A Renault está em uma revolução, não apenas na Europa, mas no mundo todo. Carros mais sofisticados, tecnológicos, eletrificados. Motor1.com foi até a Espanha para conhecer e dirigir o novo Megane, agora um SUV elétrico. Fique atento, pois ele marca o início de uma nova era, inclusive para nós no Brasil.
O Megane é um modelo emblemático. Presente na linha Renault há 26 anos, chega em uma geração totalmente nova. O novo Megane E-Tech Elétrico tem nova plataforma, novo conjunto propulsor, soluções exclusivas de conforto e muita tecnologia. Tudo isso sem abrir mão do espaço interno e estilo.
O primeiro contato ao vivo com o novo Megane E-Tech é marcante. O carro chama muito a atenção, com o novo padrão visual que coloca a Renault em um novo patamar de estilo, digno de marcas premium. A dianteira é imponente com seus faróis afilados de LED que se integram com friso cromado. O novo logo da Renault já está presente. As luzes de rodagem diurna complementam o estilo, com uma linha que “rasga” o para-choque, aumentando a sensação do tamanho do carro.
Na lateral, traços limpos e fluídos. A linha de cintura é alta. As rodas com desenho chamativo têm aro de 20 polegadas. Os balanços dianteiro e traseiro mais curtos, ressaltam as curvas dos para-lamas, que forma uma espécie de ombro na parte traseira. Outro ponto de destaque do novo Megane são as maçanetas que simplesmente não aparecem: as dianteiras estão embutidas como nos Aston Martin enquanto a traseira camuflada na coluna traseira. Além do estilo, isso contribui também para a eficiência aerodinâmica.
Todo o design é muito conectado. Da linha do teto e caimento suave com acabamento cromado que dá um toque sofisticado, à traseira com lanternas finas e elementos internos tridimensionais em LED. Por falar nelas, possuem as setas de direção com indicação dinâmica.
Hatchback, sedã, station wagon. O Megane já foi de tudo e agora nasce em uma carroceria diferente que seria injusto chamarmos de um hatch bombado. Está mais para os desejados SUVs por conta do seu estilo. Olhando a sua traseira em perspectiva, lembra um pouco o Evoque. Falando em dimensões, tem 4,21 m de comprimento, 1,78 m de largura e 1,50 de altura. Dimensões próximas de um VW T-Cross, por exemplo, mas com maior entre-eixos (2,70 m), o que garante ótimo espaço interno para passageiros além do bom porta-malas de 440 litros.
Tudo no novo Megane foi otimizado. Começando pela plataforma, CMF-EV, específica para modelos elétricos da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, acomoda o pacote de baterias com a melhor distribuição de peso possível. Segundo os engenheiros da marca, este número está muito próximo de 50/50. A direção elétrica também é nova, com relação reduzida, o que deixa a condução mais ágil e direta. Outra novidade está na suspensão traseira, com um eixo traseiro multibraços batizados de Parallel Link.
A evolução também está no powertrain elétrico. O novo motor elétrico, desenvolvido e produzido pela Renault, mantém o sistema síncrono com o rotor bobinado, mas totalmente otimizado e agora bem mais leve. Contando com a transmissão, pesa apenas 145 quilos, 10% mais leve comparado com o do Zoe, e entrega mais potência e torque.
Para o mercado europeu possui duas configurações. A primeira tem potência de 96 kW (130 cv) e 250 Nm (25,5 kgfm) de torque enquanto a segunda opção é a 160 kW (218 cv) e 300 Nm (30,6 kgfm) de torque. Esta configuração mais potente é capaz de acelerar de 0 a 100 km/hora em 7,4 segundos e deve ser a escolhida para equipar o Megane que será vendido no Brasil.
Também tem novidade nas baterias. Totalmente novas e projetadas para perfeita integração com plataforma CMF-EV, pesam 395 kg e são as mais finas do mercado, com altura limitada em 11 cm. Para se ter uma ideia, isso é 40% menos que a do Zoe, o que ajuda a ter um carro mais baixo e mais aerodinâmico. Assim como o motor, também possuem duas opções: 40 kWh com 8 módulos e 24 células cada para uma autonomia de 300 km e de 60 kWh, com 12 módulos e 24 células distribuídas em duas camadas que fornecem alcance de até 470 km.
Dependendo da versão, pode ser carregado nas estações de corrente contínua até 130 KW. Neste caso, pode recuperar até 300 quilômetros de autonomia em 30 minutos. Claro, também é compatível com as infraestruturas de corrente alternada, como as tomadas residenciais. Obviamente neste caso o tempo de recarga varia, conforme mostra a tabela abaixo:
Bateria |
Rede doméstica (10A) 2.3 kW |
Rede doméstica reforçada (16A) 3.7 kW |
Carregador doméstico |
Carregador Público AC |
Carga Rápida DC |
60 kWh |
30:30 |
18:00 |
09:15 |
+80km em 30 min |
+300 km |
40 kWh |
21:00 |
12:15 |
06:30 |
+80 km em 30 min |
DC 85 kW |
Se você gostou do visual externo, vai curtir também o acabamento interno. Em um mundo dominado por telas digitais que mais parecem tablets espalhados, a boa notícia é que a Renault conseguiu encontrar um caminho para que todo o comando digital tivesse uma integração interessante entre o estilo e função. Ao entrar na cabine, você é bem recebido com materiais de alta qualidade e um belo desenho do painel. A área ampliada, característica dos elétricos, foi bem aproveitada no design interior.
Material emborrachado, tecido texturizado (proveniente de material reciclado), alumínio de verdade e até madeira arrematada com cortes a laser compõem o painel. As linhas modernas que são destacadas por luzes ambientes (automáticas ou de fixa cor selecionável). O console central tem muito espaço, com o apoio de braço com os mesmos arremates em alumínio e couro. À sua frente, a melhor solução para carregamento por indução de smatphone: acomoda bem, não desliza e assim a carga não falha.
Os traços horizontais da saída de ar para o passageiro se “esconde” atrás da tela Gorilla Glass da central multimídia de 12 polegadas de formato vertical. Aqui, além da excelente qualidade gráfica, destaque também para a fluidez do sistema graças a um processador Qualcomm de oito núcleos, a fluidez do sistema, chamado de OpenR Link. É um dos mais rápidos e eficientes que já provamos. Outro ponto positivo são os comandos físicos, em alumínio, para o ar-condicionado, mostrando que é possível ter um ambiente clean com tela e bem integrado com botões.
O OpenR Link também tem acesso a serviços conectados por padrão, como Google Maps para navegação, Spotify para música ou Google Assistant para controle de voz, além da loja Google Play, que permite instalar diferentes aplicativos compatíveis no veículo. Claro, há conectividade sem fio para os sistemas Apple CarPlay e Android Auto em todas as versões.
Totalmente conectado, o Megane também tem o aplicativo My Renault, para acessar os dados do veículo remotamente, além de atualizações remotas (over-the-air) de software (carro e sistema). Outro destaque é o sistema de som assinado pela Arkamys e com seis alto-falantes, ou ainda o mais sofisticado da Harman Kardon com nove saídas de som.
Voltando ao motorista, o Megane estreia um painel de instrumentos digital de 12,3 polegadas. Como falei, é bem integrado e forma realmente um “cluster” de informações claras, com design moderno e totalmente personalizável. O volante também é novo, tem acabamento em alumínio enquanto os comandos integrados tem a base em black piano. A seleção dos modos de condução é feita por um botão redondo que lembra a ignição do Audi R8. Outra mudança, agora que remete à Mercedes-Benz, é a “alavanca de câmbio” atrás do volante.
Na versão testada, os bancos dianteiros estavam equipados com sistema de massagem, acionado pela tela central, com 3 níveis de intensidade. A ergonomia geral é boa em todos os lados e acessos.
Para os passageiros traseiros, há bom espaço para as pernas e cabeça. Embora o assoalho seja totalmente plano, é mais alto do que um carro convencional. Isso se reflete no fato dos ocupantes traseiros viajarem com os joelhos mais flexionados, uma das poucas críticas do modelo. O porta-malas, por sua vez, oferece um volume de 440 litros e é profundo, o que ajuda a acomodar melhor os objetos.
Nosso primeiro teste foi a versão topo de gama do Megane E-tech, ou seja, a Iconic com todos os equipamentos disponíveis equipada com o motor de 218 cv e 300 Nm (31 kgfm) com a bateria de 60 kWh, que anuncia uma aceleração de 0 a 100 km/h em 7,4 segundos e velocidade máxima de 160 km/h.
Eu tive a chance de dirigir o novo Megane em dois dias, em cidade, rodovias de alta e também em estradas secundárias e bem sinuosas em trechos de serra. O que chama a atenção, além da boa resposta do acelerador, é o comportamento dinâmico. O centro de gravidade mais baixo e a divisão de peso em 50/50 resultam em um carro muito mais na mão, sem inclinações da carroceria quando se pisa fundo ou freia. A direção oferece repostas rápidas, e de certa forma, bem comunicativas para um carro elétrico.
Mesmo com rodas com aro de 20 polegadas, o Megane roda suave, transmitindo um nível de construído sólido e mais refinado ao que conhecemos por aqui. Os painéis digitais e os diversos sistemas de auxílio à condução transmitem modernidade e facilidade no acesso a todos os comandos, como troca do modo de condução. Por falar neles, além de alterar o comportamento dinâmico, mudam a configuração do painel de instrumentos.
O volante, achatado na parte superior e inferior, integra os paddles-shifts, mas que aqui servem para ajustar o nível de retenção do carro, aumentando ou reduzindo a intensidade dos freios regenerativos, para que possamos dispensar o freio quase inteiramente. No modo de retenção mais baixa, a inércia do veículo é razoavelmente bem mantida, enquanto a retenção máxima permite a condução com um único pedal, mas com aquela forte desaceleração.
A visibilidade frontal e lateral é boa, mas fica comprometida na parte traseira pelo teto mais baixo. Quando têm passageiros, pior ainda, mas a Renault corrigiu o problema com o retrovisor interno digital que mostra imagens da câmera traseira.
Em relação ao nível de ruído, todo carro elétrico é mais silencioso por natureza, mas a Renault foi além. Ela criou uma espécie de casulo sono e o patenteou. Chamado de Cocoon Effect Technology, consiste em uma camada adicional de espuma amortecedora específica instalada entre o assoalho e toda a superfície da bateria. Bem leve, é capaz de amortecer e absorver vibrações, ampliando ainda mais o conforto acústico. No uso, o único ruído que ouvimos é o do vento nos retrovisores e da rolagem dos pneus.
Durante o teste, também testei alguns dos 26 assistentes de condução, como o piloto automático e 'contextual' (que se adapta ao ambiente), sistema de leitura de placas de velocidade, sistemas de manutenção e centralização de faixa, limitador de velocidade inteligente e alerta de ponto cego. Vale destacar também o sistema de frenagem automática de emergência e um alerta que, ao sair do carro, avisa os ocupantes da presença de outros veículos com o objetivo de evitar atropelamentos.
A Renault já confirmou que o novo Megane E-Tech Elétrico será lançado no Brasil. Sem divulgar detalhes, executivos deram a entender que a versão seria a topo de gama, Iconic, e com o alcance de autonomia de 400 quilômetros. Na Europa, o nível de equipamentos é altíssimo, o que inclui os 26 sistemas de assistência, aquecimento dos bancos dianteiros e volante e massagem nos bancos dianteiros.
Na Europa, o novo Renault Megane tem preço inicial de 35.200 euros (R$ 194 mil) sem considerar incentivos. Para a versão mais completa, a Iconic EV60 1060kW (218 cv) Super Charge o preço avança para 46.200 euros (R$ 254 mil) e 47.700 euros (R$ 263 mil) na Optimum Charge (máxima rede de recarga suportada).
Como é possível deduzir, o Megane E-Tech Elétrico não deve chegar ao Brasil por menos de R$ 300 mil. Caso esse valor encoste nos R$ 350 mil, competirá perigosamente com marcas premium. Na nossa opinião, a Renault poderia eliminar alguns do itens para oferecê-lo por aqui com o melhor preço possível.
De qualquer forma, seja qual for a decisão da versão para o nosso mercado, o novo Megane E-Tech Elétrico mudará a forma como você enxerga a Renault no Brasil. Esperamos que isso aconteça com preços atrativos.
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