Toda marca tem um carro que representa muito bem a empresa, principalmente no caso das premium. É aquele modelo que fez a fama, seja por ter sido o mais acessível ou o que virou objeto de desejo. O Mercedes-Benz Classe C é um deles, não só por ser o eterno rival do BMW Série 3, outro carro bem conhecido, mas também por ter sido a porta de entrada para novos clientes durante muitos anos.
Agora em sua quinta geração, a situação é bem diferente. O Mercedes-Benz Classe C não é mais montado em Iracemápolis (SP), voltando a vir importado da Alemanha e África do Sul. Além disso, a marca alemã tem uma linha de sedãs menores de entrada, com Classe A Sedan e CLA. Isto permitiu que o sedã médio adotasse um posicionamento diferente, abraçando mais o luxo para justificar os R$ 348.900 da versão mais básica, a C200 AMG Line.
O C200 é adequado para a proposta de um carro bem confortável e que oferece um bom desempenho, embora não seja o mais afiado do segmento, como vimos em nosso teste desta versão. Para quem quer um pouco mais de pimenta e mais tecnologia, existe o C300 AMG Line, com preços entre R$ 396.900 e R$ 411.900, dependendo do pacote de equipamentos escolhido.
Sim, é uma diferença bem alta entre as duas versões. O C200 mais completo custa R$ 363.900, o que são R$ 33 mil a menos do que o C300 de entrada, subindo para R$ 48.000 se olharmos para o Classe C mais equipado. Ainda assim, o C300 AMG Line é o carro que melhor representa a essência do Mercedes-Benz Classe C, por trazer todos os equipamentos possíveis em uma motorização bem mais interessante.
Sejamos claros: o Mercedes-Benz Classe C não é um carro esportivo e nem é esta a ideia. Quem quer algo rápido e mais emocionante terá que esperar pelos modelos da AMG, como o recém-revelado C43 ou pelo futuro C63. O C300 é para quem quer agilidade sem perder o conforto característico da marca alemã. Ao invés do 1.5 turbo de 204 cv, usa um 2.0 turbo de 258 cv e 40,8 kgfm, com tração traseira e uma transmissão automática de 9 marchas. O EQBoost entrega mais 27 cv e 20,4 kgfm, porém em momentos específicos como ao sair da imobilidade ou em acelerações mais vigorosas.
Esta troca no motor é o suficiente para melhorar bastante o desempenho. A aceleração de 0 a 100 km/h em nosso teste foi de 6,4 segundos, contra os 8,1 s do C200. É uma diferença menor no 0 a 60 km/h, que registrou 3,2 s no C300, somente meio segundo a menos do que a versão de entrada. É na retomada que mostra uma performance bem acima. O 40 a 100 km/h levou 6 segundos, 1,5 s a menos, enquanto o 80 a 120 km/h foi de 5,1 s para 3,9 s. E, mesmo assim, tem um bom rendimento, registrando 9,1 km/litro na cidade e 14,6 km/litro na estrada – o C200 fez 9,4 km/litro e 14,9 km/litro, respectivamente, uma diferença pequena para o aumento de potência.
Nem mesmo a tração traseira chega a mexer no comportamento dinâmico do sedã, por conta dos ajustes buscando o conforto. Até mesmo no modo Sport+, que desliga a maioria dos auxílios, o C300 continua na mão e roda com muita suavidade, mesmo em velocidades altas. Os bancos dão um bom apoio e são confortáveis, ajudando em viagens longas, além de ter espaço para quatro pessoas. Até dá para levar um quinto adulto no banco central, mas é um pouco mais apertado e o duto central incomoda depois de um tempo.
A suspensão é de braços sobrepostos na frente e multibraços na traseira, o que ajuda a lidar com o asfalto brasileiro. Ainda sentimos algumas vibrações dependendo do piso, no entanto não chega a incomodar. Os modos de condução Sport e Sport+ deixam o ajuste mais firme para uma pegada mais esportiva, enquanto as opções Comfort e Efficient trabalham com a suavidade ao rodar. Um brinde aos amortecedores adaptativos.
O outro ponto forte do C300 é o seu pacote de equipamentos. Tem todos os itens do C200, como ar-condicionado digital, assistente de ponto cego, teto solar, assistente de permanência em faixa, câmera de ré, park-assist, painel de instrumentos de 12,3”, central multimídia vertical de 11,9” com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, controle de cruzeiro adaptativo e outros. O C300 dá um passo acima com faróis Digital Light (600 metros de alcance e 1,3 milhão de pixels por farol), head-up display, assistente ativo de troca de faixa e manobra de evasão, ar-condicionado de quatro zonas, câmera 360°, bancos de couro e acabamento interno metalizado.
A Mercedes-Benz tem feito sua lição de casa nos últimos anos e apostando bastante em tecnologia. A nova MBUX é muito melhor do que a anterior, aproveitando bem melhor a tela (além de ser maior) e com funcionamento rápido. Tem até algumas funções curiosas, como uma que ajusta o volante, bancos e espelhos laterais para a posição ideal baseado na sua altura. O GPS nativo conta até com uma função de realidade aumentada, mostrando a imagem obtida pela câmera dianteira e posicionar setas para indicar o caminho.
Dentro do segmento, o Mercedes-Benz Classe C C300 AMG Line terá que buscar o cliente que quer o status de ter um carro da fabricante e que quer mais conforto. O preço básico de R$ 396.900 já passa bastante o cobrados pelo BMW Série 3 330e (que custa R$ 374.950 e ainda é híbrido plug-in) ou o Audi A4 S Line (R$ 305.990). Sim, é mais caro, mas foi só chegar as lojas para voltar a ser o carro mais vendido da empresa no Brasil, mostrando que a estratégia não está tão fora da realidade. E, em um momento em que a marca já disse que prefere focar na exclusividade do que em ter volume, o C300 vira o modelo ideal para quem quer mostrar que tem um Mercedes-Benz na garagem.
Mercedes-Benz C300 EQBoost
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