A cada 40 segundos, um VW Golf é vendido em todo o mundo. Mas, embora não demore muito para que o modelo de número 36 milhões saia da fábrica, o ar começa a ficar mais rarefeito para o rei dos hatches médios. Além de rivais dentro do próprio Grupo, como Seat Leon e os VW Polo e T-Roc (SUV), em meados de 2020 será lançado o ID.3 elétrico, que terá basicamente o mesmo porte e preço inicial do Golf. Não é de se admirar que a expectativa em torno do Golf 8 esteja tão alta. Afinal, conseguirá a nova geração corresponder aos anseios dos fãs? É o que nossos colegas do Motor1.com Alemanha foram conferir em primeira mão.
Um Golf é sempre um Golf. Na Alemanha, é o líder de vendas e, por isso, muito comum nas ruas. Visualmente ele não é muito emocionante, mas agrada à maioria. Para manter as coisas assim no futuro, Wolfsburg avançou com cautela. Assemelha-se externamente ao Golf 7, seu antecessor, porém com uma dianteira ligeiramente mais afiada. São sempre padrão os faróis e lanternas de LED, enquanto a tecnologia LED Matrix é oferecida como opcional. O novo Golf mantém também sua forma, como mostram as dimensões da nova geração: 4,28 metros de comprimento, 1,79 m de largura e 1,46 m de altura. Além disso, o porta-malas comporta de 380 a 1.237 litros, dependendo da configuração dos bancos. Espaço para as pernas e cabeça? Bom em qualquer posição da cabine.
Até agora, o que vemos é evolução, e não revolução. No cockpit, no entanto, a VW virou o Golf completamente de cabeça para baixo: monitores e instrumentos digitais são sempre padrão, sendo a versão de entrada com painel de 10" e multimídia de 8,25". Nosso carro de teste é mais caro, com a tela do entretenimento de 10" Discover Pro a bordo. Mas não é só isso: os botões desapareceram completamente, trocados por comandos sensíveis ao toque, incluindo a iluminação interior.
É preciso se acostumar um pouco com isso, pois alguns comandos são um tanto pequenos. Mas há comandos por voz também: se você optar pelo ar-condicionado multizona (disponível nas versões mais caras), o passageiro pode pedir "olá, Volkswagen, reduza a ventilação", e o nível do ventilador é diminuído. Como padrão, todo Golf vem com ar digital, mas somente de uma zona nos modelos de entrada. No geral, o uso dos recursos ficou mais prático.
Fica a dica: todo comprador do novo Golf deve dedicar uns 30 minutos a entender a operação com a conectividade do carro. Depois disso, a interação com a "supermáquina" funciona perfeitamente bem. De clássico, mesmo, só restaram os apoios de braço no teto.
Os serviços e funções online, chamados "We Connect" e "We Connect Plus", estão disponíveis no Golf 8 (são gratuitos de 1 a 3 anos, dependendo do mercado). Os dados custam à VW, exceto streaming de música, rádio na Web e ponto de acesso Wi-Fi. Em geral, aconselho a pensar no que você realmente vai usar para não pagar à toa. Como padrão, todo Golf vem com integração Apple CarPlay e Android Auto, em algumas versões sem necessidade de cabo.
O novo Golf é tão digital que você quase esquece que ele ainda é um carro com motor a combustão. De início, as seguintes variantes serão oferecidas: 1.5 TSI (com 130 ou 150 cv), 1.5 e-TSI com sistema híbrido leve de 48V (150 cv) e 2.0 TDI turbodiesel (115 ou 150 cv).
Minha primeira volta é no 1.5 TSI a gasolina de 130 cv. Embora os 20,4 kgfm de torque devam estar disponíveis entre 1.400 e 4.000 rpm, não percebo isso. Nas acelerações e nas rodovias, sinto alguma resistência a ganhar velocidade. Talvez o necessário filtro de partículas (para redução de emissões) e o câmbio manual de 6 marchas com relações longas tenham sua parte de culpa, mas o fato é que parece que estou num carro de uns 110 cv.
Não que o Golf 1.5 de 130 cv seja "xoxo". Na vida cotidiana ele agrada e trabalha bem isolado em termos de vibrações e ruídos, mas o desempenho nominal fica abaixo do esperado - vale lembrar que ele trabalha com ciclo Miller, mais voltado ao consumo, enquanto o de 150 cv mantém o ciclo Otto. Dessa maneira, existem duas opções para os entusiastas do Golf: o e-TSI com 150 cv e o sistema híbrido leve, sempre com o câmbio DSG de dupla embreagem e 7 marchas, e o futuro GTI, que terá a potência do motor 2.0 TSI elevada para algo em torno dos 250 cv. Por fim, os europeus ainda terão o invocado Golf R com cerca de 300 cv mais adiante.
Mudo então para o 1.5 TSI de 150 cv com o câmbio DSG, e este carro causa uma impressão muito mais harmoniosa. Claro, ele tem 20 cv e 5 kgfm a mais de força, mas não é só isso. Todos os componentes formam uma unidade bem-sucedida. Sem problemas nas saídas, o DSG muda as marchas de maneira muito discreta, e o carro se comporta com muito equilíbrio.
E o consumo? Bom, foram diferentes rotas, motores e transmissões, mas as médias foram as seguintes: 16,6 km/litro na versão manual 1.5 de 130 cv e 17,8 km/litro na 1.5 DSG de 150 cv, mantendo os 120 km/h constantes na estrada, no que contribui o sistema de desligamento de cilindro. São valores capazes de tornar as versões a diesel meramente supérfluas para a maioria dos motoristas.
Algumas palavras para chassi e direção: suspensão dianteira é McPherson e, na traseira, pode ser um eixo de torção (versões abaixo de 150 cv) ou independente multilink (mais de 150 cv e/ou tração integral). Em comparação, ambos os eixos possuem bom curso, mas com solavancos além do esperado. E a versão multilink não é tão radicalmente melhor, como seria de se esperar.
Embora ainda não esteja à venda neste primeiro momento, o Golf básico com motor 1.0 TSI de 90 cv custará 20 mil euros (equivalente a R$ 98 mil). Já vem bem equipado, incluindo quadro de instrumentos digital, acesso a serviços online, faróis e lanternas de LED, ar-condicionado automático e diversos sistemas de assistência à condução (incluindo frenagem de emergência, piloto automático adaptativo ACC e alerta de perigo no trânsito Car2X), mas com rodas aro 15" de aço cobertas por calotas.
O acabamento logo acima, chamado Life, adiciona sistema de informação e entretenimento Discover Pro com controle por voz, Dynamic Road Sign Display, carregamento sem fio para smartphones, Apple CarPlay sem fio, acabamento interno cromado e faróis com acendimento automático, além de rodas aro 16" de alumínio, banco do carona com ajuste de altura e auxiliar de estacionamento automático "Park Pilot".
O número 8 é, sim, o melhor Golf de todos os tempos. É preciso se acostumar com os novos mundos digitais primeiro, mas é justamente esse passo à frente na cabine que pode salvar o Golf da competição ferrenha que ele está sofrendo, e do próprio futuro elétrico que se avizinha na Europa.
VW Golf 1.5 TSI (96 kW) 2019
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