Sinal dos tempos: o novo modelo que representa o topo de linha da Volkswagen não é mais o sedã Arteon. No seu lugar, esta honra agora pertence ao novo Touareg. Enfrentará uma competição forte, pois irá disputar espaço com as marcas de luxo, inclusive brigando internamente, já que está no mesmo segmento do Audi Q7. A terceira geração do SUV vem com tantos equipamentos que usará a tecnologia como argumento de venda.
A Volkswagen vendeu mais de 45 mil unidades do Touareg no Reino Unido desde o lançamento em 2003 - e muito mais do que isso globalmente. A nova versão quer um pedaço maior do bolo, então a Volkswagen colocou o que tem de melhor no SUV. Usa a plataforma emprestada do Audi Q7, Bentley Bentayga e Lamborghini Urus - então está em boa companhia. Apesar de estar maior do que antes, ele pesa 106 kg menos graças à sua carroceria, que agora é feita com 48% de alumínio.
É bem elegante, não acha? Embora a frente seja dominada pela grande grade cromada colada aos faróis, o restante do SUV é mais sóbrio que alguns rivais. Vincos leves e curvas suaves criam um aspecto mais robusto sem tentar desesperadamente chamar a atenção de todo mundo à sua volta. Claro, é um pouco mais chamativo do que seu predecessor, mas mantém um senso de maturidade. Alguns podem argumentar que o modelo deveria ser um exemplo de design, mas aqueles que não gostam de pinturas chamativas ou rodas cromadas enormes vão valorizar a sinceridade do Touareg em não se esconder atrás de um design espalhafatoso.
A nova cabine adianta como será o interior dos outros Volkswagen nos próximos anos, na forma do que a marca chama de Innovation Cockpit. É formado por uma combinação do painel digital de 12,3 polegadas com uma gigantesca tela touchscreen de 15 polegadas para a multimídia, inclinada na direção do motorista e que rivaliza não só com a tela usada pela Tesla, como também com muitos notebooks por aí. Além de ter muito espaço para a interface, usa um novo software que permite personalizar a tela principal. Algumas funções estão escondidas dentro de vários menus, algo um pouco frustrante no começo, mas que é resolvido quando você arruma a página principal para acessar mais rapidamente as principais funções. Tirada essa barreira, você verá que o sistema é bem responsivo e cheio de funções muito úteis. Outras tecnologias incluem bancos com massageador, ar-condicionado de quatro zonas e iluminação interna em LED.
O Touareg 2019 é um lugar bem confortável para se passar o tempo, com materiais de boa qualidade por toda a cabine, enquanto as janelas largas servem para ampliar a sensação de espaço. Os bancos traseiros têm espaço para três pessoas, com o passageiro do meio tendo que lidar com um túnel central baixo, mas bem largo. Abra o porta-malas e verá espaço o suficiente até para dois cachorros - na verdade, tem um pouco mais de espaço que no Audi Q7. Se rebater os bancos, terá 1.800 litros da capacidade. O problema com os SUVs é que, enquanto oferece muito espaço no porta-malas, você tem que alojar qualquer coisa pesada até a altura da tampa antes de fechá-la. Felizmente, o Touareg pode abaixar até 40 milímetros na traseira para ajudar a carregar o carro, desde que tenha escolhido equipá-lo com a suspensão pneumática. Também há um engate de acionamento elétrico disponível, caso precise puxar até 3,5 toneladas.
Andamos na versão equipada com o motor 3.0 V6 TDI que, apesar de toda a imagem ruim gerada pelo dieselgate, deve ser a mais vendida do SUV. Depois de um momento para encher a turbina, o motor de 286 cv mostra vigor graças aos seus 61,2 kgfm de torque. A força é enviada para as quatro rodas com a ajuda do suave câmbio automático de 8 marchas, que faz trocas de forma sutil, embora uma aceleração repentina possa deixá-lo confuso às vezes. Foi uma volta bem tranquila, com todo o ruído da rua sendo filtrado pelo (bom) isolamento acústico - ouvi somente um pequeno de barulho do vento nas colunas A, quando estávamos em velocidades mais altas nas rodovias. Escolher o modo Comfort deixa a direção bem leve e a suspensão pneumática é eficiente para absorver as poucas imperfeições que encontramos no asfalto da Áustria, onde ocorreu o lançamento mundial. Faremos um teste mais conclusivo em ruas esburacadas, mas acreditamos que irá bem.
O controle de cruzeiro adaptativo e os inúmeros sistemas de suporte merecem destaque. Tudo trabalha com o Touareg para mantê-lo na faixa correta, a uma distância segura do carro à frente e ajustando a velocidade de acordo com o limite da via. Ele também usa localização via GPS para reduzir a velocidade antes de curvas mais fechadas, acessos e rotatórias - é muito esperto.
Na cidade, o Touareg ainda tem mais um truque na manga para facilitar sua vida. Em velocidades abaixo de 30 km/h, as rodas traseiras esterçam na direção contrária às rodas da frente. Isto faz com que tenha um diâmetro de giro apenas 20 centímetros maior do que de um Golf, então fica muito mais fácil manobrar. A boa visibilidade ajuda na hora de estacionar, assim como a visão 360° fornecida pelas câmeras. O estacionamento automático Park Pilot também pode colocar o Touareg em vagas muito pequenas, algo útil para fazer balizas em ruas movimentadas. Mas o sistema tem dificuldade para tirar o carro da vaga, mesmo que tenha entrado nela sem nenhuma dificuldade apenas alguns segundos antes.
Se você quiser levar o Touareg ao limite, basta mudar o modo de direção para Sport e assumir o controle das trocas de marchas pelas aletas atrás do volante. A transmissão é responsiva, rapidamente obedecendo qualquer ordem. Quando guiado com mais vigor, você pode sentir o Touareg usar o Active Ride Control para reduzir o rolamento da carroceria e manter sua compostura de forma impressionante. Não há muita interação pelos controles, mas o sistema de tração integral fornece aderência o suficiente para te dar confiança.
A competência do carro continua ao sair do asfalto graças ao sistema de tração integral inteligente e à suspensão, que pode ser erguida em 70 milímetros, aumentando o vão livre. Obviamente, não é um carro off-road de verdade e irá passar toda sua vida subindo lombadas ao invés de montanhas, mas é bom saber que o carro é capaz de andar na terra, caso não tenha alternativa. Pensando na Europa, conta também com um modo dedicado para neve.
Será difícil, já que a Volkswagen não tem planos de trazê-lo ao Brasil. Caso mudem de ideia ou você pense em investir em importação independente, o Touareg pode ser uma boa alternativa. Ele pode não ser o mais chamativo dos SUVs, mas é um carro familiar bem confortável e espaçoso. Também tem muita tecnologia, embora boa parte dela seja vendida como opcional. Terá uma versão híbrida em breve.
Seu maior problema é a rivalidade familiar com o primo Audi Q7. O Touareg vem com o motor 3.0 TDI mais potente como padrão, mas os preços começam em 49 mil libras (aproximadamente R$ 246,9 mil), o que fará com que seus possíveis clientes pensem mais no status que o logo da Audi traz, além de contar com sete assentos.
Deve ser por isso que a VW optou por trazer ao Brasil SUVs menos sofisticados (e caros). Acima do Tiguan AllSpace, a ideia da marca é vender por aqui o Atlas Sport, um SUV com pegada mais esportiva que o Touareg, na linha do Range Rover Velar e do BMW X4.
Fotos: divulgação
Volkswagen Touareg
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