Comparativo Audi Q7 S-Line vs Volvo XC90 Inscription: exigências da alta sociedade
Por mais de R$ 500 mil cada, SUVs oferecem o que há de mais moderno em conforto e condução
Há quase 2 décadas, Volvo XC90 e Audi Q7 se enfrentam ao redor do mundo, sendo a atual geração de ambos datadas de 2015, sempre com muito em comum. Os SUVs grandes de luxo estão lotados de tecnologias de condução e conectividade, com tipos diferentes de eletrificação para chegar a mais de 300 cv e levam até 7 passageiros com muito conforto e requinte esperado de modelos do segmento.
Em 2020, o XC90 foi o mais vendido da categoria, com 886 unidades emplacadas. Ao mesmo tempo, o Audi Q7 se renovou e evoluiu consideravelmente do que oferecia até então e se tornou um oponente de peso ao Volvo em diversos aspectos sem perder as características de um modelo alemão. Prontos para uma briga de mais de R$ 1 milhão?
Novos tempos, novas tecnologias
O Volvo XC90 chegou poucos meses depois da sua apresentação ao Brasil, ainda em 2015. Além de ter sido o primeiro Volvo em uma nova fase da marca sueca após a compra pela Geely, logo ganhou destaque por seus assistentes de condução que complementavam o tão famoso nível de segurança da empresa.
E mantém muito disso até hoje, quase intocado. Da parte externa que teve apenas uma leve mudança ao interior com a tela vertical de 9" que foi um de seus maiores destaque em seu lançamento com o painel de instrumentos digital de 12,3", o XC90 Inscription coloca um padrão para o luxo do segmento - é um desafio achar alguma parte do acabamento em plástico rígido ou sem algum revestimento, que tem desde couro nobre, passando por alumínio e preto brilhante e terminando em madeira no acabamento e uma bela manopla de câmbio em cristal verdadeiro da Orrefors. Até mesmo a chave presencial é revestida em couro com botões em alumínio.
Não que o Audi Q7 não aposte em luxo, mas isso fica em segundo plano quando se observa o conceito de modernidade do interior. São 3 telas no painel, sendo uma pro painel de instrumentos, uma pro sistema multimídia e outra, logo abaixo, para controles de ar-condicionado e outros sistemas do carro. É perceptível um estilo mais esportivo, principalmente pelo volante de 3 raios com aletas para troca de marchas. Nos bancos, mistura de couro e Alcantara no pacote S-Line da versão testada reforçam esta sensação.
Porém o Q7 nunca teve a carga de tecnologias do XC90. Apenas com a reestilização que o SUV ficou mais "inteligente", com tecnologias que conhecemos anteriormente no Q8, seu irmão cupê. Em compensação, suas tecnologias dão um passo a mais que as da Volvo sendo de projetos mais recentes e atualizados, como o piloto automático adaptativo e o assistente de faixas.
Ambos possuem piloto automático adaptativo e assistente de faixa, com a capacidade de leitura e manter o carro nela. Mas apesar do Volvo ainda ter um sistema bastante eficiente, o da Audi aproveita mais seus radares e câmeras para ver o que acontece a sua volta. O Audi, por exemplo, consegue perceber uma movimentação a sua frente mais rápido e agir mais suavemente, assim como seu assistente de faixas vê o que acontece nas laterais e reduz a velocidade, por exemplo, se tiver um carro na faixa a sua esquerda. O Audi também tem a função "Traffic Jam", que não desativa o sistema em tráfego pesado.
Já o XC90 ainda guarda algumas armas. Possui o leitor de placas de sinalização, 7 airbags (6 no Audi), alerta de colisão traseira e alerta de tráfego cruzado - itens que o Audi possui como opcionais mesmo na versão S-Line -, e alerta de colisão frontal e traseiro (sendo o frontal com frenagem automática), também opcionais no Audi.
Eletrificados, sim. Da mesma forma, não
A partir de 2021, a Volvo vende apenas versões elétrica e híbridas de seus modelos. Não foi diferente com o XC90, agora disponível apenas com o conjunto híbrido de 407 cv e capacidade de recarga das baterias externamente (plug-in). A Audi, apesar de ter o elétrico e-tron em sua linha, não tem nada assim no catálogo, mas o Q7 não ficou totalmente fora da onda eletrificada.
Chamado de híbrido-leve, tem um motor elétrico de baixa potência no lugar do motor de arranque e alternador e auxilia o 3.0 V6 em algumas situações, alimentado por uma pequena bateria recarregada por ele mesmo e um sistema elétrico de 48 volts. É uma das maiores evoluções da reestilização, assim como o motor 3.0 V6 turbo no lugar do supercharger, com 340 cv e 51 kgfm de torque.
Se o XC90 tivesse apenas o motor 2.0 turbo/supercharger, sem o auxilio do motor elétrico no eixo traseiro, já faria uma briga interessante com o Q7. Sozinho, são 320 cv e 40,8 kgfm de torque, mas seu truque está nos 87 cv e 24,5 kgfm no eixo traseiro que, como todo elétrico, já coloca esses números no chão imediatamente. Em conjunto, são 407 cv e 65,3 kgfm de torque, apesar de poder rodar apenas com o elétrico por cerca de 35 km com uma carga completa nas baterias.
E essas diferenças nos dá a oportunidade de ver o comportamento dos 2 tipos de conjuntos propulsores e do perfil de cada marca. O Volvo coloca o motorista e seus ocupantes em um mundo projetado para ser confortável em praticamente todas as situações como poucos modelos conseguem fazer. Apenas com o motor elétrico em ação, não se ouve nem mesmo o que passa fora do carro, já que os vidros laminados seguram os ruídos e ainda contam com a ajuda de um sistema de cancelamento.
Não é nova a expressão "tapete voador sobre rodas", mas se encaixa bem ao XC90. Na versão Inscription, tem a suspensão a ar adaptativa que, por meio do seletor de modos de condução, pode levantar ou baixar a carroceria seja para ajudar a aerodinâmica ou diminuir a rolagem da carroceria ou ajudar em terrenos mais acidentados. Os modos de condução são: Constant AWD, Pure (apenas elétrico), Hybrid (onde ele trabalha os motores para a função mais eficiente entre eles), Individual, Power e Off Road. Posição de dirigir mais alta, bancos mais confortáveis, trocas de marchas suaves até mesmo no modo Power e uma direção leve jogam juntos nesse time.
O Audi Q7 não vai te deixar desconfortável, porém não nega ser um projeto alemão. A posição de dirigir é mais baixa, assim como os bancos são mais envolventes (e ainda há um pacote com bancos esportivos semi-concha) e toda a resposta do conjunto é mais rápida. Ele também tem um seletor de modos de condução (efficiency, comfort, auto, dynamic, individual, allroad e off road), mas naturalmente o Q7 é mais responsivo. Mesmo nos modos comfort ou efficiency, o acelerador responde rápido e a suspensão a ar (aqui um opcional) apresenta um pouco mais o que passa pelas rodas de 21".
Lado a lado, o Audi Q7 é mais prazeroso. O ronco do V6 não engana e até te provoca apesar dos mais de 5 metros de comprimento. No modo dynamic, as trocas de marchas deixam de ser suaves e se tornam bem perceptíveis e mais rápidas - ambos os SUVs usam caixas automáticas com 8 marchas. A suspensão segura mais a rolagem da carroceria, se perder muito o conforto em comparação com o Volvo, e a direção é mais comunicativa e direta. Como opcional, o eixo traseiro direcional tem uma boa colaboração nisso tudo.
Em números, a briga é boa. Com a ajuda do motor elétrico e sua resposta imediata, o XC90 acelera de 0 a 100 km/h 0,3 segundo mais rápido que o Q7, e as provas de retomada ficaram praticamente empatadas. Até mesmo a diferença na hora da frenagem está mais ligado a diferença de peso e largura dos pneus, apesar da resposta mais imediata no pedal do Audi Q7 - como todo híbrido, o XC90 usa um hidrovácuo elétrico, que ainda não tem a mesma velocidade de resposta de um tradicional.
Porém vale uma observação: apesar do Volvo XC90 ter um consumo urbano de 21,8 km/l (modo Hybrid), você só o conseguirá se tiver a disposição uma tomada para a recarga das baterias, seja em casa ou no trabalho. Sem isso, ele irá ficar muito próximo do Q7 e seus 7,5 km/l, que aproveita as câmeras para detectar o melhor momento para desligar o motor e deixar o híbrido-leve agir em desacelerações e velocidade de cruzeiro, por exemplo. Até mesmo o desligar do motor em paradas, por exemplo, passa pela decisão do sistema do carro.
Ao seu dispor
Depois de praticamente andarem sozinhos e oferecerem conforto como poucos, Audi Q7 e Volvo XC90 ainda tem tempo de mimar motorista e ocupantes. O Volvo tem sistema de som assinado pela Bowers&Wilkins que tem a capacidade de simular desde um estúdio até a sala de concertos de Gotemburgo. Para estacionar, ele pode fazer isso por você ou te mostrar com 4 câmeras o que passa em volta.
O Audi Q7 impressiona um pouco mais. Não tem o sistema de som tão refinado (de série, traz o Bose, mas tem o Bang & Olufsen como opcional de R$ 11.000), mas as câmeras de estacionamento tem o efeito 3D e mostram o carro e o que acontece em volta com a possibilidade de "dar a volta" pelo Q7 com os dedos. Na terceira fileira, apesar de nenhum deles ter um conforto exemplar, o Q7 tem acionamento elétrico, enquanto o Volvo ainda vai exigir braços, e não apenas dedos. Ar-condicionado de 4 zonas é item de série nos dois, mas só o Audi tem o espelhamento de smartphones sem fio e carregador por indução.
Vamos falar de valores? O Volvo XC90 Inscription Recharge custa R$ 504.950 e não tem opcionais, sendo vendido como mostrado aqui. O Audi Q7 S-Line parte de R$ 509.990, mas um carro como o testado aqui custa R$ 627.990 - head-up display, suspensão a ar adaptativa, faróis fullLED Matrix, eixo traseiro direcional, assistente de visão noturna e pacote com alerta de colisão frontal e traseira são alguns dos opcionais.
Alemão ou sueco?
Não a toa que Volvo XC90 e Audi Q7 brigam há quase 2 décadas. E hoje estão, mais do que nunca, páreos e são ótimas opções no segmento. Conforto, conectividade, eletrificação, bom desempenho, tecnologias de condução e de assistências, espaço interno e até mesmo uma certa capacidade fora-de-estrada leve mostram onde os SUVs premium conseguiram chegar.
Mesmo com seu pacote de tecnologias já precisando de uma leve atualização, o Volvo XC90 Inscription tem o melhor custo/benefício, além de ser o mais confortável e apostar na motorização híbrida como um de seus diferenciais. O Audi Q7 é um legítimo alemão, com uma condução bem mais afiada e com o que há de mais moderno em conectividade, assistentes de condução e mimos aos ocupantes, porém ainda depende diversos opcionais para se igualar ao Volvo e que disparam seu preço neste comparativo.
Fotos: Leo Fortunatti (Motor1.com)
Fichas técnicas
Audi Q7 S-Line | Volvo XC90 Recharge | |
MOTOR | dianteiro, longitudinal, 6 cilindros em V, 24 válvulas, 2.995 cm3, duas bancadas de comandos de válvulas com variador de fase, injeção direta, turbo, gasolina |
dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.969 cm³, comando duplo variável, injeção direta, turbo, supercharger, gasolina + motor elétrico no eixo traseiro |
POTÊNCIA/TORQUE | 340 cv de 5.000 a 6.400 rpm; 51 kgfm de 1.370 a 4.500 rpm | Combustão: 320 cv a 5.700 rpm; 40,8 kgfm a 2.200 rpm. Elétrico, 87 cv; 24,5 kgfm. Combinados, 407 cv; 65,3 kgfm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático de 8 marchas; tração integral | câmbio automático de 8 marchas; tração integral elétrica |
SUSPENSÃO | independente duplo A na dianteira e independente duplo A na traseira com bolsas pneumáticas | independente duplo A na dianteira e independente multilink na traseira com bolsas pneumáticas |
RODAS E PNEUS | liga-leve aro 21" com pneus 285/40 R21 | liga-leve aro 21" com pneus 275/40 R21 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e na traseira, com ABS e ESP | discos ventilados na dianteira e na traseira, com ABS e ESP |
PESO | 2.275 kg em ordem de marcha | 2.354 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 5.063 mm; largura 2.212 mm; altura 1.741 mm; entre-eixos 2.994 mm | comprimento 4.950 mm, largura 1.923 mm, altura 1.776 mm, entre-eixos 2.984 mm |
CAPACIDADES | porta-malas de 259 a 740 litros; tanque 85 litros |
tanque 70 litros; porta-malas 262 a 721 litros Bateria: 11,6 kWh |
PREÇO | R$ 509.990 (R$ 627.990 como testado) | R$ 504.950 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | |||
---|---|---|---|
Audi Q7 3.0 TFSi | Volvo XC90 T8 Recharge | ||
Aceleração | |||
0 a 60 km/h |
3,1 s |
2,9 s | |
0 a 80 km/h | 4,5 s |
4,3 s |
|
0 a 100 km/h | 6,4 s | 6,1 s | |
Retomada | |||
40 a 100 km/h em S | 5,0 s | 4,9 s | |
80 a 120 km/h em S | 4,4 s | 4,3 s | |
Frenagem | |||
100 km/h a 0 | 38,0 m | 38,5 m | |
80 km/h a 0 | 24,4 m | 24,8 m | |
60 km/h a 0 |
13,8 m |
13,9 m | |
Consumo | |||
Ciclo cidade | 7,5 km/l | 21,8 km/l | |
Ciclo estrada | 10,0 km/l |
15,0 km/l |
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Galeria: Comparativo: Audi Q7 vs. Volvo XC90
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