A crise dos semicondutores continua dando o tom melancólico do mercado de veículos no Brasil, que ainda rema em busca de recuperação. Apesar do mês de novembro ser historicamente um dos mais aquecidos do ano, o 11º mês de 2021 foi o pior dos últimos 16 anos com seus 173 mil veículos licenciados, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Para se ter ideia do mau desempenho de novembro em relação ao mês equivalente de 2020, houve uma queda de nada menos que 23,1%, o que significa 52.000 mil automóveis a menos. A comparação com novembro de 2019 fica ainda mais tensa, período no qual teve 242 mil carros licenciados – quase 70 mil a menos que novembro de 2021. Já quando comparamos novembro e outubro deste ano, o crescimento foi de módicos 6,5% (173 mil automóveis em novembro x 162,3 mil em outubro).

Fábrica da Toyota em Sorocaba - mulheres na produção

Apesar da venda de automóveis ter sofrido uma queda de 1,3% em relação ao volume dos primeiros 11 meses de 2020, vale destacar a presença cada vez mais massiva dos SUVs no mercado brasileiro. “Dentro do universo de automóveis, vale uma ressalva para a evolução de vendas dos SUVs, que cresceram 30% sobre o ano passado e em novembro representaram impressionantes 45,5% do total de carros de passeio”, destacou o Presidente da Anfavea.

De acordo com a associação, o grande vilão das sucessivas quedas mensais de licenciamentos continua sendo o ritmo de produção, já que a oferta ainda não está dando conta da demanda no país. A Anfavea afirma que em novembro foram produzidas 206 mil unidades, 15,1% a mais que em outubro, porém 13,5% a menos que em novembro de 2020, quando a produção naquele mês bateu as 238,2 mil unidades. Assim, foi o pior resultado para um mês de novembro de 2015, quando ocorreu uma crise também, mas diferente, já que o motivo era a baixa demanda.

VW Novo Polo - Produção São Bernardo do Campo (SP)

Assim como a queda nos emplacamentos, as exportações também caíram em novembro: foram apenas 28 mil unidades enviadas à outros países, o que representa uma queda de 6% em relação a outubro – que teve 29,8 mil automóveis exportados. Nessa comparação o resultado abaixo não é tão expressivo, mas quando comparamos a novembro do ano passado, período onde 44 mil carros foram enviados ao exterior, o tombo foi bem maior: 36,3% a menos em relação a novembro de 2021.

“Temos muitos veículos incompletos nos pátios das fábricas, à espera de componentes eletrônicos. Esperamos que eles possam ser completados neste mês, amenizando um pouco as filas de espera nessa virada de ano”, afirmou o Presidente da ANFAVEA, Luiz Carlos Moraes.

Apesar do desempenho ainda abaixo da média histórica em 2021 devido à escassez de componentes, o executivo da entidade destacou que a expectativa para o próximo ano é de uma melhora gradual no fornecimento de semicondutores, apesar de que a solução completa da crise gerada pela pandemia desde o ano passado só esteja prevista para o final de 2022. Ou seja, os números de vendas, produção e exportações deverão ter uma melhora mesmo somente em 2023, caso a retomada atual da indústria continue nesse mesmo ritmo junto da ampliação da vacinação no país.

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