Comparativo: HR-V Touring x T-Cross Highline, qual o mais "top" dos SUVs compactos?
Eles são potentes, equipados e vistosos, mas a conta pode passar dos R$ 150 mil...
As versões topo de linha são as mais desejadas pelo consumidor. É nelas que as marcas investem em mais equipamentos, sendo alguns deles exclusivos, e tentam se diferenciar das demais com alguma tecnologia ou até mesmo um motor mais potente que o restante da linha. E isso tem um preço que muitas vezes se aproxima de modelos de segmentos superiores.
É o caso dos SUVs compactos "completões" que trouxemos para este comparativo: Volkswagen T-Cross Highline e Honda HR-V Touring. Eles trocam os motores 1.0 TSI e 1.8 aspirado, respectivamente, pelos 1.4 TSI e 1.5 turbo, além de trazerem equipamentos exclusivos. Mas, claro, cobram alto por isso, chegando a custar R$ 150 mil em seus pacotes mais completos - acima do que algumas versões do SUV médio Jeep Compass. Qual o melhor entre eles?
Espaço e praticidade
Como boa parte dos SUVs compactos, por baixo do HR-V e do T-Cross há uma plataforma vinda de modelos compactos. Nascidos baseados no Fit e Virtus, respectivamente, eles trazem muito do que conhecemos desses dois modelos principalmente em termos espaço interno - e por tomarem o lugar das peruas e cada vez mais dos sedãs como carros de família, esse ponto é de extrema importância nos SUVs.
Sim, é mais justo chamar o T-Cross de SUV do Virtus que do Polo. Isso porque, diferentemente do que acontece na Europa, ele tem o mesmo entre-eixos do sedã (2.651 mm) e se assimila muito a ele - coloque um dono do Virtus a bordo do T-Cross e ele poderá te dizer o quão são similares tanto na primeira quanto na segunda fileiras.
Mas isso não é o suficiente para bater o aproveitamento de espaço do Honda. Apesar de ter um entre-eixos mais curto (2.610 mm), o HR-V ainda é um dos melhores do segmento em espaço interno. Lado a lado, percebemos a diferença principalmente no comprimento (4.329 vs 4.199 mm) e na altura (1.650 vs 1.570 mm), e isso se converte na hora de acomodar desde passageiros até bagagens. E ter nascido do versátil Fit é um dos principais motivos para isso.
O HR-V é mais cômodo para todos. Na dianteira, os bancos são mais confortáveis que os do T-Cross e acomodam melhor em viagens mais longas. Mais largo, permite o uso de bancos maiores e até mesmo o já conhecido console central alto que o marca desde seu lançamento em 2015, que separa bem os ambientes de motorista e passageiro. Apesar de nascido do Virtus, o T-Cross tem mais jeito de carro compacto e, apesar de confortável, deixa bem aparente ser menor.
Na segunda fileira, o T-Cross até vai bem dentro do segmento. Há bom espaço para as pernas e a comodidade da saída de ar-condicionado dedicada e 2 portas USB para a recarga de smartphones (ausentes no HR-V) até chamam a atenção, mas o Honda acomoda novamente melhor no espaço para as pernas e também na largura, além da espuma do banco ser mais macia.
No porta-malas, mais uma vantagem do Honda. O compartimento comporta 393 litros e, mesmo menor que os 437 litros das demais versões por mudanças no assoalho devido ao escapamento específico do motor 1.5 turbo, leva 20 litros a mais que o T-Cross (373 l). O VW até pode chegar aos 420 litros, mas para isso é preciso deixar o encosto do banco traseiro em uma posição reta, bem incômoda para os passageiros. Nenhum dos dois tem a tampa com acionamento elétrico, algo que seria ponderável pelo preço deles.
Ao usar a plataforma do Fit, o HR-V herda o Magic Seat, o sistema de bancos modulares da marca japonesa que permite abrir um amplo espaço traseiro ao colocar o tanque de combustível sob os bancos dianteiros. Acho que ficou claro quem leva vantagem neste quesito, certo?
Vantagem: Honda HR-V
Acabamento e equipamentos
T-Cross e HR-V impressionam em pontos diferentes. O SUV da Volkswagen tem a pegada mais moderna e jovem, tanto por fora quanto por dentro, e isso fica muito claro quando nos pegamos olhando os detalhes da versão Highline. A faixa central em cinza claro (chamado de Snow Gray e que também está em parte dos bancos em couro) emoldura 2 telas no painel, sendo a primeira para o Active Info Display, o famoso painel de instrumentos digital da VW com 10,25" - que de tanta procura nas lojas acabou se tornando item de série desde a versão 200 TSI Comfortline.
Ao lado temos a VW Play, novidade da linha 2021 do T-Cross. O sistema multimídia nasceu com o Nivus e, projetado no Brasil, é quase um smartphone com tela de 10,1" que reúne conectividade via Apple CarPlay (sem fio) e Android Auto, aplicativos nativos e comandos do carro, como seletor do modo de condução e outros ajustes. Neste ponto, o HR-V parece um "senhor de idade", com o antigo painel de instrumentos analógico com uma simples tela para computador de bordo (até era esperada uma melhor na reestilização, mas não aconteceu) e um sistema multimídia com tela de 7" e espelhamento de smartphones por cabos.
Por outro lado, o HR-V Touring chega com toques de luxo. A começar pelo interior exclusivo na linha, com couro creme nos bancos e no painel, inclusive no console central. Visualmente e sensorialmente, reflete uma melhor qualidade dos materiais, inclusive dos plásticos rígidos que estão no topo do painel. O HR-V ainda surpreende com o acabamento em material suave ao toque até nas portas, enquanto o T-Cross aposta em plástico rígido e algumas peças pintadas, além do Honda já ter o freio de estacionamento elétrico, enquanto o VW segue com a alavanca.
Além do motor 1.5 turbo, o HR-V Touring se diferencia da versão EXL, por exemplo, pelo teto-solar panorâmico elétrico, iluminação interna em LEDs e pela 2ª câmera, instalada no retrovisor direito e que serve como um inibidor de ponto-cego. É acionada quando a seta é ligada para este lado ou por um comando na chave de seta. Tem ainda chave presencial e partida por botão.
No demais, temos uma lista de itens com ar-condicionado automático, piloto automático, rebatimento elétrico dos retrovisores externos, retrovisor interno fotocrômico, faróis full-LED, neblinas em LED e lanternas em LEDs, rodas aro 17", acendimento automático dos faróis, sensor de chuva, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro (incluindo câmera de ré com 3 modos de visualização), 6 airbags (frontais, laterais e de cortina) e controles de tração e estabilidade com assistente de partida em rampas.
Tirando o teto-solar, os faróis full-LED (aqui, são apenas as lanternas) e o teto-solar panorâmico, estes itens o T-Cross Highline oferece desde seu pacote "básico", que custa R$ 130.190 (R$ 20.110 menos que o HR-V Touring) e deixa o jogo mais interessante.
Quer os itens do HR-V Touring? O pacote Sky View (R$ 5.370) adiciona o teto-solar, enquanto que o Tech and Beats (R$ 6.750) acrescenta o sistema de estacionamento automático, faróis full-LED (neblina mantém lâmpadas halógenas) com farol-alto automático e o sistema de som assinado pela Beats Audio com subwoofer. Escolha o pacote de teto biton e chegamos a R$ 145.035 - salgado, mas ainda menos caro que o Honda.
Apesar do acabamento inferior, o T-Cross é mais moderno e, mesmo sem os opcionais, tem quase os mesmos itens do Honda cobrando menos. Porém, vale observar que o T-Cross conta com o sistema de frenagem após colisão, mas nenhum deles traz qualquer outro sistema como frenagem automática de emergência ou piloto automático adaptativo, algo que já começa ganhar relevância nessa faixa de preços.
Vantagem: VW T-Cross
Ao volante
Se você optou por estas versões, provavelmente um dos motivos é não querer o HR-V 1.8 ou o T-Cross 200 TSI. O motor 1.5 turbo da Honda, importado, aceita apenas gasolina e rende 173 cv e 22,4 kgfm de torque. São 23 cv a mais que o 1.4 turboflex do T-Cross, um motor bastante conhecido do nosso mercado e produzido em São Carlos (SP), mas o EA 211 entrega 25,5 kgfm de torque, o que realmente faz a diferença no uso diário. Ambos possuem injeção direta.
Apesar de terem transmissões automáticas, T-Cross e HRV se diferem pelo tipo utilizado. O Honda traz o clássico CVT da marca, com a capacidade de simular 7 marchas pelas borboletas atrás do volante, enquanto o VW tem uma caixa tradicional com 6 marchas e também a opção de trocas manuais, seja pela alavanca ou pelas aletas. E as diferenças vão um pouco além disso.
Da mesma forma que acontece no acabamento, T-Cross e HR-V parecem ir para lados diferentes na hora da condução. O Volkswagen é basicamente um Polo/Virtus mais alto e com algumas diferenças - e isso não é algo negativo. Por exemplo, a regulagem de altura do banco do motorista permite uma posição baixa e mais dinâmica, assim como a própria posição de pedais e volante (altura e profundidade).
Apesar de menos potente, o T-Cross tem mais torque e é mais leve. A própria transmissão reflete isso, já que o automático tradicional responde mais rápido que o CVT neste caso, e tudo isso colabora com a sensação de que o VW é mais ágil que o HR-V mesmo sendo menos potente. Basta observar os números de teste e ver que eles andam juntos até os 80 km/h, dando a vantagem aos 100 km/h para o HR-V pela maior potência e em rotação um pouco mais alta.
O T-Cross tem o seletor de modos de condução e o start-stop, o que ajudou na hora do consumo urbano (10,5 com gasolina vs. 10,2 km/litro), enquanto o maior torque em baixas rotações ajudou na média rodoviária (14,5 contra 13,6 km/litro).
Mas justamente o CVT é que ajuda tanto o HR-V em conforto. Desde a posição de dirigir mais elevada, volta a assumir seu perfil mais focado em agradar aos ocupantes do que só ao motorista. Sem trocas de marchas. tem um funcionamento mais linear, além da entrega de torque que nem parece um carro com turboalimentação. Melhor isolado acusticamente, passa até uma falsa sensação de velocidade, sempre aparentando estar mais devagar que realmente está.
A temática segue a mesma na dirigibilidade. O T-Cross é mais dinâmico, mas transmite bem mais o que está no asfalto para a cabine e troca o conforto por uma tocada mais próxima de um hatchback. Responde mais rápido aos comandos de direção e inclina menos a carroceria, permitindo até extrapolar um pouco em velocidades mais altas. Enquanto isso, o HR-V balança mais principalmente em velocidades elevadas e tem a direção um pouco menos direta - ambos possuem vetorizador de torque, sistema que freia a roda de dentro da curva para ajudar no contorno, mas o do T-Cross é mais responsivo e agressivo.
Vamos dar um empate neste quesito. Enquanto o T-Cross é mais dinâmico, o HR-V contrapõe com o conforto sem abrir mão do desempennho, e a decisão do comprador aqui é algo mais particular.
Vantagem: empate
Compra e manutenção
Já falamos dos preços. O Honda HR-V Touring custa R$ 150.300 sem nenhum pacote opcional, enquanto o VW T-Cross Highline vai de R$ 130.190 a R$ 145.035 dependendo dos opcionais escolhidos. Ambos têm 3 anos de garantia com revisões anuais ou a cada 10.000 km, porém o T-Cross oferece as 3 primeiras gratuitamente nesta versão de topo.
O HR-V Touring tem as revisões tabeladas em R$ 355,80 (10.000 km ou 1 ano), R$ 585,39 (20.000 km ou 2 anos) e R$ 600,80 (30.000 km ou 3 anos), totalizando R$ 1.541,99 no período da garantia. A vantagem é clara para o T-Cross neste quesito.
Vantagem: VW T-Cross
Conclusão
Em uma faixa de preço próxima dos R$ 150 mil, tanto T-Cross Highline quanto HR-V Touring ficam devendo alguns itens como frenagem automática de emergência e piloto automático adaptativo, coisas que encontramos em modelos mais baratos até mesmo dentro do segmento. Porém, oferecem performance e equipamentos que os os destacam da concorrência.
Enquanto o T-Cross aproveita seu projeto mais moderno para ser mais tecnológico e dinâmico, o HR-V segue com a proposta mais refinada e confortável, apesar de já mostrar a idade do projeto. Então, ficamos assim: o VW vence pelo conjunto, mas o Honda não pode ser descartado caso a prioridade seja curtir com a família.
Fotos: Leo Fortunatti (Motor1.com)
Fichas técnicas
Honda HR-V 1.5T Touring | VW T-Cross 1.4T Highline | |
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, 1.498 cm3, turbo, injeção direta, comando duplo variável, gasolina |
dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.395 cm³, comando duplo variável, injeção direta, turbo, flex |
POTÊNCIA/TORQUE | 173 cv a 5.500 rpm; 22,4 kgfm de 1.700 a 5.500 rpm | 150 cv a 5.000 rpm / 25,5 kgfm de 1.500 a 3.800 rpm |
TRANSMISSÃO | Automática CVT com simulação de 7 marchas, tração dianteira | câmbio automático de 6 marchas; tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga-leve aro 17" com pneus 215/55 R17 | liga leve de 17" com pneus 205/55 R17 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS e ESP | discos ventilados nas rodas dianteiras e disco sólidos nas traseiras com ABS e ESP |
PESO | 1.380 kg em ordem de marcha | 1.292 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.329 mm, largura 1.772 mm, altura 1.650 mm, entre-eixos 2.610 mm | comprimento 4.199 mm, largura 1.751 mm, altura 1.570 mm, entre-eixos 2.651 mm |
CAPACIDADES | porta-malas 393 litros, tanque 51 litros | tanque 52 litros; porta-malas 373 litros |
PREÇO | R$ 150.300 | R$ 130.190 (R$ 145.035 como testado) |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | |||
---|---|---|---|
Honda HR-V 1.5T (gas.) | VW T-Cross 1.4T (eta.) | ||
Aceleração | |||
0 a 60 km/h |
4,2 s |
4,1 s | |
0 a 80 km/h | 6,0 s |
6,1 s |
|
0 a 100 km/h | 8,5 s | 9,1 s | |
Retomada | |||
40 a 100 km/h em S | 6,4 s | 6,9 s | |
80 a 120 km/h em S | 6,0 s | 6,4 s | |
Frenagem | |||
100 km/h a 0 | 39,6 m | 36,7 m | |
80 km/h a 0 | 25,7 m | 22,8 m | |
60 km/h a 0 |
14,6 m |
12,9 m | |
Consumo | |||
Ciclo cidade | 10,2 km/l | 7,8 km/l (10,5 km/l com gas.) | |
Ciclo estrada | 13,6 km/l |
11,5 km/l (14,5 km/l com gas.) |
Ouça o podcast do Motor1.com:
Galeria: Comparativo: Honda HR-V Touring vs. VW T-Cross Highline
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