Cerca de quatro anos atrás, quando a Honda trabalhava no projeto do HR-V brasileiro, as pesquisas de mercado feitas pela marca mostraram que havia espaço para um SUV menor e mais acessível do que aquele que estava sendo desenvolvido. Nascia ali o WR-V, uma versão, digamos, cross do Fit. Mas com muito mais mudanças em relação ao carro original do que antigo Fit Twist. Estivemos em Riviera de São Lourenço, no litoral paulista, para uma breve avaliação do modelo.
Ao invés de simplesmente elevar a suspensão do Fit e criar um novo Fit Twist, desta vez a Honda mergulhou mais fundo na ideia de ter um "baby-SUV". A receita incluiu toda uma nova suspensão, além de alterações visuais drásticas na dianteira e suaves nas laterais e traseira. Pena o interior ter ficado praticamente fora da lista de mudanças...
Começando pelo design, o WR-V ganhou grade e capô elevados, para dar aquele ar de robustez, o que incluiu também novos para-lamas e para-choque. Os faróis também são inéditos, com linhas mais agressivas que as do Fit. As rodas são de aro 16" com desenho exclusivo e acabamento escurecido. Na traseira, as lanternas mudam de formato e passam a invadir a tampa do porta-malas, o que fez também com que a placa fosse deslocada um pouco para baixo. Tanto na frente quanto atrás, o para-choque incorpora uma espécie de "peito de aço". Curioso notar que o desenho das proteções plásticas das caixas de roda, com relevo na parte central, se repete em outras partes do carro.
Foi na parte de engenharia, porém, que o WR-V consumiu mais horas de trabalho. Toda a suspensão foi trocada e/ou reforçada em relação ao Fit: braços, buchas, molas, amortecedores, barra estabilizadora mais grossa. Na traseira, a Honda aproveitou o eixo de torção do HR-V, mais rígido. Acabou então que o novato ficou com 199 mm de altura livre do solo (contra 145 mm do Fit), além de ostentar bitolas mais largas. Isso foi necessário para manter a dinâmica do modelo, tendo em vista que o centro de gravidade dele fiou mais alto em relação ao modelo de origem. Por fim, a marca desenvolveu pneus específicos para o WR-V em parceria com a Pirelli. Além do perfil mais alto que o usado no Fit (195/60 R16 contra 195/55 R16), o novo pneu tem a lateral reforçada contra impactos.
Outra mudança mecânica se deu na direção elétrica, que ganhou três pontos de fixação no chassi, contra dois do Fit, além de uma calibração exclusiva. Já o câmbio automático CVT teve apenas as suas relações ajustadas ao maior peso (48 kg) e diâmetro maior dos pneus. O motor 1.5 de 116 cv e 15,3 kgfm de torque é exatamente o mesmo do Fit. A Honda diz que uma versão manual já foi desenvolvida para outros mercados, mas no Brasil a ideia é atacar inicialmente com o CVT, lançando o manual depois caso haja demanda.
Se por fora as alterações visuais lhe dão certa personalidade, por dentro o WR-V é todo sobre o Fit. Painel, bancos, equipamentos, visibilidade e espaço são exatamente os mesmos do monovolume - até o porta-malas leva os mesmos 363 litros. Isso é bom por um lado, porque o Fit é extremamente espaçoso para o seu tamanho e tem acabamento bem-feito, mas deixa a desejar por não fazer o consumidor sentir que comprou um carro diferente - e mais caro. A única diferenciação promovida pela Honda foi no tecido dos bancos e laterais de porta, com opção de sub-forro laranja ou cinza. Merecia ao menos um volante próprio e um cluster com grafismos mais "esportivos".
Tamanha dedicação ao "chão" do WR-V teve resultado: você percebe de cara a altura do solo elevada quando se acomoda no banco do motorista, e percebe que tudo passa mais suave por debaixo do carro. Sim, enquanto o Fit e mesmo o HR-V são "durinhos" (o segundo até demais para um SUV), o novo Honda se revela bastante confortável, com sobra de ângulo de entrada para passar por valetas e uma capacidade de absorção de impactos melhor que a dos irmãos. Aproveitamos as ruazinhas de pedra e areia de Riviera para testar a suspensão e, mesmo passando rápido por buracos e "costelas de vaca", não sofremos com os sacolejos na cabine, nem com barulhos vindos da parte inferior do veículo.
Passando ao asfalto da estrada, a boa notícia é que as bitolas mais largas acabaram por compensar a maior altura da carroceria, enquanto a direção é leve, mas sem ser muito anestesiada. Ou seja, o WR-V continua bem-equilibrado como se espera de um Honda. A rolagem da carroceria é um pouco maior que no Fit, mas nada que comprometa a dirigibilidade. O mesmo vale para o desempenho. Apenas um pouco mais pesado e com área frontal maior, o WR-V demora um pouco mais para embalar, mas ainda entrega respostas satisfatórias em saídas e ultrapassagens. Para ficar melhor, o CVT poderia ter simulação de marchas como no HR-V, pois quando pisamos fundo, o motor 1.5 se põe a gritar e o ruído adentra a cabine além do desejado.
Números de performance e consumo deverão ser um pouco inferiores na comparação com o Fit, o que descobriremos em breve num teste completo.
O WR-V será vendido em duas versões, EX e EXL, sempre com câmbio CVT e sem opcionais. Como itens de série do EX (R$ 79.400), se destacam a direção elétrica, ar-condicionado (analógico), central multimídia com tela de 5", câmera de ré, computador de bordo, piloto automático, volante multifuncional em couro, Isofix para cadeirinhas infantis, banco do motorista com regulagem de altura, coluna de direção com regulagem de altura e profundidade, faróis com luzes diurnas em LED, faróis de neblina, rodas de 16", barras de teto e airbags frontais e laterais.
A EXL adiciona os airbags de cortina, totalizando seis bolsas, e a central multimídia com tela de 7" e acesso a internet mais GPS, por R$ 83.400. Mesmo com preços, digamos, salgados, a Honda espera vender 17 mil unidades do modelo somente neste ano.
Ainda na parte de equipamentos, apesar dos seis airbags na versão de topo, a Honda falha por não oferecer o controle de estabilidade nem como opcional. Mais uma herança do Fit.
Fotos: Caio Mattos (Honda) especial para o Motor1
MOTOR | dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.497 cm³, comando simples variável na admissão, flex |
POTÊNCIA/TORQUE | 115/116 cv a 6.000 / 15,3 kgfm a 4.800 rpm |
TRANSMISSÃO | automática CVT, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve de aro 16" com pneus 195/60 R16 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS e ESP |
PESO | 1.149 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.000 mm, largura 1.734 mm, altura 1.574 mm, entre-eixos 2.555 mm |
CAPACIDADES | porta-malas 363 litros; tanque 45 litros |
PREÇO | R$ 83.400 |
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