A Mitsubishi quer vender mais no Brasil. Para isso, negociou com o Japão e conseguiu reduzir o valor que paga em componentes do Eclipse Cross e, com isso, reduziu os preços de todas as versões do SUV médio e criou uma nova ainda mais barata, o Eclipse Cross Rush, com um atrativo número de R$ 169.990. Quer vender mais? O preço é um dos principais segredos.
Neste preço, é mais barato que o Volkswagen T-Cross Highline 1.4 turbo (R$ 175.990) e o novo Jeep Compass Sport 2025 de entrada (R$ 179.990). Não só isso, é consideravelmente mais barato até que a antiga versão mais barata, HPE, que hoje custa R$ 185.990. Claro, o Eclipse Cross Rush perde equipamentos em relação à HPE, mas vale a pena?
O Eclipse Cross Rush foi apresentado no final de fevereiro como uma série especial limitada a 150 unidades, mas já faz parte do catálogo do SUV de forma definitiva de tão boa que foi a aceitação. A Mitsubishi a posicionou como configuração de entrada do SUV. Vale lembrar que o modelo é montado pela HPE, responsável brasileira pela marca, em Catalão (GO).
Mas antes de falar do que o carro tem, é importante lembrar do que ele não tem. Afinal, não há almoço grátis. Na comparação com o Ecplise Cross HPE, o Rush perde os faróis de LED, a luz de neblina, as borboletas atrás volante, sensor de chuva, acendimento automático dos faróis, aquecimento dos bancos dianteiros, ajuste elétrico do banco do motorista, a chave presencial e o freio de estacionamento eletrônico com função auto hold. O ar-condicionado continua sendo automático, mas tem apenas uma zona ao invés de duas.
Por fora, o Eclipse Cross Rush tem grade frontal com acabamento em plástico preto brilhante e imitação de peito de aço no para-choque com pintura em cinza metalizado, além de pintura na cor da carroceria em partes como caixas de roda, acabamentos inferiores dos para-choques traseiro e dianteiro e molduras inferiores das portas. Há ainda rodas de 18 polegadas com design renovado e acabamento em cinza metalizado nos espelhos retrovisores.
Por dentro, destaque para acabamento em plástico preto brilhante console central, portas, volante e na moldura da tela do sistema de entretenimento. Completam o pacote volante com revestimento de couro e ajuste de altura e profundidade, bem como comandos de áudio, telefone, voz e piloto automático integrados. A central multimídia JBL tem 7 polegadas e recursos como conexão WiFi e Android Auto e Apple CarPlay.
No banco traseiro, os passageiros têm à disposição tomada 12V, bancos reclináveis e saídas de ar-condicionado. Complementam a lista piloto automático, assistente de partida em rampa (HSA), regulagem de altura dos faróis, trava elétrica central automática, sistema keyless de travamento automático das portas por controle e sistema de monitoramento de pressão dos pneus (TPMS).
No quesito segurança, destaque para controles de tração e estabilidade, airbags frontais, laterais, de cortinas e para os joelhos do motorista, sistema de monitoramento de emergência para freio e acelerador, câmera de ré com linhas dinâmicas e freios ABS com EBD.
Sob o capô, o motor 1.5 turbo 4B40 MIVEC roda apenas com gasolina e entrega 165 cv de potência e 25,5 kgfm de torque, sendo sempre associado ao câmbio CVT com simulação de 8 marchas. A tração no Rush é dianteira. Em nossos testes, o modelo precisou de 9,9 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h, um pouco mais lento que o HPE-S AWD. Não é dos mais rápidos, mas pelo menos também não dos mais gastões, registrando 9,4 km/l em ciclo urbano e 12,8 km/l, melhor que a versão com tração integral (8,8 e 11 km/litro, respectivamente)
Os números são bem aceitáveis para um SUV de mais de 1.500 kg. Nas medidas, tem 4.545 mm de comprimento, 2.670 mm de entre-eixos, 1.805 mm de largura e 1.685 mm de altura. O porta-malas é capaz de acomodar até 473 litros de bagagens e o tanque leva até 63 litros de gasolina.
Faziam anos que eu não via um Eclipse Cross de perto. Mas como ele não muda desde a alteração na traseira original, onde a lanterna dividia o vidro posterior, não há muito mais o que a acrescentar. A dianteira já traz a nova cara corporativa Mitsubishi e as laterais com peças pintadas dão uma cara mais civil ao SUV médio.
O interior também não mudou muito desde que o Eclipse Cross chegou ao Brasil em 2018. Alguns elementos são evidências dessa idade, como o painel de instrumentos analógico com pequena tela ao centro para o computador de bordo que é controlado por botões físicos no próprio painel. Apesar de ser uma solução simples, tem algumas customizações inesperadas. Se você quiser, pode até mudar o apito que a seta faz quando está ligada, por exemplo.
A quantidade de plástico brilhante na cabine pode incomodar quem não gosta de ver um interior sujo. O material aparece em áreas de contato constante, como o volante, e é difícil mantê-las limpas. Tirando isso, o acabamento da versão Rush está dentro do que você espera para a versão mais básica de um SUV médio: a maioria das superfícies é de plástico, mas com boa montagem e variando em texturas para não depreciar a cabine.
Algumas economias são mais claras, como a grande alavanca de freio de mão no console. Mas, francamente, prefiro o freio de estacionamento mecânico ao elétrico de qualquer forma. Outra economia é a chave: não apenas não é presencial como não é nem do tipo canivete, mesmo problema que o Citroën C3 Aircross tem. Tirando isso, os equipamentos que a versão Rush perde não fizeram falta no uso diário.
Sendo um SUV médio, o Eclipse Cross Rush tem uma largura interessante na cabine, permitindo dois adultos usarem o banco traseiro. Um terceiro se acomoda ao centro com mais tranquilidade que em SUVs compactos. Para quem tem família, é possível instalar um assento infantil sem comprometer o espaço dianteiro. O porta-malas não é gigante e é um pouco raso, mas não há degrau entre o assoalho e sua abertura, o que facilita o empurra e puxa de bagagens.
O único negativo desse espaço todo é que o Eclipse Cross é largo. "Orelhudo" definiria bem. Além da carroceria larga, os espelho são grandes. Ótimos para o campo de visão e segurança, mas na hora de manobrar em vagas estreitas exigem bastante atenção.
Além do espaço, é no desempenho que o Eclipse tem seu principal argumento contra SUVs menores de preço similar. O 1.5 turbo responde rápido e, sendo quatro cilindros ao invés de três, não tem aquela vibração característica dos tricilíndricos em marcha lenta. O propulsor entrega bem e não passa vibrações para a cabine nem parado, nem alta rotação.
O câmbio CVT está bem acertado, não é de deixar o motor cravado em altas rotações por períodos estendidos para entregar desempenho. As linhas mais retas, porém, deixam um pouco de ruído de vento entrar na cabine acima de 100 km/h. Quanto ao volante, ele não transmite uma sensação artificial ao mudar de direção e tem um peso natural nas mãos. A suspensão é independente e diria que é quase tão bem acertada quanto a de um Jeep Compass, porém um pouco mais firme nos buracos.
Confesso que tinha poucas lembranças do Eclipse Cross até o lançamento dessa versão mais barata batizada de Rush. E até mesmo seu preço, mais em conta, não era tão barato quanto o Caoa Chery Tiggo 7 Sport. Mas, ao contrário deste rival, não abriu mão de desempenho para ficar mais barato. Além disso, entrega praticamente o mesmo que um Jeep Compass Sport cobrando menos. É uma boa opção a ser considerada se você valoriza um carro japonês e um preço interessante.
Mitsubishi Eclipse Cross FWD
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