Faz apenas algumas semanas que a organização do Salão do Automóvel de São Paulo anunciou que o evento teria um novo formato e nome: São Paulo Motor Experience. E, ainda assim, já temos a primeira baixa. A General Motors, dona da Chevrolet, revela que não irá participar da feira, mesmo com a mudança na fórmula, repetindo a postura que a empresa tomou em 2020, quando anunciou que ficaria de fora do Salão do Automóvel daquele ano.

De acordo com o colunista Pedro Kutney, a fabricante confimou que não participará do São Paulo Motor Experience, embora não tenha dado nenhum motivo específico como em 2020. Na ocasião, a GM dizia que 32% de suas vendas começavam pela internet. “Assim, a estratégia é focarmos cada vez menos em formatos analógicos e apostarmos mais em plataformas digitais e customizáveis, sempre tendo o cliente como o centro de tudo o que fazemos”, disse a dona da Chevrolet na época.

A Chevrolet foi apenas uma das várias marcas que desistiram do Salão do Automóvel em 2020. No momento em que anunciou que não participaria, foi a 11ª fabricante a tomar tal decisão, após BMW, Citroën, JAC Motors, Jaguar, Land Rover, Lexus, Mini, Peugeot, Toyota e Volvo. Apesar disso, foi o primeiro nome de maior peso, pois era uma das que mais investiam na feira, sempre com um estande enorme e que ficava logo na entrada do evento (a posição mais cara).

Algumas desistiam por uma posição que vinha da matriz, como era o caso da Volvo ou da Peugeot. A marca sueca já não participava mais de feiras assim, investindo em eventos próprios para clientes, enquanto a Peugeot (e Citroën) só participavam se tivesse algo importante para ser apresentado e que justificasse o gasto. No caso da GM, foi uma decisão tomada no Brasil, pois a empresa ainda participa de eventosn os EUA.

Uma das reclamações frequentes de todas as marcas que desistiram era a impossibilidade de vender carros durante a feira, por conta da Lei Ferrari, que impede as fabricantes de fazer vendas direto para os clientes sem uma concessionária envolvida. A organização até buscou uma forma de resolver este problema, criando um sistema para gerar um cadastro dos visitantes que pudesse ser enviado às fabricantes e suas concessionárias.

O novo formato promete resolver muitas das reclamações, começando pelo custo para participar. Ao invés de pagar milhões apenas para ter o local dentro do São Paulo Expo, antes de gastar com a montagem do estande e outras coisas, a fabricante terá que desembolsar muito menos. Nos bastidores, era normal falar de gastos em torno de R$ 20 milhões no Salão anterior, agora espera-se gastar entre 60% a 70% menos.

Além desta redução em custos, o evento terá uma proximidade maior com os clientes em potencial. Ao invés de apenas mostrar os carros parados, usar o Autódromo de Interlagos permitirá uma quantidade muito maior de test-drives, conquistando os consumidores pela experiência real com os veículos. E aqui entra o terceiro ponto: a possibilidade de vender os carros, já cadastrando o cliente para que a venda seja realizada por uma concessionária de sua escolha.

Até o momento, poucas fabricantes se manifestaram oficialmente sobre o assunto. Somente a BMW e a BYD confirmaram que estarão no São Paulo Motor Experience, enquanto a Chevrolet foi a única a dizer “não”. De acordo com Kutney, Audi e Jaguar Land Rover também já teriam decidido não participar do evento, embora não o digam oficialmente. Para algumas outras marcas, a resposta no momento também seria “não”, mas isto pode mudar até abril, conforme analisam a nova proposta.

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