O segmento de hatches compactos premium não é dos mais concorridos. A não ser pelo Audi A1 e pelos modelos da Mini, é um nicho apenas admirado pelas marcas mais generalistas. Enquanto o Mini, depois do crescimento com a nova plataforma, ficou apenas nas reestilizações, a segunda geração do Audi A1 mudou completamente em comparação com a primeira. E isso é algo surpreendente vindo da Audi, conhecida pelo estilo conservador, e principalmente depois de o primeiro A1 ter sido bem acolhido na Europa.
No entanto, os designers da marca decidiram rever profundamente as linhas do menor Audi, propondo-lhe um design mais robusto e agressivo, distantes do anterior. As linhas firmes aparecem principalmente na dianteira, com a grade e três entradas de ar que fazem referência ao Audi Ur Quattro e ao corpo largo. Esta versão com o pacote S-Line fica ainda mais esportiva. Qual o motivo desta mudança de comportamento? A Audi não esconde que a nova geração quer agradar mais o público masculino e por isso recebeu uma injeção de testosterona.
No interior, o antigo A1 não tinha grandes falhas. Este também não tem, mas encontramos algumas economias nos forros das portas, com um plástico duro de qualidade abaixo da esperada, semelhante ao que encontramos em um modelo mais barato, como o primo VW Polo. Pelo (alto) preço cobrado no carro que avaliamos, preferíamos ter visto materiais suaves ao toque, como no painel. Ao menos a montagem é correta e a tecnologia chama a atenção, com o cluster digital Virtual Cockpit no lugar dos instrumentos tradicionais.
Também gostamos da central multimídia com tela de 10,1", bastante sensível ao toque, mas infelizmente não é um item de série em todas as versões. Recomendamos comprar este opcional se não quiser tem um espaço vazio no meio do painel. De qualquer forma, há a opção de tela de 8,8" nas versões abaixo da S-Line.
Sob o design atraente, encontramos a base técnica que está no Volkswagen Polo. É a mesma plataforma (MQB A0) e as mesmas dimensões, uma vantagem de se viver em um grupo multimarcas. O Audi A1 aproveitou isso para ganhar seis centímetros em relação ao seu antecessor e agora tem mais de 4 metros (4,03 m). No entanto, perdeu um centímetro de altura (1,41 m), certamente em prol do design. Esse aumento também aparece no porta-malas, agora muito mais espaçoso, com 335 litros (sem estepe na versão europeia), ou 65 l a mais.
No banco traseiro, os ocupantes não terão a acomodação do Polo, mas a distância entre-eixos aumentada em 9 centímetros obviamente beneficia o espaço interno. Em outras palavras, um adulto médio agora se acomoda sem raspar a cabeça no teto, graças ao forro do teto ter ficado 7 centímetros mais alto.
A versão 30 TFSI usa um motor 1.0 3 cilindros turbo com 115 cv, mas aqui estamos com o bloco de quatro cilindros (35 TFSI), 1.5 turbo de 150 cv e 25,5 kgfm de torque - uma evolução do 1.4 TSI que em breve vai estrear no Polo GTS brasileiro. Ele não tem tanta força em baixas rotações como o 3 cilindros, mas é muito mais elástico e mais cômodo. Em outras palavras, enquanto o 3 cilindros tem mais vigor inicial, o de 4 é mais confortável e flexível.
Nós também gostamos do seu comportamento em velocidades mais altas, com os 150 cv levando o hatch de 0 a 100 km/h em 7,7 segundos. Mesmo assim, seu consumo é moderado. Prova disso é que, nos 1.700 km rodados na avaliação, ele registrou média de 15,9 km/l, sendo 70% em rodovias. É um bom número para o quatro cilindros que desliga dois cilindros em velocidades constantes ou desacelerações. Esta função visa reduzir, sem o motorista perceber, os níveis de emissões de CO².
Este motor de 150 cv parece ser a solução ideal ao Audi A1, já que na estrada não tivemos qualquer dificuldade nas ultrapassagens. Por outro lado, o câmbio S-Tronic de dupla embreagem tem uma tendência de fazer as trocas cedo, notadamente para reduzir o consumo. Também demora um pouco para as reduções, às vezes dando alguns trancos desagradáveis quando você acelera com vontade.
A suspensão tem um comportamento dinâmico excelente, deixando o carro bem equilibrado, com baixa rolagem da carroceria e uma agilidade notável. Não esperávamos menos de um hatch de 1.150 kg com motor potente. Em termos de conforto, no entanto, ainda não achou melhor solução. Se o A1 anterior era realmente duro, este corrigiu parte deste problema, mas ainda não chegou lá. Ainda é bem firme, especialmente com os pneus de perfil baixo das rodas de 17" - imagine com as rodas de 18"...
Como é um Audi, não esperamos um preço baixo. Se o A1 de entrada custa a partir de 20.000 euros (R$ 88,2 mil), ele traz diversas opções no catálogo para ter um carro digno deste brasão. Se a geração anterior chegava aos 30.000 euros com todos os equipamentos (um Audi S1 com motor de 231 cv custava 35.000 euros), a novidade flerta com um segmento superior. Nosso carro de teste passa dos 40.000 euros (R$ 176.400) com praticamente todos os opcionais disponíveis e nos deixa com certa dúvida: quem estaria disposto a pagar isso em um Audi A1 quando se pode ir para um segmento superior? Esta é a questão que paira na cabeça dos executivos da Audi Brasil. Consultada, a filial disse que há interesse em trazer a nova geração do hatch ao país, mas que, por enquanto, a conta não fecha. Uma pena.
Audi A1 35 TFSI
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