O Brasil pode não ser o maior mercado da Toyota globalmente, mas sem dúvidas é um dos mais importantes para a sua história. Poucos anos após a Segunda Guerra Mundial e com o Japão ainda se reconstruindo, a marca começou sua expansão global em 1958, quando inaugurou no mercado brasileiro sua primeira operação oficial fora de sua terra natal.
Naquele ano, abriu-se uma linha de montagem CKD, que usava peças importadas do Japão para montar nacionalmente o Toyota Land Cruiser. Em 1962, a marca deu mais um importante passo e inaugurou sua fábrica de São Bernardo do Campo (SP), onde construía o SUV, mas agora com o nome Bandeirante. O Brasil foi o único país do mundo a ter essa nomenclatura.
As décadas passaram e, em 1998, a Toyota abriu a segunda fábrica brasileira, agora em Indaiatuba (SP), onde começou a fazer o Corolla nacional. A expansão continuou com a abertura da linha de montagem de Sorocaba (SP), em 2012, e a fábrica de motores de Porto Feliz (SP), 2016. No entanto, a linha de produção na Grande São Paulo, que só fabricava o Bandeirante, sofreu uma baixa em 2001, quando o SUV deixou de ser fabricado para a tristeza dos amantes do fora-de-estrada.
De 2001 até janeiro de 2021, a Toyota permaneceu com suas atividades administrativas em São Bernardo do Campo, além de continuar produzindo alguns componentes. Porém, no início do ano, a parte administrativa foi movida para Sorocaba. Parecia que a histórica planta da Grande São Paulo estava para fechar. Mas esse pensamento está bem errado.
Ainda em 2017, a marca inaugurou em sua primeira fábrica brasileira um centro de visitas. No espaço de 750 m², a Toyota compartilha com os visitantes um pouco de sua história, além de mostrar os processos produtivos atuais e alguns carros especiais, como o último Bandeirante fabricado ainda em 2001.
O centro permanece lá, mas a fábrica de São Bernardo ainda é uma fábrica e está longe de fechar as portas. Hoje, a unidade paulista ainda tem papel estratégico para a empresa. E isso vale não somente para as demais operações no Brasil, como também para outras fábricas até nos EUA.
Um desses exemplos é a área de forja em São Bernardo do Campo. Ela é responsável pela produção de bielas e virabrequins para os motores 2.0 e 2.5 que a Toyota monta no mercado norte-americano. Peças nacionais saem daqui para os estados de West Virginia (2.5), Alabama (2.0) e Kentucky (2.5). A mesma área ainda produz bielas e virabrequins para o motor 1.3 da Toyota, usado no Etios de exportação, o 1.5 do Yaris e para o 2.0 aspirado encontrado no Corolla e no Corolla Cross.
Falando em exportação, uma série de componentes utilizados pela Hilux, que é fabricada na Argentina, são feitas ainda em São Bernardo do Campo. Não é pouca coisa: da estamparia da unidade saem peças de carroceria e suspensão da picape, além de componentes como os braços de controle do sistema de amortecimento. A área de pintura, claro, pinta algumas dessas peças. Os componentes do eixo traseiro da Hilux, como os semi-eixos, também são feitos e montados por aqui. Da Grande São Paulo, as peças vão para Zárate, onde a picape é feita.
Entre os carros de passeio fabricados no Brasil, a linha de produção de São Bernardo do Campo ainda é responsável por fornecer vários dos componentes utilizados nas fábricas de Sorocaba e de Indaiatuba. Na Grande São Paulo são feitas algumas das peças de suspensão (dianteira, eixo traseiro e braços), incluindo montagem de buchas, pintura e usinagem para o Corolla nacional.
Parte das peças de carroceria do recém-lançado Corolla Cross são estampadas em São Bernardo, assim como componentes da suspensão. A pintura desses componentes também se dá nessa unidade, incluindo a das peças de amortecimento e a montagem das respectivas buchas de apoio das peças na carroceria.
E ainda não acabou. Em tempos de fábricas fechando, donos de modelos mais antigos começaram a ter problemas com o fornecimento de peças de reposição. Para quem tem um Toyota já com alguns anos de estrada, é a fábrica de São Bernardo do Campo que ficou responsável pela produção desses componentes de manutenção.
Por exemplo, a linha de produção da Grande São Paulo ainda fabrica suspensão, portas, tampão traseiro, capô e paralamas para todos os Corolla de 2002 a 2014. Mesmo a Corolla Fielder, perua que teve apenas uma geração no Brasil, ainda tem componentes de suspensão e carroceria fornecidos por essa linha de montagem, incluindo tampão traseiro, exclusivo da Fielder. Para os donos de Hilux usadas, podem agradecer São Bernardo pelo fornecimento de tambores de freio, eixo traseiro e braços da suspensão.
Ou seja, a primeira fábrica da Toyota fora do Japão pode não parecer tão importante hoje quanto foi no passado. Porém, sem ela, os principais produtos nacionais da marca não seriam fabricados e até os americanos iam ficar sem alguns motores.
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