O mercado de automóveis segue engatinhando no Brasil com a retomada gradual da economia graças a vacinação. Mas o caminho é árduo, pois nos últimos meses fábricas de veículos fecharam as portas devido a crise dos semicondutores, o que atrapalhou o ritmo na linha de montagem nas fábricas em outubro, cuja produção caiu 24,8% em relação ao mesmo mês de 2020 segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Em números gerais, neste mês de outubro foram 177,9 mil automóveis produzidos, enquanto que no mesmo mês de 2020 foram fabricados 236,5 mil veículos. Com esse cenário, a Anfavea diz que este foi o pior mês de outubro em relação ao volume de produção dos últimos cinco anos. A associação relembra que, geralmente, outubro é um mês de produção bastante elevada por conta da maior demanda de final de ano, quando existe uma maior procura nas lojas. No entanto, a falta de componentes eletrônicos fizeram este último mês de outubro ser um daqueles para serem esquecidos.

VW Nivus produção (fábrica Anchieta)

Já quando comparamos a produção de outubro com setembro deste ano, o crescimento foi de apenas 2,6% no período, com 177,9 mil veículos produzidos em outubro contra 173,3 mil automóveis feitos no mês retrasado. Esse leve crescimento tem reflexo direto com a retomada gradual das fábricas que sofreram mais com as paralisações durante o período de março a agosto.

Quando vamos para os emplacamentos, as notícias também não são muito animadoras: em outubro foram vendidos 162,3 mil unidades, o que significa 24,5% a menos em relação a outubro de 2020 – quando 215 mil automóveis foram comercializados. Assim como a produção, foi o pior mês de outubro dos últimos cinco anos. Ainda assim houve crescimento de 4,7% de outubro sobre setembro deste ano: são 162,3 mil contra 155,1 mil veículos emplacados no período.

Fiat Strada - Produção em Betim (MG)

Com a produção ainda retomando em algumas fábricas, as vendas no Brasil não deslancham porque as montadoras ainda não conseguem atender a demanda reprimida – um reflexo direto no país devido ao período mais restritivo da pandemia. Ou seja, tudo o que é produzido nas fábricas, que ainda não estão operando com capacidade total por conta da falta de componentes, vai para as concessionárias e rapidamente é vendido. Para se ter uma dimensão da situação, os veículos produzidos ficam apenas 17 dias parados nas lojas até serem vendidos – culpa do estoque reduzido.

“Os esforços das áreas de Compras, Logística e Manufatura das montadoras merecem todos os elogios, mas infelizmente a demanda reprimida, somada ao tradicional aquecimento de fim de ano, poderá não ser atendida pela oferta”, afirmou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.

Com produção e vendas em outubro bastante aquém do esperado, a boa notícia ficou para as exportações, que cresceram 26,1% sobre setembro. No mês passado foram exportados 29,8 mil automóveis contra 23,6 mil unidades em setembro. Porém, como tudo não são flores, houve queda de 14,6% na comparação com outubro de 2020 (34,9 mil veículos foram enviados à outros países). No acumulado de janeiro a outubro já foram exportados 241,9 mil veículos, 26,8% a mais que no mesmo período do ano passado.

Vale destacar que é um desempenho superior às altas acumuladas de produção e de vendas, de 16,7% e 9,5%, respectivamente, lembrando que 2020 o desempenho do setor foi bastante prejudicado pelo início da pandemia. Segundo o presidente da Anfavea, os números estão em sintonia com as projeções refeitas há um mês, quando apresentavam um crescimento tímido em relação a 2020 – diferente da expectativa do início do ano, que era de uma forte reação.

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