Antonio Filosa, um napolitano quase italiano, como ele mesmo gosta de brincar, assumiu a presidência da FCA América Latina com metas que prometem mexer bastante no cenário automotivo da região. Em entrevista concedida na sede da FCA em São Paulo nesta quinta-feira (10), o executivo confirmou o objetivo de tornar a Fiat uma marca "fortíssima" com condições de ser a montadora mais vendida no país a partir de 2020.
Os planos da FCA para os próximos cinco anos começarão a ser desvendados no início de junho, em evento que o chefão global Sergio Marchione apresentará a nova estratégia do grupo em todas as regiões em que atua. No entanto, a aprovação do novo regime automotivo brasileiro, o Rota 2030, impactará diretamente no planejamento de investimentos para o Brasil. Otimista, Filosa acredita que o Rota 2030 estará aprovado até lá.
Neste ano, a missão de Filosa é colocar novamente a FCA como o grupo mais vendido no Brasil, somando as marcas Fiat e Jeep. Essa retomada deve acontecer em breve. Nos quatro primeiros meses, a GM (Chevrolet) somou 125.693 unidades emplacadas enquanto a FCA (Fiat + Jeep) segue bem próxima, com 123.272 emplacamentos. O bom desempenho de Compass e Renegade, aliado ao crescimento de Argo e do recém-chegado Cronos, são fundamentais para a obtenção deste objetivo.
No entanto, o executivo também vê como possibilidade real colocar a Fiat novamente na liderança do mercado. Por diversas vezes, o Filosa citou que a renovação da gama da marca italiana ainda não está concluída, dando a entender que novidades serão anunciadas em curto e médio prazo.
Outra afirmação dada por Filosa indica que o futuro da marca italiana no país, de acordo com o plano global da FCA, será atuar em novas áreas do mercado. "A partir do próximo ano temos planos de desenvolvimento da marca Fiat para entrar em segmentos que antes não frequentávamos, para somar nos conceitos de liderança, resultados, rentabilidade e volume".
Isso aponta para algumas possibilidades: picapes médias e SUVs. Atualmente, SUV é território exclusivo da marca Jeep, embora a rede de concessionárias clame por um produto deste segmento com emblema Fiat. Questionado se poderia também ter um SUV na gama Fiat, o executivo se esquivou e disse que "pode haver muitas coisas se os estudos que estão sendo feitos hoje mostrarem rentabilidade ao atuar em segmentos inéditos para a marca", mas que tudo ficará mais claro a partir de junho. Vale lembrar também que o grupo FCA trabalha em uma nova gama de motores turbo, que inclusive já está em testes no Brasil (veja aqui).
A alternativa mais quente, no entanto, é uma inédita picape média. O chefão da FCA, Sergio Marchione, já havia dito no Salão de Detroit que o grupo precisava de uma picape média global. Mantido em sigilo, o projeto previa uma picape menor que a RAM 1500, que seria produzida no México pela marca RAM.
Posicionada acima da Toro, a nova picape será construída sobre chassi e terá a RAM 1500 como inspiração de design. Seu objetivo é competir com modelos como Toyota Hilux, Chevrolet S10, Ford Ranger, Nissan Frontier e as futuras Renault Alaskan e Mercedes-Benz Classe X.
No Brasil, a picape poderá ser feita na unidade de Goiana, Pernambuco, mas o emblema ainda não foi definido. A RAM é forte na América do Norte e alguns mercados da América Latina, mas a Fiat tem muita credibilidade e história de sucesso com a Strada e Toro aqui no Brasil. A escolha da marca também impactará no modelo de distribuição e comunicação. Vale lembrar que, para a Jeep, a FCA decidiu separar as duas marcas e criar uma rede específica para a marca americana.
Outros produtos que estão na rampa de lançamento são uma nova picape compacta, para o lugar da Strada, e uma versão aventureira do Argo, para entrar na briga contra Onix Activ, HB20X e o Ka Freestyle que está chegando.
De todo modo, em pouco menos de um mês o futuro da FCA ficará mais claro. Aguardemos.
Fotos: divulgação e arquivo Motor1.com
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