassi e defletores na parte inferior do carro. Na prática, o Corolla GR-S é um pouco mais firme que as versões normais, o que acaba contribuindo para uma discreta melhora na estabilidade – algo que será percebido mais em curvas do que no uso na cidade.
Vale lembrar que o conforto está presente e ainda é o foco do sedã, algo que cumpre com maestria, pois os bancos são muito confortáveis e não cansam, mesmo dirigindo por horas.
Quanto custa?
Usando a versão XEi como base, o Corolla GR-S é a versão mais cara equipada com o motor 2.0 aspirado, custando R$ 163.290. Na lista de equipamentos ele soma faróis full-LED, retrovisor interno fotocrômico, câmera de ré com linhas guia, central multimídia Toyota Play com tela de 8” e suporte a Apple CarPlay e Android Auto, rodas de 17" com acabamento exclusivo, retrovisores com rebatimento elétrico automático, faróis com acendimento e ajuste de altura automático e chave presencial.
O pacote de segurança agrega controles de estabilidade e tração, 7 airbags, farol alto automático, piloto automático adaptativo, alerta de colisão com sistema de frenagem autônoma e alerta de saída de faixa com correção no volante.
Em resumo, o Corolla GR-S é aquela versão para você sair da manada de carros pratas do trânsito e ter algo mais exclusivo. Para isso, além do visual esportivo composto pelo para-dianteiro exclusivo e spoilers, ele conta com três opções de cores: Branco Lunar (perolizada) e Vermelho Granada (metálica) combinadas ao teto preto, além de Preto Eclipse.
Mas se você não faz questão de um sedã “esportivado” de R$ 163.290, o Corolla Altis Premium traz o mesmo motor 2.0 de 177 cv e vem equipado com mais mimos que fazem jus ao preço do carro. E ainda custa R$ 1.100 a menos (R$ 162.190). Num sedã médio que é conhecido pela racionalidade, a emoção do Corolla GR-S vai ficar mesmo para o comprador.
Fotos: Diego Dias
Toyota Corolla GR-S
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