Especulada desde o início da semana, a compra de parte da Opel pelo grupo PSA Peugeot-Citroën (negociação ainda a ser formalizada) pode implicar na formação de um novo arranjo no mercado automotivo global. Além de representar a saída completa da General Motors da Europa, o negócio dará um ultimato em relação ao desejo de Sergio Marchionne de unir a FCA com a gigante de Detroit.
Análises de agências internacionais apontam que a venda favorece o grande sonho de fusão de Marchionne, mas há que aposte justamente no contrário. O jornal The New York Times, por exemplo, avalia que a empreitada representa uma verdadeira "pá de cal" sobre as tentativas de aproximação do italiano com os norte-americanos.
Conforme relata a publicação, a negociação faria com que a PSA (juntando Peugeot, Citroën, DS, Opel e Vauxhall), a Volkswagen e a Renault-Nissan controlassem 54% de todo o mercado europeu. Dentro dessa perspectiva, a Fiat teria participação de apenas 6,6% e se tornaria pouco atrativa do ponto de vista comercial. Além disso, a marca opera com margem operacional de apenas 2,5% - contra 7% da média europeia em 2016.
Não obstante, a FCA tem uma pegada de carbono bastante elevada e corre o risco de não atingir metas anti-poluição até 2021. A dívida industrial de US$ 4,87 bilhões também é alta e figura como mais um entrave que poderia atrapalhar o namoro com a GM.
Por outro lado, muitos consideram que a ida da Opel para as mãos da PSA era a peça que faltava para Marchionne concretizar o sonho de se fundir com a GM. Isso porque, sem a marca alemã, o grupo norte-americano sofreria uma baixa de 1,6 milhão de unidades anualmente, com reflexos diretos nos números globais.
Sem a Opel, mas com o dinheiro da venda em caixa, a GM poderia encontrar na FCA a resposta certa para preencher a lacuna aberta. Especialistas de mercado já preveem que as plataformas das picapes Chevrolet poderia facilmente ser usadas por modelos da Dodge e da RAM, e a arquitetura dos Jeep serviria para a GMC produzir futuros lançamentos.
Além disso, a Fiat poderia ser usada como base para atuação na Europa, enquanto a Alfa Romeo firmaria com a Cadillac uma relação de sinergia envolvendo tecnologias e componentes.
A fusão criaria uma empresa com participação conjunta de 31% nos Estados Unidos e 36% no Brasil. Vale lembrar que Marchionne acredita que apenas com uma produção acima de 6 milhões de unidades é que a FCA poderia respirar tranquila no mercado global, por isso o seu desejo de uma fusão com a GM. Em 2016, ela produziu 4.906.685 unidades. Que análise estaria mais próxima da realidade? Mais do que isso, qual teria mais chances de se concretizar? Dê seus pitacos e aguarde as cenas dos próximos capítulos...
Fotos: divulgação
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