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Hyundai pretende fabricar seus próprios chips para driblar crise

CEO da montadora diz ainda que pior momento da crise dos semicondutores já passou

Hyundai i30 na fábrica (1)

A crise mundial de semicondutores segue atrapalhando a indústria automobilística mundial e causando a paralisação de algumas fábricas, inclusive no Brasil. Mas para contornar essa situação, a Hyundai por exemplo, quer tomar as rédeas da situação e produzir os seus próprios chips para reduzir a dependência das fabricantes desse importante componente eletrônico.

A confirmação de que a montadora quer fabricar os seus próprios semicondutores veio de Jose Muñoz, diretor de operações globais da Hyundai Motor Company. O executivo disse ao site Automotive News Europe que o pior já passou para a escassez de chips na indústria, dizendo que o pior período para a marca foram os meses de agosto e setembro. Vale lembrar que a Hyundai teve que suspender a operação de diversas fábricas ao redor do mundo, inclusive no Brasil, quando o complexo industrial de Piracicaba teve redução de alguns turnos de produção dos modelos HB20, HB20S, HB20X e Creta.

"A indústria (de chips) está reagindo muito, muito rápido", disse o executivo, afirmando ainda que a Intel está investindo muito dinheiro para expandir a capacidade.

"Mas também no nosso caso, queremos ser capazes de desenvolver nossos próprios chips dentro do grupo, por isso somos um pouco menos dependentes em uma situação potencial como esta", disse ele. "Isso exige muito investimento e tempo, mas é algo em que estamos trabalhando."

Hyundai em Piracicaba (SP)

Para conseguir produzir os semicondutores, o diretor disse que a Hyundai Mobis, braço da montadora responsável pela fabricação de peças automotivas (a divisão tem atuação também na área de construção e aço), teria um papel bastante importante no plano de desenvolvimento para a produção interna dos chips eletrônicos. Essa uma medida promissora para a fabricante sul-coreana, pois boa parte da indústria automobilística no mundo fica dependente de fornecedores externos. Vale lembrar que boa parte da produção mundial desses componentes fica concentrada na Ásia.

Ao mesmo tempo que concentra esforços para a produção de seus próprios semicondutores, a Hyundai foca em entregar os veículos encomendados no mercado mundial afim de manter seu plano de negócios original (leia-se volume de vendas) no quatro trimestre deste ano. A montadora também quer compensar algumas perdas de sua produção em 2021 no próximo ano.

Hyundai Tucson 2022
Hyundai Mobis

Ao lado da Toyota e Tesla, a Hyundai faz parte de um grupo de montadoras que aumentaram suas vendas globais, mesmo com a falta de chips na indústria. De acordo com Muñoz, a Hyundai optou por não cortar os pedidos de veículos durante a pandemia, ação que foi decidida depois de ver que os mercados asiáticos estão se recuperando mais rápido do que o previsto.

Falta de semicondutores deve continuar nos próximos anos

O futuro não é nada animador para as fabricantes de automóveis. Isso porque a escassez de semicondutores deve se prolongar até 2023, segundo a Volkswagen, BMW e Mercedes-Benz. O motivo para o cenário nada otimista é que ainda vai demorar um tempo para os fornecedores de semicondutores atingirem um nível de produção que consiga atender a (enorme) demanda indústria automotiva.

Segundo o CEO do Grupo Volkswagen, Herbert Diess, a falta de semicondutores não deve seguir só por meses, mas por alguns anos por conta da alta demanda até fora da indústria automotiva. “A internet das coisas está crescendo e o aumento na capacidade de produção levará tempo. Provavelmente continuará com um gargalo nos próximos meses e anos”, afirma Diess. Já o chefe de aquisições da VW, Murat Aksel, explica que a oferta de semicondutores ainda está muito volátil e afirma que a produção global de chips teria que aumentar pelo menos 10% para atender a indústria automotiva de forma adequada.

VW Novo Polo - Produção São Bernardo do Campo (SP)

Para se ter ideia do tamanho da crise, a Opel anunciou o fechamento de uma de suas principais fábricas na Alemanha, a planta de Eisenach, que ficará com sua produção suspensa até o final deste ano. A fábrica tem por volta de 1.300 trabalhadores, que serão dispensados temporariamente até o complexo fabril voltar à atividade, o que ocorrerá somente em 2022. O grupo Stellantis, atual proprietário da marca, prevê que produzirá 1,4 milhão de veículos a menos em 2021 devido à falta de chips.

Toyota Corolla Multimídia Wings

A falta dos chips eletrônicos não só prejudica o ritmo de produção das montadoras, como também deve causar o aumento de preço nos veículos, de acordo com Luca de Meo, CEO da Renault em entrevista ao jornal econômico espanhol Expansion no começo deste mês. "Os preços vão subir ainda mais nos próximos 12 meses", disse o executivo. Fabricantes de chips e semicondutores (itens indispensáveis na produção de veículos) estão aproveitando a escassez dos componentes para cobrar mais caro. Além disso, os custos com aço, gás, energia, cobre e alumínio subiram consideravelmente.

De acordo com a Anfavea, a falta de semicondutores provocará a perda de 7 a 9 milhões de veículos produzidos em 2021 na indústria automotiva global, retornando a níveis de 2020. Além da falta de insumos, o aumento de custos e dificuldades logísticas também impactam a produção do setor no Brasil. Aliás, por aqui as fabricantes tiveram que se adaptar a realidade, tirando a central multimídia de alguns carros, como a Volkswagen ou mesmo adaptando um sistema de um fornecedor diferente, à exemplo da Toyota

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