Em todo lançamento, as montadoras começam direto pela sobremesa. Não foi diferente com o Taos, mostrado inicialmente na versão completona, a Highline incrementada com o pacote Launch Edition, que chegou trazendo tudo que tem direito e uma etiqueta com o preço de R$ 192.470. Mas existe vida para o novo SUV da Volkswagen aos que dispensam (ou ainda não podem pagar) pelos equipamentos mais chamativos. Estamos falando do Taos Comfortline que custa R$ 154.900. Será que faz sentido?
Por este preço, o Taos Comfortline vem com bancos em tecido, talvez a maior crítica desta versão. Para resolver essa questão é necessário adicionar o pacote Conforto por R$ 5.420, o qual adiciona revestimentos dos bancos parcialmente em couro e os bancos dianteiros com aquecimento e ajustes elétricos para o motorista e de altura manual para o passageiro. Resultado: R$ 160.410 pelo nosso carro testado, ou seja, mais de R$ 30 mil a menos que o Taos completão.
Pensando no salto de um dono de T-Cross de qualquer versão para o Taos Comfortline, o benefício é grande. Além do espaço, terá sempre o motor 250 TSI, o mesmo 1.4 Turbo Flex da versão mais equipada do irmão menor, chave presencial para abertura e ignição por botão, 6 airbags, direção elétrica, central multimídia VW Play com Apple Carplay wireless e Android Auto via cabo, carregamento de celular por indução e ar-condicionado de 2 zonas com saída para os bancos traseiros.
Um pouco além, há o assistente para partida em rampa, controle eletrônico de estabilidade (ESC) e de tração (ASR), câmera traseira, detector de fadiga, 3 entradas USB tipo C, retrovisor interno antiofuscante automático, freio de estacionamento elétrico, indicador de controle de pressão dos pneus e piloto automático tradicional.
Diferente do que você já viu no Taos Highline, o Comfortline traz um novo painel de instrumentos digital com tela de 8" que já começou a se espalhar pelas linhas 2022 do Nivus e T-Cross. Inicialmente achei o seu visual genérico demais e com pouca sintonia ao padrão Volkswagen que conhecemos da Active Info Display.
Entrega boa leitura e principais informações? Sim, mas as duas opções de visualização que incluem conta-giros destoa muito do refinamento encontrado ao lado na VW Play. Uma terceira opção, que mostra só a velocidade, ameniza a situação e tenta se conectar com os desenhos nas laterais.
Também perde a cereja do bolo: os faróis IQ.LED com a grade iluminada. Faz falta? Nenhuma. Embora não seja o mais sofisticado da VW, os faróis desta versão também são em LED e oferecem excelente iluminação à noite. Também estão presentes como itens de série a luz de condução diurna e as lanternas traseiras em LED. Quem quiser um pouco mais pode incluir o pacote segurança por R$ 4.790, o que adiciona o "ACC" (controle adaptativo de velocidade e distância), a frenagem autônoma de emergência e o detector de pedestre.
Obviamente a ausência do LED na grade é a mudança mais significativa no visual. As rodas mantém o mesmo aro, 18", mas sem acabamento escurecido, e o rack longitudinal na cor preta não prejudicam o estilo.
Consumidores da Volkswagen já estão acostumados a terem mais dinâmica que os rivais. Também estão acostumados com motores turbo, presentes desde desde a base no finado up! TSI até o topo da cadeia alimentar, com Jetta GLI ou Tiguan 350 TSI. Quem estava no meio do caminho com o T-Cross, encontra o Taos Comfortline tudo que precisa dar um próximo passo com a dirigibilidade esperada, mais espaço e um pacote de equipamentos que faz sentido.
Pesando 1.420 kg, o Taos se beneficia muito da plataforma MQB e da engenharia alemã. Com o único motor disponível, 1.4 TSI, é um SUV que demonstra boa agilidade no trânsito. Em nossos testes, precisou de 4,3 segundos para arrancar de 0 a 60 km/h, ou na métrica mais tradicional, 9,3 s da imobilidade até 100 km/h. Para se ter uma ideia do feito, o seu irmão T-Cross ligeiramente mais leve e com o mesmo motor precisou de 9,1 s em nossos testes para chegar aos 100 km/h.
Da mesma forma que anda bem, freia bem. Equipado com discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, foram precisos 37,9 m para ir de 100 km/h a 0. Novamente, ao resgatarmos o desempenho do T-Cross 1.4 TSI em nossos testes vemos que o SUV compacto precisou 36,7 m.
Com exceção das opções de revestimento e do tamanho do painel digital, o Taos Comfortline entrega o mesmo acabamento do Highline. Painel usa plástico rígido em toda sua extensão e uma parte é revestida em couro, sem pontos emborrachados.
Talvez para quem venha do T-Cross, o console central, também feito de plástico rígido e com dois-portas fixos seja normal. O problema é que o Taos também chega para atender, de certa forma, quem ficou órfão do Golf. Neste caso, fica clara a percepção de como tudo ficou mais simples, sem aquele cuidado de ter um porta-copos com prendedores internos (com molas) ou ainda uma tampa retrátil para cobri-los. Isso sem falar no material emborrachado que nem deu as caras.
Aqui não é nem questão de "gostar de apertar o painel", mas de sensação de valor. Estamos falando de um SUV, porte médio, preço na casa dos R$ 160 mil... a expectativa é diferente do que a esperada no Polo, Nivus e T-Cross. Merecia mais cuidado, ainda mais que precisa brigar com o Jeep Compass, que querendo ou não, consegue entregar a muitos um ar de "marca premium".
Quem está de olho no Taos encontrará na versão Comfortline tudo que precisa para ser bem atendido em termos de equipamento. Se está saindo de um T-Cross, terá a sensação de que está subindo de nível em quase todos os aspectos e ainda levará para casa a dinâmica e agilidade de condução que está acostumado.
Mesmo adicionando o pacote conforto, para ter os bancos com revestimento em couro, o preço final ainda ficará bem distante da versão topo de linha. Grade iluminada e teto solar são itens que acabam não fazendo diferença, logo, podem ser deixados em segundo plano se o objetivo é fechar a conta.
No fim, acabamento e o novo painel digital de 8" acabam destoando um pouco da faixa de preço que ele está inserido, mas o restante do pacote é muito bom e tem credenciais suficientes para brigar com o Compass de entrada. Para quem vai subir do T-Cross, é o próximo passo que vai atender bem que gosta de uma boa dinâmica.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
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VW Taos Comfortline 1.4T
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