O Volvo EX30 está entre os carros elétricos mais badalados nos últimos meses. O SUV compacto do segmento B tem relação preço/desempenho extremamente atrativa, além de oferecer qualidades como bom conforto geral e um design de agrado internacional.
Mas como a empresa sueca chegou ao EX30? Tudo começou há quase meio século, com Elbil…
O avô de todos os Volvos elétricos atuais foi um estranho carro conceito. O Elbil (nome que significa simplesmente “automóvel elétrico” em sueco) nasceu como um experimento da marca parcialmente financiado pela Televerket, estatal escandinava de telecomunicações. Os protótipos mediam apenas 2,46 m de comprimento. Para comparar, eram 23 centímetros mais curtos que os Smart ForTwo de segunda geração (2006–2014).
Dois exemplares foram apresentados em 1976: um carro de entregas, com dois lugares, e outro, para passageiros, com quatro lugares. Construídos na Volvo, os protótipos foram utilizados pela Televerket em viagens curtas para transportar seus funcionários por Gotemburgo ou distribuir encomendas, sem produzir emissões. Cada carrinho era alimentado por doze baterias de seis volts, proporcionando 50 km autonomia ou duas horas de condução.
Como não foram concebidos como automóveis destinados ao grande público, mas sim como veículos para serviços simples, os dois protótipos do Elbil não exibiam formas particularmente atrativas, ainda que fossem funcionais para a utilização a que se destinavam. Em resumo: pareciam caixotes de papelão com rodas de carrinho de golfe.
Os Elbil foram construídos quase que inteiramente com componentes feitos sob medida, embora algumas das peças tenham sido aproveitadas dos Volvo de série - caso das maçanetas, cedidas pelos sedãs e station wagons “quadradões” da linha 240. O interior era o mais simples possível, com uma prancha vertical servindo como painel: ali havia dois voltímetros, um velocímetro e uma chave geral. Os vidros das portas eram divididos horizontalmente. Para arejar o ambiente, a metade inferior da janela era basculada para cima por meio de uma dobradiça, como no Citroën 2CV.
O Volvo Elbil também trazia quatro cintos de segurança de três pontos e encostos de cabeça para os passageiros da frente, equipamentos que não eram tão óbvios nos subcompactos da época.
Para conseguir encaixar quatro assentos nesse pacote supercompacto, a Volvo pôs dois motores elétricos integrados ao eixo traseiro, que podiam levar o carrinho à velocidade máxima de 69 km/h. Mas, para poupar as baterias, não era aconselhável pisar tão forte, daí que a Volvo recomendava velocidades de cruzeiro entre 45 e 50 km/h.
O Elbil pesava uma tonelada, algo impressionante para um carro tão pequeno. Somente suas baterias de chumbo-ácido, a tecnologia disponível na época, pesavam 300 quilos e levavam dez horas para serem recarregadas.
Apesar das crises do petróleo nos anos 70, e a constante ameaça de fim das reservas de combustíveis fósseis, não houve interesse em prosseguir com o projeto do Elbil. Lentos, pesados e com recarga demorada, carros elétricos não eram levados a sério na época.
Somente nos anos 90 é que a Volvo voltaria a estudar a eletrificação por meio dos conceitos ECC e 850 Hybrid (híbridos em que uma turbina a gás gerava energia para um motor elétrico). Já a HEV 98 nada mais era que uma station wagon Volvo 850 com um protótipo de sistema híbrido tocado por motor de três cilindros a gasolina. Isso em 1998! Entre 2011 e 2013, a marca sueca produziu uma série limitada do C30 em versão elétrica pura. Começava aí um processo sem volta.
Visto pelos olhos de hoje, o Elbil mostra o tanto que a tecnologia dos carros elétricos já evoluiu nas últimas décadas. Uma visita ao World of Volvo em Gotemburgo, na Suécia, permite conhecer de perto esse carrinho pioneiro, bem como outros modelos e veículos comerciais históricos da marca.
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