A Renault está muito confiante no novo Captur com câmbio CVT. Mesmo não falando abertamente em números, a marca diz que a nova variante, com duas versões, será responsável por dobrar as vendas do modelo. Se olharmos os números de vendas mensais, isso significa se aproximar do Jeep Renegade e do Ford EcoSport, por exemplo. Ele tem capacidade para tal? Fomos conferir.
A receita é quase conhecida. O câmbio variável é o mesmo já utilizado pela Nissan no Kicks, comercialmente chamado de X-Tronic CVT, e fabricado pela Jetco, empresa do grupo Renault-Nissan. A diferença entre o Kicks e o Captur está na quantidade de marchas simuladas (6 no Renault e 7 no Nissan) e na possibilidade de trocas manuais no Renault. Os SUV divergem também no motor que, por mais que tenham litragem semelhante, o 1.6 SCe da Renault é mais moderno e potente que o utilizado pela Nissan, produzindo 120 cv e 16,2 kgfm de torque com etanol.
Para este primeiro test-drive, utilizamos a versão topo, Intense, com preço inicial de R$ 88.400. Acabamento e interior são idênticos aos da versão 2.0, que passou a custar R$ 91.900.
Já tive experiência anterior com o Captur 1.6 manual - um carro OK. Com isso em mente, chego ao Rio de Janeiro (RJ) e parto em sentido a Niterói (RJ), num trajeto de cerca de 30 km. De cara, sinto como se estivesse dirigindo o Nissan Kicks por conta das respostas do câmbio. Representante de uma nova geração de transmissões CVT, a caixa tem funcionamento suave e privilegia os giros baixos do motor, principalmente na cidade. Também responde prontamente quando necessário, sem fazer o motor gritar.
O trajeto era, em sua maior parte, urbano ou em vias expressas. Nestas situações, o Captur CVT se encaixou bem, mesmo com o modo ECO (que prioriza economia) ativado. Barulho de motor e câmbio? Apenas se apertar o acelerador pra valer e as rotações estiverem no alto. Novamente, a suavidade da transmissão chamou a atenção, bem diferente do que acontece no Captur com motor 2.0 e seu velho câmbio automático de 4 marchas.
Em números, o Captur é mais potente que o Kicks, mas pesa 150 kg extras, o que "afunda" a vantagem na hora do cálculo da relação peso/potência. O troco vem no torque, com menos peso por kgfm do que o primo fabricado em Resende (RJ). Aos menos ficou a sensação que o Renault encara ladeiras com maior desenvoltura, mas isso será comprovado (ou desmentido) num futuro teste instrumentado e na hora que rodarmos com ele em estradas.
Pena que logo chego num trecho mais esburacados e me lembro dos pontos negativos do Captur. A direção, com sistema eletro-hidráulico, é pesada em movimento e na hora de manobrar, e insiste em transmitir as ondulações do piso para as mãos do motorista. Menos no que o 2.0? Absolutamente. Mas ainda incomoda.
Os testes de consumo serão feitos em breve por nós. Mas a Renault fala em médias de 7,3 km/l na cidade e 8,1 km/l na estrada usando etanol, e de 10,5 e 11,7 km/l, respectivamente, com gasolina. Uma leve perda em comparação com a versão manual, mas uma bela vantagem contra a 2.0 automática.
O Captur CVT chega com duas versões: a Zen, de R$ 84.900, e a Intense, de R$ 88.400. De série, traz itens como controles de tração e estabilidade, 4 airbags, Isofix, ar-condicionado (automático na topo), sistema multimídia com GPS (opcional na de entrada) e piloto automático. Como dissemos no começo, a Renault espera que esta nova opção seja responsável por dobrar as vendas do Captur.
Possível? Bem equipado ele veio, mas manter seus defeitos, principalmente no acabamento simples, nesta faixa dos R$ 80.000 complica. Ao seu favor, o Captur tem bom espaço interno, a robustez conhecida da marca no país e um conjunto de motor e câmbio honestos e bem integrados. Vamos ficar de olho nos movimentos do mercado nos próximos meses, mas agora o Captur tem o que o público (e a crítica) pediu.
Por Leonardo Fotunatti, do Rio de Janeiro
Fotos: autor e divulgação
Viagem a convite da Renault
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.597 cm3, duplo comando variável, flex |
POTÊNCIA/TORQUE | 118/120 cv a 5.500 rpm / 16,2 kgfm a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | automática CVT com simulação de seis marchas; tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga-leve aro 17" com pneus 215/60 R17 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambor na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.286 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.329 mm, largura 1.813 mm, altura 1.619 mm, entre-eixos 2.673 mm |
CAPACIDADES | tanque 50 litros; porta-malas 437 litros |
PREÇO | R$ 88.400 (Intense) |
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