A Renault aposta em inovação e tecnologias avançadas em seu processo produtivo. No ano em que completa 25 anos de presença no Brasil, visitamos o Complexo Ayrton Senna em São José dos Pinhais (PR) para conhecer na prática todos os conceitos que fazem parte do chamado metaverso industrial.
Antes de falar da fábrica em si, é importante destacar o principal elo que faz toda a engrenagem funcionar: as pessoas. Toda tecnologia aplicada depende fundamentalmente do engajamento dos colaboradores. Entender que a tecnologia chegou para otimizar o trabalho, facilitar a comunicação, melhorar a qualidade dos processos e garantir a qualidade são pontos que todos os funcionários assimilaram e melhoraram. Em qualquer ponto da fábrica, os profissionais estão, literalmente, conectados na mesma estratégia.
Isso se reflete também nos equipamentos. No caso da Renault Group, englobando todas as fábricas, imagine que 100% das linhas de produção são conectadas, o que inclui 8.500 equipamentos, monitoramento permanente de 90% dos fluxos de abastecimento e hospedagem de 100% dos dados-chave do Supply Chain na nuvem. O resultado é uma verdadeira réplica do mundo físico, monitorada em tempo real.
O Metaverso Industrial da Renault do Brasil, inspirado no modelo global do Grupo, recebe as tecnologias mais avançadas do processo industrial. Inteligência artificial, máquinas e postos de trabalho conectados, gêmeo digital (que vamos explicar mais a frente), mineração de dados, impressão 3D e AGVs (veículos guiados automaticamente) são algumas das soluções aplicadas, tornando-se parte onipresente em todas as etapas da produção dos veículos.
AGV - Veículo roda sozinho pela fábrica levando componentes
Esse ambiente virtual oferece uma melhor visibilidade do ambiente de trabalho, permitindo que todos os envolvidos ganhem agilidade e autonomia. Essa abordagem tecnológica rendeu à Renault do Brasil o título de "Advanced 4th Industrial Revolution (4IR) Lighthouse" pelo Fórum Econômico Mundial, reconhecendo-a como uma planta referência em ações envolvendo a indústria 4.0. É a única fábrica automobilística da América Latina com este título.
Todos os processos e componentes são rastreáveis
Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil, ressalta que a adoção dessas tecnologias torna o processo produtivo mais eficiente e melhora a qualidade final dos produtos, garantindo um controle preciso e em tempo real de todas as etapas da produção de um automóvel.
1 bilhão de dados por dia
O Metaverso Industrial da Renault do Brasil teve início em 2016, com a implementação de infraestrutura de Wi-Fi nas fábricas, permitindo conectividade em toda a planta. Além disso, os aplicativos digitais e tablets foram adotados para 100% da equipe de líderes de produção, eliminando o uso de papel como ferramenta de controle do processo produtivo.
A exploração dos dados coletados pelo sistema permitiu o controle da Supply Chain, desempenho energético e emissões de carbono, com 80% dos processos escaneados entre 2019 e 2021. Atualmente, o Metaverso Industrial da Renault movimenta um bilhão de dados por dia em todos os sistemas conectados globalmente.
Colaboradores ganham tempo com a tecnologia
Essa infraestrutura tecnológica resulta no fim das contas e uma maior confiabilidade no processo de produção, refletindo na qualidade dos produtos entregues aos clientes. A rastreabilidade digital precisa também é um dos benefícios oferecidos pelo Metaverso, permitindo que cada veículo seja rastreado em todas as etapas da produção. Isso significa que no caso de um veículo ter alguma falha após ser entregue ao cliente, é possível rastrear desde o processo de montagem a até mesmo eventual problema não identificado em peças, corrigindo a falha na origem.
Visualização mundial em tempo real
Réplica da produção em ambiente virtual
O Metaverso Industrial da Renault no Brasil gerencia cerca de 700 robôs, processa mais de 26.000 imagens diariamente usando inteligência artificial, imprime mais de 10.000 peças por ano no Centro de Impressão 3D e controla mais de 346 Veículos Guiados Automatizados, aumentando a agilidade e o desempenho na fabricação. Além disso, a tecnologia de Gêmeo Digital implementada na linha de montagem de rodas, replica visualmente todo o processo operacional de forma digital com imagens em 3D, eliminando a presença física de um especialista. Com esta tecnologia, é possível "assistir" ao processo em tempo real em qualquer parte do planeta.
Toda operação é digital, sem folhas de papel
Durante a nossa visita na fábrica, notamos que o pilar para aceitação das novas tecnologias foi o engajamento de todos os colaboradores, em todos os níveis. Todos, sem exceção, entendem que as novas ferramentas conectadas vieram para otimizar o trabalho, evita desperdícios e até mesmo gera economia, como a eliminação total de papel na linha de montagem.
Realidade Virtual: economia de tempo e custos em treinamento
Experimentamos o equipamento de treinamento com realidade virtual e podemos dizer que é realmente incrível. A Renault destaca que, com a introdução do sistema de treinamento em 3D, economiza milhões de euros apenas em treinamento, pois não é preciso parar a linha de montagem. Toda a atividade é modelada em 3D, o que agiliza o início do treinamento para a introdução de um novo modelo para apenas 3 semanas ante 4 meses do processo convencional.
Fábrica pronta para o futuro
Todos os funcionários sabem, mas ninguém comentou nada sobre o novo SUV 1.0 Turbo Flex que será lançado em 2024. A fábrica já está preparada para receber a plataforma CMF-B, que dará origem a uma nova família de veículos mais modernos e tecnológicos.
Posto de trabalho conectado
Em resumo, o que vimos é uma fábrica extremamente moderna, totalmente conectada e pronta para produzir veículos com altíssima qualidade. Particularmente, já visitei muitas fábricas pelo mundo e pela 1ª vez consegui visualizar o que é uma Fábrica 4.0. Para que você tenha uma ideia, você não conseguirá encontrar nenhuma caneta em qualquer ponto da linha da montagem. É tudo digital.
Com a chegada da nova plataforma, a Renault já se mostra preparada para o futuro. Neste primeiro momento com veículos com motores térmicos, no segundo momento eletrificados (já confirmado com tecnologia híbrida) e, futuramente, também com veículos elétricos.
Veja também