Mesmo com o domínio cada vez maior dos SUVs, o segmento de sedãs médios ainda tem muitos (e bons) competidores. Tal como acontece no Brasil, nos EUA o domínio da categoria também está nas mãos dos japoneses, com a diferença de que lá é o Honda Civic que lidera sobre o Toyota Corolla: 377 mil unidades emplacadas do Civic em 2017 contra 308 mil do arquirrival. Neste contexto, o Kia Forte (o nosso Cerato) é um caso isolado, com "apenas" 117 mil emplacamentos. Mas a Kia não deve se preocupar. Seguindo a estratégia inaugurada pelo maior e mais esportivo Stinger, o novo Forte/Cerato 2019 está pronto para o sucesso.
Primeiro, o Certo é bonito. Até mesmo com os modelos do segmento ficando mais interessantes, o Kia se destaca. Tem um perfil mais esbelto, com 4,64 m de comprimento (quase 8 centímetros a mais que o anterior) e porte mais agressivo, com 1,80 m de largura (2 cm a mais).
A grade "nariz de tigre" e as grandes entradas de ar ajudam o Cerato a se destacar. Os faróis afilados são inspirados no Stinger e, quando visto por trás, particularmente as lanternas, tem o DNA do Optima. Estes elementos carregados de outros sedãs são requisitos necessários para produzir uma identidade de marca - especialmente em um segmento tão competitivo.
O estilo de outros Kia está no interior também. O desenho horizontal do painel é claramente derivado do Stinger, assim como as saídas de ar, botões e até mesmo a manopla do câmbio. De série, uma tela de 8" sensível ao toque com Apple CarPlay e Android Auto flutua pelo topo do painel, enquanto os controles do ar-condicionado de duas zonas tem visual simplista. Há também um carregador de celular por indução.
A Kia vem evoluindo não apenas no estilo, mas também na qualidade. A cabine do Cerato passa a impressão de ser mais premium que sua designação pode sugerir. O acabamento, as peças e o volante estão no mesmo patamar do Audi A3, por exemplo. Os botões, controles e painel não têm peças plásticas ofensivas. E os bancos em couro - nesta versão Launch Edition (essencialmente um EX com melhorias) - são confortáveis e têm ventilação e aquecimento.
Se você quer segurança, o Cerato tem. Aviso de colisão frontal e alerta de cansaço do motorista são itens de série em todas as versões. A versão testada tinha piloto automático adaptativo com assistente de faixa, que se mostrou realmente progressivo - sem ping-pong -, com a habilidade de navegar até mesmo em curvas mais fechadas, algo que carros como o VW Jetta não conseguem.
O Stinger foi um inspirador para o novo Cerato de muitas formas, mas infelizmente não em desempenho. O motor 2.0 aspirado entrega 150 cv e 18,3 kgfm de torque. Estes números não são ruins para o segmento (o Jetta 1.4 TSI tem a mesma potência, mas com maior torque) e nem deixam o Forte demasiadamente lento, mas não impressiona. Esperamos que os rumores de uma opção "mais excitante" vire realidade.
Os compradores podem escolher entre o câmbio manual de 6 marchas ou o automático CVT. A Kia o chama de "Intelligent Variable Transmission (IVT)", mas na verdade, este CVT está longe de ser inteligente. Nem mesmo a engenharia inteligente conseguiu esconder o barulho da corrente mostrando sua verdadeira identidade, com respostas lertárgicas. Está bem longe do câmbio de 8 marchas do Stinger, mesmo quando ela tenta simular as marchas no modo Sport.
Este ao menos melhora as coisas significantemente. A direção ganha algum peso (necessário) e o CVT entrega mais força em baixas rotações. A suspensão não fica mais firme, mas já é bem responsiva assim mesmo. O Cerato 2019 é 26% mais rígido que o anterior, o que significa que não é super confortável, mas é mais domável nas curvas. As belas estradas de Pittsburg e partes da West Virginia mostraram que ele é ágil. Não chega a ser como o Civic, mas é um grande avanço quando comprado ao antigo.
Se você não o dirigir como um idiota, o 2.0 o retorna com boas médias de consumo: 13,2 km/l na cidade e 17,4 km/l na estrada, com 14,9 km/l no combinado, quando equipado com o câmbio CVT. É 1,3 km/l a mais que o anterior.
Isso pode soar como um jargão de marketing, mas o efeito Stinger é real e evidente aqui. O novo Cerato parece oferecer (por dentro e por fora) características de modelos premium sem cobrar como eles. Não espere credenciais esportivas, mas o novo Kia tem charme, tecnologias e estilo para levar os compradores do segmento para longe de Civic e Corolla. Agora é esperar a Kia cumprir a promessa de vendê-lo no Brasil em 2019.
Fotos: divulgação
RECOMENDADO PARA VOCÊ
Cancelado no Brasil, Kia Cerato GT 1.6 turbo de 204 cv chega à Argentina
Volkswagen Tera: este é o nome do novo SUV rival de Pulse e Kardian
Kia K4 2025 é sedã sucessor do Cerato com design inspirado em elétricos
Chineses disputam para ter o híbrido mais econômico do mundo
Kia K4 2025: sucessor do Cerato ganha projeção e terá cara de carro elétrico
GWM lança Haval H6 na Argentina com 2.0 turbo e sem eletrificação
Novo Kia K4: sucessor do Cerato terá design ousado e porte superior