O Grupo Volkswagen sabe que algumas regiões do planeta precisarão de mais um tempo para abraçar os carros elétricos, dependendo dos modelos a combustão por mais alguns anos. Isto acontecerá principalmente nos mercados emergentes, como América Latina, Índia e Rússia, então a fabricante colocou a Skoda para desenvolver uma nova plataforma para os próximos veículos, focada no baixo custo e que seja bem flexível, para acomodar carros de vários tamanhos.
O site Automotive News Europe detalhou os planos da Volkswagen para uma evolução da plataforma MQB-A0, após entrevista de Jiri Dytrych, líder do projeto da arquitetura dentro da Skoda. Dytrych explicou que, ao contrário da MQB-A0 anterior, esta nova não será criada na Europa e depois distribuída globalmente, e sim feita já pensando nos mercados emergentes. A divisão checa da Volkswagen acredita que a venda de carros a combustão nestes países crescerá 58% nos próximos 10 anos, chegando 7,5 milhões de unidades, e depois para 8,5 milhões até 2036.
Com esta projeção, não faz sentido para a Volkswagen abandonar os carros a combustão rapidamente e a futura MQB-A0 Global Platform terá um papel importante nisso. Dytrych diz que a arquitetura poderá ser usada em carros desde 4 metros de comprimento até 4,7 m. “Esta plataforma precisa ser o mais flexível possível”, diz o executivo, que ainda afirma que o maior carro produzido deve ser capaz de ter 7 assentos.
O ponto mais importante é que, como estes carros não serão vendidos na Europa ou China, não será necessário se preocupar em atender as demandas locais de emissões de poluentes, permitindo que a Skoda tenha liberdade no desenvolvimento. Isto não significa que veremos carros totalmente a combustão, pois Dytrych revela que a MQB-A0 Global está sendo criada com a possibilidade de receber motorizações híbridas – mas incapaz de ser usada para carros totalmente elétricos. Esta eletrificação acontecerá de acordo com as demandas de cada local.
Para chegar a um valor baixo de produção, a Skoda mira em reproduzir o que aconteceu na Índia com a MQB-A0 IN, que tem um nível de localização extremamente alto. A fabricante diz que 95% das peças são produzidas no país asiático e esta será a meta para Brasil e Rússia, de forma a reduzir tarifas de importação e aproveitar incentivos governamentais.
O executivo ainda afirma que buscará elementos em comum para que a plataforma seja usada por todos os países igualmente e atendendo todas as demandas. “Por exemplo, Rússia leva segurança cibernética e testes de colisão mais a sério do que a América do Sul, enquanto os clientes indianos demandam mais integração com os smartphones do que os russos”, diz Dytrych.
Com tudo isso, você pode até ter pensado que esta será a base do inédito Volkswagen Polo Track e a linha de carros de entrada que a marca anunciou no início de novembro. No entanto, não é o caso, pois estes novos veículos serão lançados a partir de 2023, enquanto a Skoda segue com o desenvolvimento da MQB-A0 Global. Dytrych afirma que o primeiro veículo será lançado após 2025, o que deixa bem claro que ela será adotada apenas para a próxima geração dos modelos no Brasil. Como o ciclo de investimento atual de R$ 7 bilhões será usado até 2026, o primeiro carro desta nova leva só deve aparecer após esta data.
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