Teste: Chevrolet S10 High Country 2025 melhorou tudo o que pôde
Novo câmbio, potência extra e nova dinâmica de condução fazem até esquecer que não é uma nova geração
A disputa pela vice-liderança das picapes médias é acirrada. A Ford Ranger, em nova geração, se aproveitou enquanto a Chevrolet S10 não mudava para ganhar espaço e mercado, acendendo uma luz amarela dentro da GM. Apesar de ainda não ser algo totalmente novo, esta nova S10 mudou consideravelmente para não perder sua posição.
A Chevrolet S10 está na mesma geração desde o ano/modelo 2013 e vivendo de atualizações. Na linha 2025, mudou profundamente o visual, ganhou melhorias da suspensão e na direção, um novo câmbio de oito marchas e um novo acerto de motor com mais potência e torque e o acabamento interno também recebeu melhorias. É o suficiente para encarar a Ranger de frente nos próximos anos ou estamos olhando para a nova terceira colocada entre as picapes médias?
Mudou tudo o que deu
Por fora, a Chevrolet S10 teve mudanças visíveis. Na dianteira, trouxe elementos de picapes da GM oferecidas em outros mercados, como os faróis mais finos instalados em posição mais alta, que lembram a Colorado dos EUA, e uma grade bem destacada. Na traseira, a tampa recebeu um ressalto para estampar o nome Chevrolet, que acompanha as lanternas com nova organização interna e assinatura noturna em LEDs.
A Chevrolet ainda conseguiu alargar as bitolas da S10, acompanhando os para-lamas dianteiros e traseiros mais largos. Retrabalhou as cargas de molas e amortecedores e mudou a coluna de direção, que tem novos pontos de fixação e regulagem de altura e profundidade, com nova posição e maior possibilidades de ajustes.
Por dentro, um novo painel que recebeu o sistema multimídia com tela de 11” e tela de instrumentos de 8” que estreou primeiro na Spin. Os novos elementos, como chave presencial com partida por botão, convivem com os acabamentos das portas, mantidos da anterior, com novos detalhes de acabamento. Finalmente, um novo volante está na S10, e os bancos receberam novas espumas e estrutura para aumentar o conforto.
As mudanças mais aguardadas - e significativas - ficaram sob o capô. O motor 2.8 turbodiesel recebeu novos pistões, que melhoram a queima do combustível. Os novos injetores trabalham com pressão mais alta e pulverizam o diesel melhor, que resulta em uma queima mais eficiente e limpa; novo turbo e mudanças nos coletores de escape e admissão. A eletrônica tem mais parâmetros e maior velocidade de leitura para, mesmo com o tempo, oferecer o mesmo desempenho, consumo e emissões.
Isso levou a S10 dos 200 para 207 cv e de 51 para 52 kgfm de torque. Tudo isso entregue ao novo câmbio automático de 8 marchas, que substitui o antigo de 6 velocidades. Ela permitiu uma maior eficiência e aproveitamento do torque do 2.8 turbodiesel, além de ser uma evolução bastante esperada dentro do segmento. Ela continua acompanhada por uma caixa de transferência com redução para a tração 4x4. Veja como a picape evoluiu em nossos testes:
S10 2025 | S10 2024 | |
Consumo urbano | 9,2 km/l | 8,2 km/l |
Consumo rodoviário | 12,8 km/l | 10,8 km/l |
Aceleração 0-100 km/h | 9,1 segundos | 10,6 segundos |
O que mudou, melhorou
Confesso que não me empolguei muito com as primeiras fotos da nova S10. A frente e a traseira novas pareciam não combinar com a lateral, parte que menos mudou no visual. Ao vivo é outra história. Para quem viu essa S10 nascer há 12 anos com um focinho de Spin, é um alívio ver uma S10 2025 que agora está mais próxima das picapes dos EUA, com a grade reta e os faróis afilados em posição elevada.
As laterais ainda lembram a picape original, mas não destoam tanto do visual novo. A traseira causou um estranhamento. O novo desenho das lanternas dão uma cara mais robótica que contrasta, não no bom sentido, com a nova tampa da caçamba mais pronunciada que se coloca como ponto focal. É muita informação. Mas parece que foi um problema meu.
Agora aparece talvez a única vantagem de a picape da Chevrolet não ter mudado de geração. A picape mal cresceu, então estacioná-la em vaga de apartamento não é tão ruim como na Ford Ranger, por exemplo. A rival tem ombros mais pronunciados que dificultam navegar espaços apertados, o que não acontece na S10.
Subindo para a cabine, o novo painel faz diferença. Não traz um surto de modernidade, pois a Ranger já estabeleceu um novo patamar nesse sentido, mas o pulo em relação à S10 anterior é grande. Está mais para atual do que para futurista. Como estamos falando de picapes médias e um público bem conservador, talvez esta tenha sido uma escolha proposital.
Tanto o visual quanto o acabamento parecem dignos da versão topo de linha da S10. Os bancos de fato ficaram mais confortáveis na linha 2025. Horas sentado no assento do motorista não causaram incômodos. Agora que a coluna de direção tem ajuste também de profundidade, ficou mais fácil encontrar uma posição para guiar e a visibilidade, exceto a traseira, é boa.
O que poderia melhorar é a ergonomia do banco traseiro. Os encostos são visivelmente cavados para dentro, forçando uma postura curvada. O assoalho continua alto e as pernas não ficam apoiadas no assento. Ao menos a Chevrolet resistiu à tentação de encher a multimídia de funções, mantendo botões físicos separados para ar-condicionado e alguns dos assistentes de condução, como o alerta de saída de faixa. No entanto, nessa faixa de preço e sendo a versão topo, não ter controle de cruzeiro adaptativo é um ponto negativo.
Uma das grandes transformações na S10 2025 é a dinâmica de condução. Vazia, a picape quica apenas em ondulações repetidas e ainda assim menos que na linha 2024. A nova calibração também melhorou o rolamento da carroceria nas mudanças de direção ficou bem menos pronunciado e a picape passa mais segurança para o motorista em velocidades mais altas.
O câmbio novo é uma das causa das melhora de desempenho e consumo da S10 2025, mas também está melhor na convivência. O antigo, de seis marchas, tinha um espaçamento muito grande entre elas. Aumentava o hiato nas trocas e constantes reduções de sexta para quinta na estrada. Agora a S10 acelera rápido, com trocas pouco perceptíveis e não fica variando as relações constantemente. Inclusive, a oitava marcha só entra após 90 km/h e, a 120 km/h, a rotação fica em torno das 2.000 rpm, aumentando o conforto acústico na cabine durante as viagens.
Mas o câmbio só conseguiu esse acerto por conta do fôlego extra do motor 2.8 turbodiesel retrabalhado. Com ele, a transmissão aproveita mais o torque para evitar as trocas e, mesmo que em números o aumento seja pequeno, atrás do volante a performance extra é perceptível.
Em suma, A Chevrolet S10 High Country 2025 é um verdadeiro salto para esta veterana geração da picape. Ter conseguido mostrar tantas mudanças positivas apesar das limitações do projeto antigo tem mérito. A Ford Ranger pelo mesmo preço já oferece motor V6 mais potente e um rodar um pouco mais parecido com o de um carro de passeio, mas a S10 já conseguiu deixar a Toyota Hilux para trás em comportamento e modernidade.
A picape da Chevrolet pode não ser a mais avançada do segmento, mas para seu público, ansioso por novidades nessa plataforma e apoiado por uma rede de concessionárias maior que da Ford, ficou bem mais atrativa. Mudou o que pôde e o esforço deu resultado.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Chevrolet S10 2.8 AT8
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