O Fiesta é um capítulo à parte no mercado automotivo do Reino Unido - ele vem sendo o carro mais vendido por anos e anos, às vezes desafiando os gráficos de vendas. Após seis gerações, estava na hora de uma nova. E ela está aqui nesta página.
A cada nova encarnação de um carro icônico como o Fiesta, você espera que venha uma grande mudança no design. Às vezes ela acontece, às vezes não. Desta vez... não. Você pode até não confundi-lo com o anterior, mas também fica com a impressão de que o time de design não se esforçou muito. É o famoso ditado "em time que está ganhando não se mexe".
Só porque é semelhante ao antigo, isso não quer dizer que o novo Fiesta não seja bonito. Fotos não fazem justiça - os faróis parecem ficar um pouco estranhos em 2D, dá a impressão de um ovo em uma folha de papel. Mas na lataria há muitos ângulos e vincos interessantes para manter seus olhos ocupados. A versão ST Line adiciona saias laterais e spoilers maiores, algo certo para atrair compradores que buscam algo mais do estilo.
O interior é um grande avanço sobre o carro anterior. No lugar onde ficavam um monte de botões e espaço ocupado, agora está uma vistosa tela de 8" (opcional) com o sistema SYNC 3 da Ford e alguns botões do ar-condicionado. Isso significa muito mais espaço na cabine, fazendo ela parecer maior do que realmente é.
A tela funciona bem o suficiente, com os ícones colocados de modo lógico para não te distrair. Ela tem comandos rápidos e permite dar zoom na tela, como num iPhone. No entanto, o SYNC pode ser um pouco confuso para quem não está acostumado com ele - às vezes mesmo para quem está.
O design interior, cada vez mais importante nesta categoria, foi alvo de um trabalho minucioso. Os materiais foram bem escolhidos, os pontos de contato são sólidos e você tem um ambiente bem mais premium do que antes. Quer um Ford barato? Compre um Ka.
O novo Fiesta chega em versões para todos os gostos: Normal, ST Line (esportiva), Active (aventureira) e Vignale (luxuosa). Cada um oferece uma experiência distinta, mas o Vignale chega a custar mais de 21 mil libras (cerca de R$ 85 mil), o que é muito para um Fiesta revestido de couro, não? Pelo lado positivo, a Ford fez uma parceria com a Bang & Olufsen para oferecer aos proprietários (como opcional) um verdadeiro banquete auditivo. Ele estava montado em nosso carro de teste e realmente é sensacional.
O Fiesta não corrigiu, porém, seu principal pecado - o espaço interno acanhado. Assim, o novo volante parece gigante para um carro compacto. E nesta versão 2 portas, acessar o banco traseiro é difícil. Mesmo com os bancos dianteiros deslizantes não vão para frente o suficiente para passar pessoas ou objetos volumosos para o banco traseiro. O espaço lá atrás é justo e as janelas elevadas não deixam passar muita luz. Então o banco traseiro acaba sendo meio claustrofobico.
A Ford tem fama de fazer seus carros compactos fáceis e divertidos para dirigir. Os modelos ST vêm com suspensão mais firme para quem quer uma pitada de piloto em suas vidas; O lado bom é que mesmo assim o Fiesta não é duro ou desconfortável em vias rústicas e ainda é estável e confortável em autoestradas. Oferece mais grip do que você pode precisar quando dirigir, digamos, mais espirituoso.
Obter uma direção direta num carro desses é imperativo, e a Ford fez um belo trabalho no setup do Fiesta. O volante oferece ótimo feedback sem parecer pesado ou muito assistido, como acontece em muitos carros urbanos. Aqui a direção elétrica é leve para a condução urbana e prazerosamente comunicativa na estrada.
O motor 1.0 3 cilindros turbo EcoBoost é uma pequena joia. Disponível com potências que vão de 99 cv a 136 cv, é um propulsor realmente impressionante. Não bebe muito (de acordo com os dados oficiais da Ford) e entrega força mais que decente. Não tem o maior torque do mundo, mas nunca se sente falta de força. A aceleração de 0 a 100 km/h em 9 segundos pode não parecer grande coisa para alguns, mas na prática o carro é mais esperto do que os números podem sugerir.
Então o que podemos concluir sobre o novo Fiesta é que ele é uma versão amadurecida do modelo anterior. É o irmão que foi a Cambridge e conseguiu um diploma de engenharia, comparado com outro que entrou na Edimburgo: ambos muito bons, mas um mais prestigiado.
Talvez por custos, talvez por achar que o carro evoluiu pouco onde precisava, a Ford do Brasil decidiu por não trazer esse novo Fiesta ao Brasil - pelo menos não num primeiro momento. Por aqui teremos um leve facelift com direito a ganhar os faróis (com feixe de LEDs) e lanternas que eram usados no último modelo europeu, além de uma esperada mexida no interior para receber a central multimídia e o acabamento mais refinado que acabaram de estrear no EcoSport 2018.
A dúvida fica em relação à mecânica: será que o Fiesta vai abandonar o câmbio Powershift em favor do automático tradicional, que o Eco recebeu? E o motor 1.5 Dragon de 3 cilindros? O 1.0 EcoBoost vai virar flex? Todas essas questões deverão ser respondidas até o fim do ano, para quando o lançamento do "novo" Fiesta nacional está previsto.
Fotos: divulgação e Motor1.com (flagras)
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