O segmento de SUVs é bem perigoso, então para uma marca menor, é preciso algo especial para ter seu espaço neste concorrido mundo. No caso do Mitsubishi Outlander 2022 - um modelo que, vamos ser honestos, provavelmente não apareceria na sua lista de opções antes - um recurso dá a vantagem na comparação com a maioria de seus concorrentes: a terceira fileira de bancos.
Isso pode não parecer tão importante em um grande cenário, mas lembre-se, os compradores adoram SUVs com 7 lugares. E estes lugares extras não são as únicas coisas que o novo Mitsubishi coloca na mesa. O Outlander 2022 é calmo, confortável, tecnológico e disponível com o que há de melhor em equipamentos de tecnologia por aqui. E, nos Estados Unidos, ele começa com um bom preço de US$ 25.795 (cerca de R$ 129.700), o que faz dele um dos mais acessíveis SUVs com 7 lugares a venda hoje.
Para ser completamente transparente, é notável que o novo Outlander é basicamente um Nissan X-Trail (conhecido nos EUA como Rogue) com um visual diferente. As duas marcas dividem esta plataforma como parte da aliança global e elas não escondem isso por um bom motivo. O Nissan X-Trail é um bom veículo e se você quer as qualidades dele com mais lugares, não há razão para não comprar o Outlander.
Reconhecimento facial
A Mitsubishi usa termos como "autêntico" e "majestoso" para descrever o estilo do novo Outlander. Estas provavelmente não seriam as palavras que eu usaria. O que vou falar sobre o design exterior é que ele não é anônimo. A grade da marca, chamada de Dynamic Shield, é visível de longe, com luzes diurnas em LEDs com estilo esportivo na parte superior do parachoque, faróis um pouco mais abaixo, uma grande grade preta e um cromo a sua volta. Em destaque, o escrito Outlander no capô é um belo toque.
Mas é aqui que o estilo "ame ou odeie" acaba, já que o restante do Outlander é limpo e moderno. O acabamento esportivo e as rodas de 20" do carro testado criam um perfil afiado. A linha do teto com estilo flutuante - como na moda - se estende até a traseira, reforçando o estilo mais quadrado do Outlander. As lanternas são finas e discretas, com detalhes em preto, e sem cromados aqui a não ser que você conte o acabamento acetinado do difusor, o que eu não fiz.
A Mitsubishi tentou trazer um estilo do Pajero para o Outlander e, se você olhar bastante, pode encontrar algo do famoso modelo da marca no DNA do SUV. Mas em sua maioria, o Outlander tem mais a ver com o modelo de quem deriva, o Nissan X-Trail. Mesmo com os toques óbvios da Mitsubishi, o exterior parece familiar - apesar de ser 6,3 cm maior em comprimento e 2,5 cm mais largo. E a familiaridade vai também para o interior.
Interior bastante melhorado
O logo da Mitsubishi no volante é a única indicação que aquele não é um Nissan Rogue. Mas mais uma vez, é algo bom. Depois de passar um tempo em um Eclipse Cross 2022 no mesmo dia, ficou claro que o novo Outlander é bem melhor que qualquer coisa que a marca ofereceu antes dele em termos de acabamento e qualidade. O interior do Mitsubishi Outlander é muito bom (obrigado, Nissan!).
A primeira coisa que você irá perceber ao abrir as portas são os bancos - incluindo os traseiros. A Mitsubishi oferece as 3 fileiras no novo Outlander sem custos, enquanto a Nissan nem oferece este opcional no X-Trail. Mas até mesmo a Mitsubishi admite que aquela última fileira é para "uso ocasional" e ficou bem claro quando tentei entrar ali com meus 1,83 m de altura - eu não ficaria confortável por mais que 5 minutos. Mas é algo interessante para aquelas caronas que aparecem de surpresa.
Os bancos são revestidos em couro nesta versão SEL Touring, com acabamento em preto com costura laranja. Há também couro laranja em partes do console, painel e painéis de portas. Normalmente eu não falo sobre os volantes (especialmente em um SUV), mas o do Outlander tem um bom acabamento em couro que é bom e se encaixa bem nas mãos. Esta é uma das mudanças que a Mitsubishi fez em comparação com o X-Trail, que tem um volante fino demais.
A pequena reclamação que eu tenho é no seletor de marchas. É o mesmo que está no X-Trail e em nenhum deles ele é bem executado. O estilo faz com que facilmente coloque no neutro acidentalmente e o acabamento em si não é legal (assim como no Nissan). Mas isso é algo que as duas marcas podem corrigir em uma reestilização de meio de vida.
Deja-Vu"
Acima do painel, o opcional sistema multimídia com tela de 9", o que representa 1" a mais que o Outlander anterior. Mais uma vez, é a mesma tela que encontramos no Nissan X-Trail, nem melhor e nem pior. As respostas ao toque na tela são bons, mas não perfeitos, a interface é geralmente fácil de usar e a tela de home é limpa, com alguns acessos por botões logo abaixo para audio e navegação, por exemplo. Apple CarPlay e Android Auto com fio é de série em toda a linha, enquanto o CarPlay sem fio está disponível na versão SEL como opcional. Não há Android Auto sem fios ainda, infelizmente.
Na frente do motorista, uma boa tela de 12,3" (de série na SE Launch Edition e acima). É outra coisa familiar ao X-Trail e se mantém com as mesmas configurações, que tem a capacidade de mostrar a navegação, mídias, assistentes de direção e muito mais. Até mesmo as diferenças gráficas dependendo do modo de condução selecionado se mantém.
O Outlander 2022 também oferece um head-up display de 10,8". Ele projeta no parabrisa - diferente do Eclipse Cross, que usa uma peça em vidro - e tem diversas funções que também estão no painel, como navegação, mídia, assistentes e etc.
Falando em assistentes de direção, o Mitsubishi Outlander oferece um piloto automático avançado, com o assistente de faixas chamado "Mi-Pilot", que vem de série nas versões SE e SEL, como testado aqui. Sem surpresas, é o Nissan ProPilot com outro nome, mas mais uma vez, o que não é ruim. O Mi-Pilot acelera e freia suavemente, mantendo o Outlander no centro da faixa e pode se dirigir por curvas da estrada. É um dos melhores sistemas de segurança oferecidos até então.
Simples e direto
O Outlander usa o motor 2.5 aspirado com 183 cv e 25 kgfm de torque com o câmbio CVT com opção de tração dianteira ou integral. O nosso carro testado tem o sistema integral com 6 opções de modos de operação: Eco, Normal, Tarmac (asfalto), Gravel (cascalho), Snow (neve) e Mud (lama), este último exclusivo do AWD. Com tração dianteira, são 5 modos.
Na maior parte do tempo, mantive o Outlander no asfalto (sem contar a estrada de terra usada para as fotos) e depois de 320 km rodados, ele é adequado. Não tem nada especial em como ele anda, mas não é ruim. O potência é suficiente, o CVT é aceitável e quieto na maior parte do tempo e a direção tem bom peso, ajudado pelo volante mais grosso que eu tanto gostei.
O Outlander reclama um pouco na rodovia, particularmente quando é preciso ultrapassar - e aqui o CVT fica um pouco barulhento. O peso extra pelas dimensões maiores a do X-Trail (esta versão pesa 1.727 kg como testado) fazem o Outlander um pouco mais pesado na estrada também, e isso significa um consumo um pouco pior na comparação. Esta verão do Outlander registra 10,2 km/l na cidade, 12,7 km/l na estrada e 11 km/l no combinado. Comparado com o X-Trail AWD, são 10,6 km/l, 13,6 km/l e 11,9 km/l, respectivamente.
Uma opção sólida
Nos Estados Unidos, um Outlander SEL Touring como o nosso, completo, custa US$ 36.445 (cerca de R$ 184.000), mas tem a versão de entrada ES com tração dianteira por US$ 25.795 (cerca de R$ 130.200), o que é um bom preço. Por lá, é a opção mais barata com 7 lugares ao lado do VW Tiguan (US$ 26.440, ou cerca de R$ 133.400), sendo que apenas este ano a VW optou pela terceira fileira como item de série. Como referência, o Nissan X-Trail 2022 começa em US$ 25.750 (cerca de R$ 130.000).
A não ser que não goste do visual ou procure algo mais esportivo, não vejo motivos para não recomendar o Mitsubishi Outlander 2022. Como o Nissan X-Trail, é um bom SUV médio que vai bem em quase tudo. Tem tecnologias e segurança, além dos 7 lugares, algo que não tem igual nesta faixa de preços.
No Brasil, é esperado para 2022, substituindo o atual Outlander. Como nos Estados Unidos, enfrentará principalmente o VW Tiguan Allspace, mas os preços deverão ficar consideravelmente acima dos R$ 200.000. Nos resta esperar, mas por enquanto as impressões são boas.