O Renault Captur nunca teve um conjunto mecânico que realmente pudesse ser chamado de "muito bom". Com o motor 2.0 aspirado, tinha até 148 cv e 20,9 kgfm de torque, com um nada eficiente câmbio automático de 4 marchas. Com o câmbio CVT, mais moderno, a questão era o motor 1.6 aspirado com até 120 cv e 16,2 kgfm, pouco para o porte e proposta do SUV. E para ambos, o consumo era um real problema.
O Renault Captur 2022 é uma promessa. O visual mudou pouco, mas seu coração finalmente se alinhou ao mercado. É o primeiro Renault nacional que adotou o esperado motor 1.3 turbo projetado em parceria com a Mercedes-Benz e que já estava disponível nos modelos da empresa alemã, como o Classe A Sedan, GLB e GLA. Algumas mudanças foram feitas para ele ser flex, mas por enquanto a produção segue na Espanha.
Além de levar o novo Captur com seu novo motor para nossos testes e ver o quanto ele melhorou na comparação com os anteriores, a versão Intense é a intermediária da linha. Não tem alguns dos equipamentos que o destacaram no lançamento, como os faróis full-LED, as câmeras 360º ou o sistema de som Bose, mas oferece um pacote essencial para o uso.
O Renault Captur Intense ocupa a posição intermediária na linha, custando R$ 129.490. Por fora, perde os faróis full-LED e tem as mesmas peças utilizadas antes da reestilização, com iluminação halógena e projetores. De fato, é mais difícil perceber que o SUV passou por uma reestilização nesta versão, mas ainda há a nova grade, novo para-choque e faróis de neblina em LEDs, acompanhados das luzes diurnas também em LEDs. Na traseira, como na Iconic, muda a régua acima da placa e o logo TCe na tampa. As rodas são de 17" com um novo desenho - o mesmo do Duster.
Por dentro, o Renault Captur 2022 melhorou alguns pontos. O acabamento, por exemplo, recebeu material melhor na parte superior do painel e manteve os grandes bancos. O sistema multimídia tem tela de 8" com espelhamento de smartphones via Apple CarPlay e Android Auto, mas ainda precisa de fios, este bastante exposto plugado diretamente no aparelho. Os bancos são em couro preto, enquanto o Iconic aposta na cor da moda, o marrom.
O Captur chama a atenção pela posição elevada de dirigir. Mesmo com o banco na regulagem mais baixa, ele deixa o motorista bastante alto e com as pernas em uma posição "cadeirinha", algo que deve agradar quem busca essa característica tão forte de um SUV. Na linha 2022, a coluna de direção recebeu a regulagem de altura e profundidade, o que melhorou (e muito) achar a melhor posição para o motorista.
Ainda na parte de equipamentos, o SUV tem os controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampas, chave presencial com partida por botão, ar-condicionado automático, sensor de estacionamento traseiro, câmera de ré, piloto automático, volante multifuncional em couro, faróis automáticos, sensor de chuva e saídas USB para o banco traseiro. São 4 airbags (frontais e laterais), um dos pontos que ele fica devendo diante de boa parte de sua concorrência, com 6 bolsas.
Apesar da leve plástica, o Renault Captur 2022 ganha espaço e importância no nosso mercado ao mudar partes técnicas. O SUV é o primeiro modelo da marca francesa a receber o motor 1.3 turbo, desenvolvido em parceria com a alemã Mercedes-Benz. Onde entra a Espanha? Enquanto a sua produção não começa em São José dos Pinhais (PR), ele vem importado de lá com algumas alterações para o uso do etanol.
Este motor, chamado de HR13DDT na Renault, é praticamente o mesmo que a Mercedes-Benz utiliza em alguns de seus modelos, codificado M282. Na comparação com o usado na marca alemã, perde a desativação de cilindros, mas tem mais potência e torque. Se o Mercedes-Benz tem 163 cv e 25,7 kgfm de torque, o Renault chega aos 170 cv e 27,5 kgfm de torque, com etanol, e 162 cv com o mesmo torque quando abastecido com gasolina. Há injeção direta, turbo, duplo comando com variador e revestimento nos cilindros para reduzir o atrito, e o start stop.
Outra mudança foi feita na transmissão. O Renault Captur adota um novo CVT, agora com simulação de 8 marchas, e mais resistente ao torque extra do novo motor - nos Mercedes-Benz, é uma caixa de dupla embreagem. E apesar de manter a mesma plataforma B0, o Captur recebeu recalibração em suspensão e freios, além da esperada direção elétrica.
E isso mudou o Captur o suficiente para apagar ao menos em partes seus defeitos anteriores. Mesmo modo Eco, o SUV desenvolve velocidade em baixas rotações, onde o CVT aponta sua maior parte de trabalho, com suavidade e silêncio. Isso não existia nem com o motor 1.6 nem com o 2.0, já que ambos precisavam de mais rotação para ter torque, junto das melhorias em isolamento acústico dessa nova versão. Quando desligamos o Eco, o Captur se destaca pelo desempenho. Como comparação, montamos uma tabela mostrando alguns resultados dos testes feitos com o Captur 2.0 AT4, 1.6 CVT e o novo 1.3T CVT, sempre com etanol.
CAPTUR 2.0 AT4 | CAPTUR 1.6 CVT | CAPTUR 1.3T CVT | |
0 a 60 km/h | 5,4 s | 6,2 s | 4,1 s |
0 a 80 km/h | 8,5 s | 9,6 s | 6,3 s |
0 a 100 km/h | 12,0 s | 14,2 s | 9,2 s |
40 a 100 km/h (em D) | 10,3 s | 10,6 s | 6,5 s |
80 a 120 km/h (em D) | 8,5 s | 11,3 s | 6,2 s |
Consumo cidade | 6,5 km/litro | 7,1 km/litro | 8,0 km/litro |
Consumo estrada | 10,0 km/litro | 10,0 km/litro | 8,8 km/litro |
Nos números de aceleração e retomadas, temos uma boa diferença entre eles. O 1.3 turbo, por exemplo, chega aos 80 km/h quase no mesmo tempo do 1.6 a 60 km/h. As retomadas, importantes em viagens, por exemplo, mostram a evolução tanto no motor quanto nas respostas da transmissão e sua simulação de 8 marchas. O consumo na cidade também melhora consideravelmente, um dos resultados do trabalho de força em baixas rotações.
Já na estrada, o Captur mostra o peso da idade da plataforma. Com bastante força, acompanha o ritmo de viagem mesmo carregado, porém a suspensão voltada ao conforto balança bastante a carroceria em velocidades mais altas e algumas curvas e o barulho de vento passando pela carroceria chama a atenção. A direção elétrica tem bom peso e comunicação e atende a proposta. O consumo é um ponto de crítica, pior até mesmo que com os motores anteriores, apesar da força sempre disponível. Com 8,8 km/litro, está longe de se destacar.
O Renault Captur navega entre os SUVs compactos e os médios em dimensões. Com 4.376 mm de comprimento, é maior que o Chevrolet Tracker (4.270 mm) e VW T-Cross (4.199 mm), mas ainda menor que o Jeep Compass (4.461 mm), por exemplo. Tem a mesma medida de seu irmão, o Duster, que também fica nessa turma.
Quando vamos aos entre-eixos, o Captur (2.673 mm) segue na vantagem, mas neste caso até mesmo diante do Compass (2.636 mm), mesmo que por pouco. Tracker (2.570) e T-Cross (2.651) acomodam bem os ocupantes, porém o Renault oferece bancos maiores e espaço similar. A grande diferença aparece no porta-malas, com 437 litros no Captur, ante os 393 litros do Chevrolet e 373 litros do Volkswagen. O Duster é maior, com 475 litros.
Na hora da compra, o Renault Captur Intense (R$ 129.490) custa quase o mesmo que o VW T-Cross Comfortline 1.0 TSI (R$ 129.290), mais caro que o Tracker Premier 1.0T (R$ 122.850) e mais barato que o Premier 1.2T (R$ 131.430). Sim, ele tem mais motor que todos eles, porém como já falamos, menos equipamentos.
Além disso, o Captur sente o peso da idade na sua plataforma e ainda no interior - o painel de instrumentos com tela simples contrasta com telas de alta resolução de alguns SUVs mais novos e na mesma faixa de preços. Também fica devendo mais itens de segurança, como mais airbags e alerta de colisão com frenagem automática.
Especificamente, o Captur Intense 2022 é uma opção na mesma faixa dos concorrentes com motores menores. Tem bom desempenho, espaço interno e porte e um pacote de equipamentos essenciais - é a que mais vale a pena dentro da sua linha. Melhorou muito sobre o que era, principalmente a parte mecânica, e manteve boas qualidades - e alguns defeitos pela base que já precisa de novidades, como aconteceu com o Duster em 2020.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
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Renault Captur Intense 1.3 turbo 2022
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