Ao mesmo tempo em que renova sua joint-venture com a SAIC e anuncia o lançamento de 18 inéditos veículos até 2030, a Volkswagen também começa a se desfazer de parte de sua estrutura operacional na China. Prova disso é a venda da fábrica de Urumqi, localizada na província de Xinjiang, para a estatal Shanghai Motor Vehicle Inspection Certification (SMVIC). A unidade foi inaugurada em 2013 e até 2019 era responsável pela produção do Santana.
A venda da planta de Urumqi (junto com duas pistas de testes) ocorre após anos de pressão externa e denúncias de abusos contra a população local uigur (grupo étnico de predominância muçulmana). A mídia vinha relatando ao longo dos últimos anos denúncias de condições de trabalho precárias e acusações de violações de direitos humanos. A Volkswagen afirma que promoveu auditoria para investigar o caso e alegou não ter encontrado nenhuma evidência das acusações.
Além da China, a Europa também pode ser diretamente afetada pelo programa de corte de custos promovido pela Volkswagen para sair da crise. Na Alemanha, a marca já fala oficialmente na possibilidade de fechamento de fábricas e pelo menos três plantas estão na berlinda, especialmente as unidades de Dresden e Osnabruck, que atualmente produzem os modelos ID.3, T-Roc Cabriolet e os Porsches Cayman e Boxster. A terceira, até então desconhecida, provavelmente será a planta de Emden (ALE), que atualmente produz os modelos ID.4, ID.7 e ID.7 Tourer.
A crise que afeta diretamente as finanças da Volkswagen tem origem tanto na Europa quanto na China. De acordo com Arno Antlitz, que lidera os setores financeiro e operacional da marca, o mercado europeu encolheu consideravelmente depois da pandemia e provavelmente não voltará ao patamar comercial de antes. Com esse recuo, a Volkswagen deixará de vender pelo menos 500.000 carros por ano, afetando diretamente as previsões de lucro e gerando ociosidade nas fábricas.
Para piorar, a Volkswagen não tem mais os "cheques vindos da China", como disse o próprio CEO Oliver Blume. O país foi por décadas a 'galinha dos ovos de ouro' da montadora, mas passou por mudanças profundas nos últimos anos. O consumidor chinês, até então fiel comprador de marcas estrangeiras, migrou para fabricantes locais e consolidou sua preferência doméstica em detrimento de opções europeias. A liderança histórica da marca no país foi perdida em 2023 para a BYD.
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