Com o anúncio do programa Mover para a indústria automotiva e o fim da disputa pela renovação dos incentivos fiscais no Nordeste, a Stellantis prepara-se para dar o próximo passo no país. Emanuelle Cappellano, novo COO da empresa na América do Sul, revelou que a fabricante fará o anúncio de um novo ciclo de investimentos no final de fevereiro, com a promessa de ser o maior aporte da história da indústria automotiva no país.
Cappellano revelou os planos na última sexta-feira, em uma conversa rápida com jornalistas durante o anúncio da aquisição da DPaschoal. O executivo não entrou em detalhes, pois é o período de fechamento do ano fiscal para todas as empresas, então o valor exato só será revelado durante o anúncio. A dona da Citroën, Fiat, Jeep, Peugeot e Ram havia programado um pacote de R$ 16,2 bilhões até 2025 e este novo aporte será a sequência.
O ciclo atual ainda está em vigor e trará o primeiro carro com motor híbrido-flex da empresa produzido no Brasil. Neste caso, será feito em Goiana (PE), com lançamento previsto ainda para 2024. Deverá ser um veículo usando um sistema híbrido-leve de 48V, embora o projeto Bio Hybrid preveja a produção de modelos híbridos, híbridos plug-in e até elétricos no país em algum momento. Outro projeto que finalmente ganhará vida é a picape média Titano, que atrasou e foi empurrada para este ano.
Já o novo investimento deve trazer a renovação da linha atual de toda a empresa. Modelos como da Fiat como Argo e Cronos, e da Jeep como Renegade e Compass estão passando do ciclo normal de vida de um carro. O Renegade, por exemplo, comemora 10 anos de vida no mercado global este ano (chegou ao Brasil em 2015). O novo aporte pode ser utilizado para renovar as fábricas em Betim (MG) e Goiana (PE) para produzir novas plataformas a serem usadas nos próximos veículos – no caso, a arquitetura CMP montada em Porto Real (RJ) para os Citroën C3 e C3 Aircross.
Em paralelo, Cappellano comemorou as vitórias que a empresa conseguiu nos últimos meses. Uma delas é mais específica, com a prorrogação do Regime Automotivo do Nordeste, feita em dezembro passado e que permitiu que a empresa continuasse a ter os benefícios fiscais até 2032. A fabricante chegou a ameaçar reduzir os investimentos caso perdesse a extensão. O executivo repete o argumento usado até então pela fabricante, de que a região Nordeste é menos competitiva por estar longe da cadeia produtiva, então os incentivos “criam condições de igualdade”.
A segunda vitória é mais geral, pois era esperada por toda a indústria, com o anúncio do programa Mover. As regras específicas ainda não foram anunciadas, mas contemplará o uso de tecnologias para a descabonização, desde etanol até veículos elétricos e hidrogênio verde. O novo regime automotivo servirá de norte para direcionar os investimentos no país.
Hoje, a Stellantis domina o mercado brasileiro, correspondendo a 31,4% das vendas feitas em 2024 de carros e comerciais leves, somando as cinco marcas que se encontram no país.
Fonte: Automotive Business, AutoData
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