O sucesso da Harley-Davidson criou um "pepino" para a marca. Tem uma legião de fãs para suas grandes estradeiras, mas sempre que tenta fazer uma moto diferente é criticada por eles. E quando não o faz, fica limitada ao público de sempre. A Pan America, aventureira, foi o primeiro passo da renovação, mas como era algo totalmente fora do espectro de atuação da empresa, está trilhando um caminho só dela.
Agora, a Harley-Davidson lançou no Brasil a Sportster S. A moto tem um visual ainda remanescente de suas estradeiras, mas o motor mais moderno e as linhas mais agressivas também a fazem apelar a pessoas fora da esfera de influência da empresa. E aí a responsabilidade é bem maior, pois é claramente uma Harley e usa um nome querido dentro da marca e que é usado desde 1957. Seu preço parte de R$ 125.900 para a cor Vivid Black, enquanto White Sand Pearl, Gray Haze e Bright Billiard Blue saem por R$ 128.800. É o mesmo valor da pré-venda, que foi iniciada em janeiro.
A Harley-Davidson Sportster S trouxe um visual bem mais moderno, ainda que dentro das linhas clássicas de estradeira. Ele mescla alguns elementos da Fat Bob, como o farol retangular, com linhas inspiradas nas motos “flat track” de competição, como a XR 750, algo que pode ser visto na dupla saída de escape elevada. Na frente, a roda de menor diâmetro com pneu largo lembra um pouco das antigas Sportster Forty-Eight com um um visual ao estilo Bobber.
O coração da nova Sportster S é o mesmo da Pan America. Ao centro do chassi aparece o propulsor Revolution Max, bicilíndrico em V de 1.252 cm³, mas com o sobrenome T, pois a novidade tem diversas soluções exclusivas. Entre elas estão válvulas menores nos cabeçotes para acelerar o fluxo de ar e câmaras de combustão menores. A caixa do filtro de ar e o comando de válvulas também mudam e a Harley promete um motor com respostas melhores em baixas e médias rotações.
Os números revelados pela fabricante mostram que o motor da nova Sportster S entrega 121 cv de potência a 7.500 rpm e 13 kgfm de torque a 6.000 rpm. O câmbio tem 6 velocidades e a transmissão final é feita por correia. Pesando 228 kg em ordem de marcha, a velocidade máxima declarada é de 220 km/h. Entre as principais medidas, tem 2.270 mm de comprimento e a altura do assento é de 765 mm. O tanque é relativamente pequeno, com 11,8 litros de capacidade.
Para controlar a moto, a Harley-Davidson lançou mão de uma balança traseira em treliça, com amortecedor único fornecido pela Showa e dotado de regulagem de pré-carga e reservatório remoto. Na frente, o garfo telescópico invertido também é Showa, contando ainda com tubos de 43 mm de diâmetro.
As rodas têm 17 polegadas de diâmetro na dianteira e 16 polegadas na traseira, ambas calçadas por pneus Dunlop GT503. As medidas, respectivamente, são 160/70 R17 e 180/70 R16. O sistema de freio é fornecido pela Brembo. A dianteira conta com disco simples de 320 mm de diâmetro e pinça com 4 pistões. Na traseira, o disco tem 260 mm e pinça de dois pistões.
A parte tecnológica é complementada com 5 modos de condução selecionáveis (dois customizáveis, Road, Sport e Rain), controle de tração, controle de empinada, sensor inercial de 6 eixos e ABS atuante em curvas. Também são de série o controle de cruzeiro e o sistema de monitoramento da pressão dos pneus, entre outros.
Toda a iluminação da nova Sportster S é feita por lâmpadas de LED, enquanto a moto conta ainda com um painel digital redondo e colorido, com tela de TFT com 4 polegadas de diâmetro. Por meio dele é possível ter acesso também aos sistemas conectados via Bluetooth, como música e navegação, mas, para o último, é preciso utilizar um aplicativo próprio da Harley-Davidson. A tela ainda pode projetar instruções de navegação ponto a ponto e há uma tomada USB-C para o carregamento de aparelhos.
O contato com a Sportster S 2023 foi bem curtinho, nos arredores de uma concessionária da Harley-Davidson na capital paulista, mas já deu para notar algumas coisas. A primeira foi um susto no bom sentido. Logo ao sentar na moto, ela é bem mais leve para tirar do descanso lateral do que seu tamanho sugere.
O visual está bem em linha com os lançamentos recentes da Harley-Davidson, enquanto alguns detalhes em bronze no motor e na tampa de combustível dão uma aparência mais refinada para a moto que, afinal, custa mais de R$ 125 mil. A moto vem de série com banco apenas para o condutor, mas a Harley oferece o assento e as pedaleiras de garupa dentro de um extenso catálogo de acessórios, como já é tradicional na empresa.
E andando? A postura da Sportster S lembra bastante o da antiga V-Rod, esportiva da empresa cujos antigos donos estão na mira da Harley-Davidson com a novidade. O guidão é baixo e estreito, enquanto as pedaleiras são avançadas e seu corpo faz um "C" em cima da moto. O lado bom é que o condutor tem uma vista limpa da estrada à frente, bem dentro da filosofia de "liberdade" que a Harley prega.
O ruim é que é uma postura pouco tradicional e eu precisaria de mais tempo com a moto para entender se o estranhamento era da minha parte ou por parte do design da moto. Falando nisso, as suspensões se mostraram bem firmes para nossos buracos, apesar de o trajeto percorrido não ter sido dos piores exemplos de asfalto do Brasil.
Agora o motor parece ser mesmo o destaque. O rolê curto não permitiu muitas estripulias, mas o Revolution Max da Sportster S traz duas boas características das motos Harley - entrega de torque em baixas rotações e moto parece viva nas suas mãos -, mas sem os tradicionais inconvenientes, como a vibração excessiva e a falta de fôlego em altas rotações.
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