Se você não andou em uma, ao menos já viu passando na rua. A versão de passageiros da Sprinter, a Van, é figurinha carimbada nos ramos de transporte executivo e também pode ser vista nos translados de hotéis e fazendo uma ponta no transporte intermunicipal de universitários para os arredores dos grandes centros, além de outras diversas aplicações.
O Motor1.com Brasil traz com exclusividade a avaliação da Mercedes-Benz Sprinter Van 517 20+1, modelo que, como avaliado, já custa R$ 389.899,80 (ICMS de 12%). No entanto, para levar mais passageiros que ela, é preciso recorrer a um microônibus, pois rivais como Fiat Ducato e Ford Transit não passam de 19 lugares. Mas é o tamanho a única receita do sucesso da Sprinter?
Na configuração de 21 lugares (1 motorista e mais 20 passageiros), a Sprinter 517 usa o que a Mercedes-Benz chama de chassi "Extra-longo prolongado". Com 5 toneladas de peso bruto total (PBT), exige carteira de habilitação D - a mesma usada para ônibus - e também traz tacógrafo para registrar o tempo e a velocidade dos percursos realizados pelos motoristas. Aqui fica um porém, pois a Sprinter ainda traz de série o tacógrafo com disco físico, tecnologia antiga no segmento.
São 7.367 mm de comprimento, 4.325 mm de entre-eixos, 2.345 mm de largura (com espelhos) e 2.857 mm de altura contando o ar-condicionado traseiro que fica instalado no teto. A Mercedes-Benz também divulga que a 517 pode levar mais 2 toneladas em carretinha, algo muito comum nos ramos de viagens e hotéis, por a configuração de 21 lugares não ter um porta-malas propriamente dito, apenas alguns maleiros no teto e um espaço sob a última fileira de bancos sem nenhuma separação do restante da cabine.
Uma das novidades para a linha 2023 tanto para a Sprinter 417 quanto para a 517 foi a introdução do motor OM654, um 4-cilindros turbodiesel com 1.950 cm3 de capacidade. Nas Sprinter 417 e 517 ele está programado para entregar 163 cv de potência e 40,8 kgfm de torque. A tração continua sendo traseira e a transmissão, que ainda é somente manual de seis marchas, também não mudou. Na comparação com as antigas 415 e 515, houve um ganho de 20 cv e de 7,1 kgfm de torque.
A Sprinter Van 517 testada trazia o pacote mais completo de equipamentos. De série, já tem tomadas USB-C para todas as fileiras de bancos, rádio com Bluetooth, partida por botão, duplo airbag frontal, coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, vidros elétricos dianteiros, espelhos elétricos com aquecimento, alarme, luz diurna e faróis de neblina.
A unidade testada ainda conta com controle de cruzeiro convencional e a central multimídia. Além da disponibilidade de Android Auto e Apple Car Play, a central ainda traz a tecnologia de reconhecimento de voz para alguns comandos simples no carro, itens inclusos com o Pacote Premium. Na parte de segurança, a Sprinter Van 517 já traz freios a disco em ambos os eixos com ABS, controle de tração e estabilidade, assistente de vento lateral, alerta de fadiga do motorista e assistente de partida em rampa.
A configuração de assentos leva o motorista e mais dois ocupantes na fileira dianteira, estes com cintos de 3 pontos. Atrás, são fileiras de dois ou três lugares com um corredor ao centro, deixando sempre um banco isolado e a última leva quatro pessoas. Todos os bancos são de tecido e os traseiros contam com encosto de braço nas posições que ladeiam o corredor. Tirando os dois encostos dos bancos nas pontas da última fileira, são todos reclináveis. No entanto, quem vai atrás conta somente com cintos abdominais.
Tocar uma Sprinter 517 é algo para motorista profissional mesmo. Alta, larga e extremamente longa, exige planejamento prévio para não passar aperto nas ruas. O balanço traseiro é comprido e entrar de ré na baliza ganha mais um elemento: não jogar o parachoque traseiro no muro e nem pegar um pedestre desavisado na calçada. Como o carro estava equipado com câmera de ré e tinha os espelhos menores na base com ângulo aberto, porém, não foi tão difícil dominar as manobras de estacionamento.
Também pedi para meu pai, perueiro escolar de longa data e outro único habilitado que conheço para andar numa Sprinter 517, e a opinião dele foi a mesma que a minha. Tocar a van da Mercedes hoje está muito mais para um carro do que para um ônibus. O maior peso da grande carroceria e os bancos extras amansam a suspensão traseira, que pula pouco quando vazia apesar do rodado duplo no eixo de trás.
Na estrada, a Sprinter também é silenciosa na condução e tem uma boa postura de condução. Também não poderia ser diferente, pois a 517 é um carro em que se passa o dia inteiro dirigindo a trabalho. A visibilidade traseira é bem prejudicada e o espelho interno serve muito mais para monitorar os passageiros do que o trânsito. Aí parte-se para confiar nos espelhos externos, que têm bom ângulo. Sentado alto no banco do motorista, a visibilidade dianteira é boa, mas ainda é preciso ficar atento com o bico da Sprinter, que não tem sensor.
Mas aí vem uma crítica minha que vem se tornando comum para o segmento de furgões e vans comerciais. A Sprinter tem uma questão comum a todos os motores 2.0 turbodiesel de quatro cilindros, que é ainda mais acentuado pelo tamanho do modelo Van 517. Abaixo de 1.500 rpm, não tem disponibilidade de torque. Para esticar uma marcha a ponto da próxima entrar acima dessa faixa de rotação e pegar o fôlego pleno do turbo, vai fazer a troca a quase 3.000 rpm, rotação alta para um motor a diesel.
Da mesma forma, você vai precisar aprender a deduzir qual marcha usar para encarar ladeiras. Ou você embala para manter a marcha, ou reduz e fica pendurado na mesma marcha a velocidades menores até vencer o zênite da subida - não é a toa que se exige motorista profissional neste mercado de vans, tem que saber tocar! Se não forem trechos longos de estrada, a constante troca de marchas vai cansar.
É aí que o caldo começa a entornar para a Sprinter. A Ford já oferece uma Transit Van de 18 lugares (motorista mais 17 passageiros). Não tem a mesma capacidade de assentos, mas, por R$ 358.900, já entrega potência similar e câmbio automático de 10 marchas, para tirar esse estresse da troca constante de marchas dos ombros (ou das pernas) do motorista.
E não é só isso que a Transit Minibus tem a mais para facilitar a vida do profissional. A van já conta com itens como frenagem autônoma de emergência, controle de cruzeiro adaptativo, assistente de permanência em faixa e uma tela de LCD de 4,2" ao centro do painel de instrumentos para mostrar as funções do computador de bordo. Mais segurança para quem dirige que para quem vai de passageiro. Falando nisso, a Sprinter oferece apenas cintos abdominais nos bancos traseiros. Na Transit, são de três pontos para todos.
Então como que a Sprinter ainda é a mais escolhida? No final do dia, é um produto sólido e bem construído e conta com décadas no mercado e uma rede de concessionárias grande e conhecida. Quando se gasta quase R$ 400 mil em uma ferramenta de trabalho, é bem mais difícil arriscar em algo novo. Nesse nível de cálculo, um bom conhecido vale mais que um estreante. A Sprinter Van 517 cobra bastante pela sua fama comprovada de confiabilidade, mas as novas concorrentes já começaram a aparecer no espelho.
Mercedes-Benz Sprinter Van 517 20+1
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