Fiat Argo CVT ficou para depois e "culpa" pode ser do Pulse
Crise dos componentes leva montadora a priorizar modelo mais rentável e com longas filas de espera
A Fiat apresentou a linha 2023 do Argo com uma leve reestilização, mas o tão esperado câmbio CVT em conjunto com o 1.3 aspirado ficou para depois. Para o hatch, que já teve dias melhores, ficou como estava, apenas câmbio manual e a maioria de suas versões com o motor 1.0 aspirado, atuando como uma opção mais barata.
Em contato com a assessoria da marca, confirmou que a decisão de não ter o Argo CVT neste primeiro momento é justamente pela crise dos semicondutores e componentes. E a "culpa" pode estar na mesma linha de produção em Betim (MG) e atende pelo nome de Pulse, o queridinho da Fiat neste momento.
A movimentação faz sentido. O Pulse tem cinco versões, sendo 4 delas com o câmbio CVT, ligado ao 1.3 aspirado ou 1.0 turbo, e boa parte das vendas estão concentradas nessas versões. Fornecida pela japonesa Aisin, a caixa automática CVT acaba destinada ao Pulse, enquanto o Argo tem boa parte de suas vendas já nas versões manuais, principalmente com o 1.0 aspirado, de entrada, para frotas.
Basta olhar também as vendas. No acumulado de 2022 até junho, foram emplacadas 24.035 unidades do Pulse e 22.128 do Argo, além do maior valor do Pulse na hora da compra. Ao mesmo tempo, a fila de espera por ele é muito maior, chegando a quase 1 ano dependendo da versão, o que não é algo interessante para os concessionários, que precisam tratar disso e garantir que o cliente não desista nesse tempo.
Ou seja, a Fiat aproveita que o Argo já é um produto conhecido no mercado com as opções atuais para priorizar o Pulse, que é mais caro e com uma fila de espera maior. A Stellantis está com problemas de fornecimento de componentes em toda a sua cadeia e, ao mesmo tempo, tem alta busca por produtos nas lojas e lançamentos programados em diversas marcas.
Cronos, Strada e Fastback também estão nessa fila
O Cronos foi mostrado na Argentina com o CVT, mas mesmo sendo líder de mercado por lá, seu volume não é tão grande para afetar o Pulse na briga pelo câmbio, além de ter aposentado apenas recentemente as versões com o motor 1.8 e câmbio automático. A picape Strada tem apenas duas versões com o câmbio automático e também em uma proporção menor de pedidos.
Ao mesmo tempo, a Fiat se prepara para começar a produzir o Fastback, um SUV-cupê acima do Pulse, mais refinado, e que usará o CVT com o motor 1.0 turbo nas versões mais baratas. É outro nome que pode colocar mais tempo para a chegada de um Argo CVT, podendo variar com a entrega dos componentes. O Argo deverá ter o 1.3 CVT nas versões Drive, que hoje é apenas 1.0 e perdeu o 1.3 manual na reestilização, e no aventureiro Trekking, único com o 1.3 manual no momento.
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