Já dirigimos - Na Ferrari GTC4Lusso T, V8 pode alegrar como V12
O V8 substitui o V12, a tração traseira no lugar da integral: a shooting brake favorita dos pilotos?
Um verdadeiro Ferrari Turismo não precisa de tração integral e um grande motor V12, aparentemente. Ou é isso que os clientes da lendária marca italiana de carros esportivos têm dito em grupos de discussão. O motivo disso tudo é esse: Ferrari GTC4Lusso T.
Com muitas semelhanças com a GTC4Lusso aspirada (mesmo a Ferrari insistindo que é um modelo totalmente diferente), o T vem com um motor V8 3.9 biturbo de 618 cv e 0 a 100 km/h em 3,5 segundos.
Não temam, fãs da Ferrari. Ela não substitui a GTC4Lusso "normal". Sim, é mais um estágio do downsizing, mas é simplesmente uma alternativa em vez de uma vitória dos ambientalistas. E é o primeiro Ferrari a ser vendido com opção de motores na história.
Primeiras impressões
Para começar, a Ferrari GTC4Lusso T é fantástica. Você tem de ser um ferrarista viciado (figura não rara nos círculos de amizade) para ver a diferença entre ela e a GTC4Lusso normal. Veja as ponteiras de escapamento únicas e as rodas de aro 20". Fora isso, é tudo igual.
Não que isso seja ruim. Somos grandes fãs do visual das shooting brakes, então não surpreende que achemos a T linda de morrer. As quatro lanternas, a traseira com caimento de wagon e os faróis agressivos combinam para fazer um carro que sempre irá virar cabeças.
Por dentro, você irá encontrar quatro bancos e uma cabine clássica da Ferrari. Isso significa botões no lugar da alavanca de câmbio, bancos envolventes e mais couro que o iate de Eddie Jordan. Enquanto os bancos traseiros são usáveis (mesmo para adultos), não são exatamente luxuosos. A GTC4Lusso T comporta um casal e sua bagagem para uma viagem pela Europa perfeitamente (são 800 litros de capacidade com os bancos rebatidos), mas você se daria melhor em um SUV se planejasse levar a família para esquiar.
Ao volante
Com quase 2 m de largura, a GTC4Lusso T é grande. E não faz questão de parecer menor. O fim do capô está fora da visão. Ela é tão larga que fará seu passageiro se encolher se tentar algo mais arriscado nas estreitas estradas italianas. Você pode questionar a ideia de andar tranquilamente em um GT como este... mas ele é muito bom em andar trocando as marchas cedo, mantendo a rotação baixa e o escapamento quieto, sem chamar a atenção.
Mas não subestime a GTC4 turbo. Desde a partida usando o brilhante botão vermelho, se ouve a presença do motor V8 a quilômetros de distância, o que a faz especial como qualquer outro Ferrari moderno. Vire o Mannetino para o modo Sport, jogue o câmbio para o modo manual, com trocas pelas aletas na coluna do volante, e a GTC4Lusso T oferece um bocado de diversão.
Os turbocompressores não resultam em um empurrão das costas contra o banco, como o esperado, mas não por ele ser lento. A Ferrari trabalhou para eliminar o turbo lag e deixar o torque linear até os 7.500 rpm. Dificilmente você irá sentir falta da versão V12 e de suas 30.000 libras esterlinas a mais no preço... ao menos na performance. No Brasil, nenhuma das duas está à venda até agora.
O menor peso do motor tem um benefício na dirigibilidade. A direção é curta e direta, enquanto a distribuição de peso é de 54% na traseira (52% na V12), o que diminui substerço. A Ferrari trabalhou para fazer a T confiante como os modelos com tração integral e, mesmo andando em estradas sinuosas com os controles de tração ligados, os largos pneus da GTC4Lusso T aparentam ter muito grip. A menos que você use o carro na neve, você não precisará da versão com tração nas 4 rodas.
Não colocamos a Lusso T na pista, mas mudar o Mannetino para o ESC off irá habilitar a mais recente versão do Side Slip Control, que permite ao motorista uma leve saída de traseira antes de retomar o controle e de o carro acabar no muro. Testamos a segunda geração do sistema na 488 GTB e ele faz do pior piloto o mais habilidoso.
A única coisa de que sentimos falta em relação à V12 foi o ronco. Não que ele seja ruim - justamente o oposto, é grosso e chama a atenção. Cá entre nós, o pessoal de Maranello poderia ter trabalhado por décadas para aperfeiçoar o som do V8 e, mesmo assim, ele não seria tão musical quanto o do V12.
Eu compraria uma?
Há melhores opções por menos dinheiro. Mas nenhum levará a família com o mesmo requinte da GTC4Lusso.
No caso da T, a pergunta acaba sendo outra. Em alguns países, o imposto mais baixo para o V8 turbo será interessante. Mas, no Reino Unido, a diferença é de cerca de 30.000 libras esterlinas, como já dissemos. Se você irá pagar 200.000 libras em um Ferrari para seu uso diário, as 30.000 libras a mais não serão problema.
Tirando isso, essa quantia tira apenas 1 segundo da aceleração 0 a 100 km/h e dá mais 14 km/h na velocidade final, além de fazer com que o carro fique com a frente mais pesada e que você visite o posto mais vezes. Para os compradores alvo (de 30 a 45 anos sem a necessidade de um carro com tração integral e não necessariamente ferraristas), a GTC4Lusso T os fará muito felizes. O que mais se deve esperar de um carro de 200.000 libras estelinas?
Fotos: Motor1.com
Galeria: 2017 Ferrari GTC4Lusso T first drive
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