Ainda no ano passado, a chinesa Great Wall Motors (GWM) anunciou a aquisição da fábrica de Iracemápolis (SP), que antes pertencia à Mercedes-Benz. Agora em 2022, a empresa começou a detalhar quais são seus planos para o mercado brasileiro, incluindo previsão de produção e em quais modelos deverá focar por aqui.
Antes de operar como fabricante por aqui, a Great Wall deve começar a comercializar seus modelos importados, vindos da China. A empresa já confirmou que todos os veículos que comercializará no Brasil serão 100% elétricos ou eletrificados. Isso inclui híbrido plugáveis que serão capazes de oferecer até 200 km de autonomia no modo totalmente elétrico.
A empresa confirmou, porém, que focará nos segmentos de utilitários esportivos e picapes, ao menos neste primeiro momento. Além disso, a marca afirmou que seus modelos oferecerão algum sistema de auxílio à condução autônomo de série.
Para cá, o grupo trará as marcas Haval, focada em SUVs; Tank, especializada em off-road e SUVs mais luxuosos; e a Poer, marca de picapes. Serão 10 modelos lançados nos próximos 3 anos, sendo que o primeiro estreará até o último trimestre de 2022 ainda importados. A primeira picape deve chegar no ano que vem.
Os carros fabricados no Brasil devem começar a chegar na segunda metade de 2023. Todos terão algum nível de eletrificação. Nosso mercado ainda deve receber modelos da ORA, outra submarca que é focada em elétricos e é responsável pelo Punk Cat, modelos que "homenageou" o Fusca.
Sobre a recém-adquirida fábrica de Iracemápolis, a Great Wall está trabalhando para adaptar a linha de montagem ao padrão industrial da empresa na China, além de estar desenvolvendo uma cadeia nacionalizada de fornecedores. Hoje com capacidade para produzir 20.000 veículos ao ano, a marca quer aumentar esse número para 100.000 ao ano nos próximos de 3 a 5 anos, contando com até 60% de índice de nacionalização já no início das operações.
Para conseguir tais objetivos, a empresa investirá R$ 4 bilhões até 2025 no aprimoramento da fábrica brasileira, pesquisa e até o desenvolvimento de modelos de nova geração a serem comercializados por aqui. Entre 2026 e 2035, a marca deve completar um investimento de R$ 10 bilhões focado em ampliar ainda mais a capacidade da linha de montagem e a nacionalização de mais veículos. Na primeira fase, a empresa deve gerar 2.000 empregos diretos e espera faturar R$ 30 bilhões já em 2025.
Com um portfólio focado em elétricos e eletrificados, além da produção nacional, a Great Wall promete oferecer ainda modelos híbridos flex, algo que hoje somente a Toyota disponibiliza para Corolla e Corolla Cross. Os investimentos de longo prazo também inclui um centro de pesquisa nacional e o desenvolvimento local de fornecedores. Até o final de 2022, a empresa promete ter concessionárias cobrindo 100% do território nacional. A meta é ter 130 lojas em 112 cidades dividas entre 25 a 30 grupos de distribuidores dentro de 18 meses.
Segundo a Great Wall, a operação nacional da empresa deverá ser a maior do mundo fora da China. Claramente a marca tem planos para exportar os veículos fabricados no Brasil para demais países da região do Mercosul, mas também afirmou que os carros nacionais devem chegar ainda a outras regiões do continente americano.
A Great Wall também prometeu investimentos e pesquisa junto à universidades nacionais para o desenvolvimento de veículos com tecnologia de célula de combustível, mas utilizando etanol no lugar do hidrogênio, que é mais comum atualmente. Além disso, a marca ainda diz que tem nos planos a instalação de infraestrutura para veículos elétricos ou eletrificados com rede de carregadores.
Durante a apresentação em Iracemápolis, a Great Wall confirmou que os SUVs produzidos por aqui contarão com a plataforma modular chamada de LMN. Sua flexibilidade permite que a empresa a utilize tanto para veículos híbridos quanto para carros 100% elétricos. Até modelos movidos por célula de combustível podem fazer uso dela.
Todos estarão prontos para suportar a arquitetura de serviços conectados CFF. Além de conectividade 5G, o sistema proverá a possibilidade de atualizações remotas, além de viabilizar o uso de condução autônoma, interação por voz e inteligência artificial. Todos os modelos oferecidos no Brasil deverão trazer algum tipo de assistente de direção autônomo de série.
No caso dos modelos sobre a plataforma LMN, os híbridos plugáveis utilizarão um motor 1.5 turbo que trabalhará como extensor de autonomia. Ele trabalhará em conjunto com motores elétricos alimentados por baterias de até 45 kWh de capacidade. Com isso, oferecerão potência combinada variando entre 230 cv e 430 cv, torque entre 41,8 kgfm e 77,7 kgfm e poderão contar com tração integral.
A Great Wall afirma que os modelos com essa plataforma terão consumo entre 75 km/l e 208 km/l. Os híbridos plugáveis poderão utilizar carregadores rápidos, capazes de recuperar 80% de carga em 30 minutos. A autonomia puramente elétrica destes veículos chegará a 200 km.
Já para os carros 100% elétricos com a LMN, a Great Wall diz que os modelos ainda estão em desenvolvimento, mas utilizarão baterias com até 85 kWh de capacidade e sem uso de cobalto, material raro e caro. Nesse caso, serão 5 opções de potência, variando entre 61 cv nos modelos de entrada e vão até 272 cv.
De acordo com a Great Wall, todos os modelos que serão produzidos por aqui ainda não foram revelados nem na China, mas a apresentação oficial deve ocorrer em Pequim no mês de abril. De acordo com a empresa, os modelos híbridos devem ser os primeiros a chegar inicialmente importados e posteriormente com produção local. Da mesma forma, um segundo passo será a introdução das variantes 100% elétricas.
Por último, devem começar a chegar os carros movidos por célula de combustível a hidrogênio, onde a Great Wall ainda investirá na infraestrutura de abastecimento e uso, além da produção local dos modelos com tal tecnologia.
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