Em fevereiro deste ano, quando a van/furgão Hiace começou a ser montada em Zárate, na Grande Buenos Aires, o presidente da Toyota Argentina, Gustavo Salinas, destacou-se dos demais colegas do setor automotivo e declarou: "Sou otimista".
Em meio a previsões de uma queda de até 38% nos emplacamentos de veículos para 2024, com um mercado estimado em apenas 230 mil unidades, Salinas afirmou: "Na Toyota Argentina, estamos projetando um ano com 380 mil unidades. Sabemos que alguns colegas do setor preveem um mercado menor, mas, segundo as variáveis que analisamos, em alguns cenários, podemos projetar até mais de 400 mil unidades emplacadas (alguns dizem que o mercado fechará em 380 mil, outros falam em 410 mil)".
O presidente da Toyota Argentina realizou ontem uma coletiva de imprensa para fazer um balanço de 2024 por lá. Ele também anunciou alguns planos para 2025, além de dar pistas sobre o lançamento de novos produtos.
Fábrica da Toyota em Zárate (Argentina)
Desde janeiro, a filial argentina já exportou 45.500 Hilux e SW4 para o Brasil (a partir do primeiro semestre do ano que vem virá também a Hiace). O Brasil, por sua vez, enviou 39.846 Yaris, Corolla e Corolla Cross para a Argentina. Abaixo, os trechos mais destacados da coletiva:
"Estamos encerrando o ano com um balanço positivo. Um dos grandes desafios foi a exportação, uma verdadeira tempestade perfeita com problemas em mercados como Chile, Peru e Colômbia, que nos obrigaram a reduzir o ritmo em Zárate. Vamos terminar o ano com 168 mil unidades produzidas, trabalhando horas extras para recuperar alguns turnos perdidos".
"Hoje, a Colômbia está mais estável, e o Chile continua sendo o único mercado que ainda não se recuperou. Ter uma fábrica com três turnos de produção não é algo comum no mundo Toyota: exige muito esforço, mas vamos manter, pois a demanda existe. A logística global complicou-se muito devido à guerra na Ucrânia e ao fechamento do cruzamento do Mar Vermelho, o que nos custou quase um dia e meio de produção. Por isso, tivemos que compensar trabalhando alguns finais de semana. No próximo ano, estaremos muito próximos do limite da nossa capacidade instalada, que é de 180 mil unidades."
"Acreditamos que, na medida em que a macroeconomia se mantenha estável, não deveremos ter uma desvalorização abrupta (do peso argentino) nem grandes movimentos no mercado financeiro em 2025. Esperamos que a inflação continue desacelerando, e, por isso, imaginamos um mercado interno (da Argentina) com mais de 500 mil unidades no próximo ano. Já hoje estamos trabalhando a um ritmo anualizado de mais de 500 mil unidades."
"Nosso principal mercado de exportação é o Brasil, e hoje nossa Hilux é líder de vendas, com recorde de volume e participação de mercado. A demanda do Brasil nos permitirá aumentar o volume de produção em Zárate no próximo ano."
Toyota Yaris Cross (Tailândia)
Aqui cabe uma observação: Gustavo Salinas não mencionou o nome do novo modelo que será produzido no Brasil a partir do próximo ano, mas sabe-se que é o esperado Yaris Cross. Sobre isso, o executivo disse que "no próximo ano, teremos um novo produto compacto e híbrido. Sabemos que será um sucesso e confiamos que continuará tendo grande aceitação do público. O novo modelo pode chegar à Argentina no segundo semestre de 2025."
"A renovação do Corolla Cross teve um resultado espetacular no mercado. Hoje, uma em cada duas unidades vendidas (na Argentina) é da versão híbrida. E isso sem prejudicar as vendas do Corolla Sedã, cuja demanda continua muito sólida. Ainda temos lista de espera, principalmente para os modelos híbridos. Atualmente, a espera para o Corolla Cross Hybrid chega a três meses, e para o Yaris, um pouco menos de dois meses."
"Estamos trabalhando para atingir nosso objetivo histórico de produzir uma Hilux eletrificada em Zárate. No entanto, ainda não temos uma data definida. Atualmente, a Toyota não possui, em todo o mundo, um motor híbrido (seja a diesel ou a gasolina) para a Hilux. A opção Mild Hybrid (de 48V) pode oferecer melhorias em relação ao trem de força atual. Continuamos acreditando que a tecnologia híbrida terá maior relevância global em comparação com os veículos 100% elétricos."
Toyota Hilux Champ
"Este ano, lançamos a Hilux Stout (Champ) no Peru. Trata-se de uma picape de trabalho mais simples e com preço mais acessível que a Hilux. O plano para a Argentina ainda está em análise. Uma possibilidade é trazê-la primeiro como veículo importado, avaliar a resposta do mercado e, só depois, decidir por uma possível produção local".
Salinas relembrou que esta estratégia foi o que fizemos com a Innova (que não teve sucesso) e com a Hiace (que funcionou bem). "Claramente é um produto em nossa agenda de possibilidades. É um projeto difícil porque se baseia na Hilux, mas com um custo ao cliente muito mais acessível. O desafio é ser muito preciso com os números. Atualmente, estamos vendo uma demanda ótima no Peru, e isso pode representar uma oportunidade para incluí-la na Argentina. Caso a demanda cresça, é possível abastecer com esse produto desde a Argentina. A Hilux Stout é versátil, permite diferentes conversões para trabalhos variados e tem preço acessível.", finalizou.
"Este é um desafio para 2025 e um dos grandes temas globais. Nos Estados Unidos e na Europa, barreiras tarifárias estão sendo impostas contra carros chineses. Nós estamos enfrentando isso em muitos mercados de exportação, como Chile, Peru e Equador, onde 25% do mercado está nas mãos de marcas chinesas. Entretanto, há um efeito interessante: o comprador de carros chineses geralmente busca o mais novo, moderno e barato. Mas esse fenômeno nem sempre se sustenta ao longo do tempo. Quando os chineses chegaram ao Brasil, houve um impacto inicial. Porém, a verdade é que hoje a Toyota não sofre a concorrência dos carros chineses no Brasil."
Toyota Hiace 2024 - Argentina
Sobre a chegada da rival da Fiat Ducato ao Brasil também, salinas informou que "Seguimos com o plano de produção em Zárate, conforme o previsto. Já produzimos mil unidades, com boa demanda nas versões de carga e passageiros, graças à transmissão automática. A capacidade anual é de 2 mil unidades, e queremos alcançar esse objetivo em 2025. Nosso plano de médio prazo é atingir 4 mil unidades anuais, com o objetivo final de 10 mil unidades, incluindo mercados de exportação."
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