Carros com 7 lugares estão cada vez mais raros, principalmente por um valor mais acessível. Uma das poucas opções do mercado nacional é a Chevrolet Spin, que também é uma das poucas remanescentes do segmento de minivans no país. Ela ganhou uma novidade importante na linha 2021, com a adoção do controle de estabilidade, mas também perdeu alguns equipamentos. Vale pagar R$ 103.790 pela minivan na versão topo de linha Activ7, com visual aventureiro?
Sim, o preço assusta, pois você pode migrar para um SUV compacto bem completo neste valor. Até mesmo dentro da linha da Chevrolet Spin você tem uma opção mais barata com 7 lugares, na forma da Spin Premier, por R$ 97.290 na variante manual (R$ 101.690 com câmbio automático).
Mas, novamente, quantos carros de 7 lugares existem no mercado na faixa de R$ 100 mil? Tirando o Fiat Doblò, tabelado a R$ 100.590 em versão única, os demais modelos demais modelos já dão um salto no valor. O próximo da lista é o Lifan X80 por R$ 132.777 (e que ainda está na linha 2019), enquanto os demais passam dos R$ 150 mil.
E a General Motors sabe bem disso. A Spin emplacou 11.646 unidades desde o começo do ano até outubro, mais do que alguns SUVs como o Renault Duster e alguns sedãs médios como o Chevrolet Cruze. Não é um dos carros campeões de venda, mas emplaca o suficiente para justificar sua produção, além de atrair um público que ficaria no limbo sem a minivan nas lojas.
Só que isso também faz com que a marca dê alguns passos tímidos na hora de mexer na Spin, pois sabe que não existe concorrência direta. Um exemplo é a linha 2021. Por um lado, ela trouxe ótimas notícias, pois recebeu controle de estabilidade de série e a nova geração do câmbio automático de 6 marchas, vinda do Onix, Onix Plus e Tracker, com funcionamento mais suave que refletiu tanto nos números de desempenho quanto de consumo. Só que perdeu a grade ativa, que estava na linha 2020 e que poderia ter ajudado a minivan a ir ainda melhor.
A transmissão é um dos pontos em que a GM mais gosta de mexer quando tem que alterar algo na Spin. Ela já havia sido recalibrada no lançamento da linha 2019, quando a minivan foi reestilizada, o que melhorou bastante o conforto e o desempenho. E não é que melhorou ainda mais ao receber a nova geração da transmissão?
Andando normalmente, as trocas de marchas são quase imperceptíveis, mostrando o quanto a GM evoluiu desde que começou a usar esta caixa. Você só vai sentir as trocas em algumas situações específicas ou se estiver prestando atenção para perceber quando a passagem de marcha é feita. Só mostra um pouco de lentidão em retomadas de velocidade mais altas.
Isso apareceu em nosso teste. A aceleração de 0 a 60 km/h não mudou, com os 4,7 segundos, e no 0 a 80 km/h a diferença foi de apenas 0,1 s, marcando 7,7 s. Já no 0 a 100 km/h, a melhora foi mais perceptível, de 11,6 s para 11,3 s. Claro, nada que vá justificar levar a Spin no próximo Track Day, mas é apenas um exemplo da diferença. Encontramos também uma melhoria na retomada de 40 a 100 km/h, agora precisando de 8,6 s, contra os 9,2 s da linha 2020. Já a retomada de 80 a 120 km/h segue igual, com 9,1 s.
Além do conforto, o câmbio reduziu o consumo da minivan com etanol. O rendimento urbano foi de iguais 7,2 km/litro, mas mostrou ser bem melhor na estrada, registrando 11,2 km/litro, contra 10,4 km/litro de antes. Para quem usa a Spin para viajar, é um valor que vai fazer a diferença no bolso a longo prazo.
Só que há uma notícia ruim. Este número poderia ser melhor se a GM não tivesse retirado a grade ativa da lista de equipamentos. Isso nem chegou a ser comunicado, tanto que ninguém citou a ausência do equipamento no lançamento da linha 2021. Só percebemos a falta do item quando recebemos a minivan para teste e, depois confirmamos com a GM que sim, a grade ativa não é mais oferecida nem como opcional. Uma pena, pois poderia ter melhorado ainda mais o rendimento do carro, já que ela controlava a passagem de ar de acordo com a velocidade, ajudando na aerodinâmica e, consequentemente, reduzindo o consumo de combustível.
Queria um motor melhor para a minivan? Esqueça isso nesta geração. A Spin continuará com o 1.8 8V de 111 cv e 17,7 kgfm até o fim de sua forma atual, já que ficaria muito caro adaptar o carro para receber o novo 1.0 turbo da família Onix. O 1.8 é um motor que já mostra sua idade, e a Spin é o único carro da GM que ainda o utiliza – depois que o Cobalt saiu de linha.
A GM tenta vender que a Spin é um crossover em seu site, e não dá para negar que ela tem algumas coisas dos SUVs e pode agradar os clientes que querem um carro mais altinho. A posição de dirigir é mais elevada do que o normal, principalmente em relação ao Onix, mesmo que o banco esteja o mais baixo possível. Isso afeta um pouco na ergonomia, deixando tudo mais longe, como os comandos dos retrovisores elétricos (que ainda ficam na coluna A) ou os comandos do ar-condicionado.
Conforto é outra palavra-chave para a Spin. O carro tem que ser macio até quando estiver cheio com sete pessoas. Então tudo no seu desempenho está voltado para isso. A suspensão é muito macia e com um curso longo, a direção elétrica é bem ajustada e responde bem aos comandos e, com a nova transmissão automática, quase não há trancos.
O ponto fraco dos carros de sete lugares costuma ser justamente o seu principal atributo. A terceira fileira de assentos acaba por tomar um espaço grande do porta-malas e, dependendo do carro, rebater os bancos não ajuda muito a resolver esta questão. No caso da Spin, os assentos foram feitos de um jeito que é fácil rebatê-los e aumentar a capacidade do porta-malas.
Com todos os bancos nas posições normais, são apenas 162 litros de espaço. Rebater os bancos eleva este valor para 533 litros, mais do que alguns SUVs compactos. Se rebater até a segunda fileira, a capacidade aumenta para 952 litros, um pouco menos do que os 1.068 litros da variante de 5 lugares com os bancos rebatidos.
Outro ponto que pode ser o problema é sentar nos dois assentos extras. O acesso é um pouco mais difícil, já que depende de puxar a segunda fileira e, ainda assim, é um pouco apertado. Como o assoalho é alto, quem sentar ali ficará com os joelhos para cima, uma posição que irá incomodar em viagens mais longas, principalmente para quem for mais alto. Por outro lado, ao menos não fica grudado na segunda fileira, já que ela pode ser puxada para frente.
No final das contas, a fileira extra é indicada para famílias grandes, colocando as crianças menores nestes assentos, já que elas não iriam sofrer tanto assim com a ausência de espaço. Adultos? Só em trajetos curtos ou se a pessoa realmente não se importar com a posição desconfortável.
A versão Activ é a mais completa da linha, então traz o máximo de equipamentos que a minivan oferece. Temos central multimídia MyLink com tela de 7" compatível com Android Auto e Apple CarPlay, controles de estabilidade e tração, luz de posição em LED, controle de cruzeiro, câmera de ré, sensor de chuva, sensor de estacionamento traseiro, sensor crepuscular e mais.
Pelo valor, poderia ter alguns dos itens oferecidos no Tracker, como os seis airbags ao invés de apenas dois, a chave presencial e a partida por botão, além do painel de instrumentos com tela TFT de 3,5". Algumas faltas até entendemos, como o start-stop, que é um equipamento que exige uma calibração com o motor (e não vale o investimento para colocar no único modelo 1.8 da GM no Brasil).
Certos pontos deixam a Spin antiquada em comparação aos outros carros, como os comandos simples do ar-condicionado ou os comandos dos retrovisores laterais na coluna A (iguais aos dos carros da marca dos anos 90). A reestilização da minivan ajudou, só que a idade está pesando e fica claro que precisa de uma nova geração.
E então, vale a pena levar a Chevrolet Spin Activ7 2021 para casa? Sim, com certeza, se o que você precisa é ter sete bancos dentro de um carro. É uma oferta bem específica no mercado e que, dentro de um segmento quase morto, é de longe a melhor opção. Falta um motor turbo? Falta, mas não adianta esperar por isso agora. Agora, se você quer um carro de cinco lugares, talvez esteja melhor servido com Tracker ou Cruze.
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 8 válvulas, 1.796 cm³, comando simples, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
106/111 cv a 5.200 rpm / 16,8/17,7 kgfm a 2.600 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático de 6 marchas; tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve de 16" com pneus 205/60 R16 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambor na traseira com ABS e ESP |
PESO | 1.275 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.415 mm, largura 1.764 mm, altura 1.689 mm, entre-eixos 2.620 mm |
CAPACIDADES | tanque 53 litros; porta-malas 710 a 756 litros |
PREÇO | R$ 103.790 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (etanol) | ||
---|---|---|
Chevrolet Spin Activ7 AT | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 4,7 s | |
0 a 80 km/h | 7,7 s | |
0 a 100 km/h | 11,3 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em D | 8,6 s | |
80 a 120 km/h em D | 9,1 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 41,0 m | |
80 km/h a 0 | 25,7 m | |
60 km/h a 0 | 14,0 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 7,2 km/l | |
Ciclo estrada | 11,2 km/l |
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