Em março, completa 1 ano que as primeiras unidades do GWM Haval H6 começaram a chegar de fato ao Brasil. A linha, desde então, dá a opção de escolher entre híbrido convencional (HEV) e híbrido plug-in (PHEV), sendo que a última ainda pode ser a versão GT, um SUV cupê com visual mais esportivo, mas o mesmo conjunto mecânico do tradicional.
Depois do H6 HEV e PHEV, testamos o GWM Haval H6 GT PHEV, o produto topo de linha da marca no Brasil, ao menos por enquanto. Porém, todos os H6 compartilham praticamente a mesma lista de itens de série, enquanto os PHEV possuem o mesmo conjunto motriz. Ou seja, o H6 GT cobra R$ 40 mil a mais que o PHEV normal pelo visual diferente e mais chamativo e alguns poucos equipamentos a mais. Será que vale a pena?
Ao desembarcar no Brasil, a GWM adotou a postura de entregar um pacote único de equipamentos na linha Haval H6, independente da configuração. Então todos trazem de fábrica com head-up display; piloto automático adaptativo (ACC) com função Stop & Go; frenagem automática de emergência com identificação de pedestres, bicicletas e motos; frenagem automática de emergência em cruzamentos; alerta e frenagem automática de tráfego cruzado traseiro e alerta de ponto-cego.
Exclusivamente na versão GT, também está presente uma câmera de reconhecimento biométrico, que monitora a atenção do motorista, que ainda reconhece quem está conduzindo para recuperar as preferências previamente salvas. O pacote completo vem também com assistente de permanência e centralização de faixa; desvio inteligente (Smart Dodge) e smart cornering (ambos exclusivos da GWM); alerta de colisão traseira; alerta de perigo de abertura de portas; auto reversing assistance; reconhecimento de placas de trânsito e parking Assist para vagas paralelas e em 90°.
A GWM carrega condução semiautônoma nível 2+, formado por 6 sensores dianteiros e 4 câmeras na frente e 6 sensores traseiros (com uma câmera); assistente de declive até 60 km/h (HDC), reconhecimento de placas de trânsito e sistema anticapotamento. É um pacote completo de segurança ativa.
Também houve um cuidado com a central multimídia, em termos de tradução e velocidade de processamento. Por isso, tem uma tela de 12,3" com resolução Full-HD, espelhamentos por Android Auto e Apple CarPlay sem fio e comandos de voz para algumas funções, como abrir o teto solar, temperatura do ar-condicionado e volume do som, por exemplo. Além disso, o Haval H6 GT PHEV ainda acrescenta na comparação com o SUV normal os pneus Michelin Pilot Sport 4 SUV com medidas 235/55 R19.
Assim como o Haval H6 PHEV convencional, o GT traz um motor 1.5 turbo a gasolina e dois propulsores elétricos, um em cada eixo, entregando uma potência combinada de 393 cv e 77,7 kgfm de torque. O propulsor a combustão, porém, está lá para cumprir função de gerador na maior parte das ocasiões, mas aparece quando é exigida potência máxima, como em acelerações, ou para manter velocidades mais altas. O conjunto é completo por uma transmissão automatizada com duas velocidades, que se aproveitam do motor elétrico para não ter uma relação tão curta e necessária para tirar o carro da inércia, mas aproveitam a eficiência do 1.5 turbo quando preciso.
Os motores elétricos são alimentados por uma bateria de 34 kWh de capacidade que vai instalada no assoalho que, no modo Hybrid, pode levar o H6 GT por cerca de 160 km em nosso teste. Para quem tiver tomada em casa e for fazer a recarga em um wallbox de corrente alternada, o H6 GT PHEV consegue aceitar até 6,6 kW de potência. Em carregadores rápidos de corrente contínua, esse número sobe para 48 kW. No primeiro cenário, uma carga de completa leva 5 horas. No segundo, são 29 minutos de 10% a 80% de capacidade, dependendo da potência do carregador.
A suspensão, incluindo sistema multi-link na traseira, foi recalibrada para o Brasil. No caso do Haval H6 GT PHEV, conta com para-choques exclusivos, além da linha de teto mais "acupezada" que deixa seu visual mais característico e que o distancia do H6 PHEV convencional.
Mas isso afetou suas medidas, com o GT tendo 4.727 mm de comprimento (+ 44 mm) e 2.050 kg de peso em ordem de marcha (+10 kg) na comparação com o H6 PHEV convencional. Outras medidas são idênticas entre os dois, como a largura de 1.940 mm (com espelhos), a altura de 1.729 mm e o entre-eixos de 2.738 mm. Nada muito além do esperado para modelos que partem da mesma plataforma. Porém, além de mais pesado, o GT ainda perde porta-malas em prol do visual. São 515 litros contra 560 litros do H6 PHEV convencional.
Se o H6 PHEV impressiona pelo seu porte, recorre a linhas mais orgânicas e suaves para não parecer um trambolho, o H6 GT PHEV joga a discrição pela janela. A coluna C é mais marcada, reta e forte. O para-choque dianteiro tem mais elementos retos e a grade é divida em três elementos visuais.
Atrás, mesmo com o caimento de teto mais acentuado, a traseira é bastante elevada visualmente. Os grandes abrigos dos elementos refletivos nas laterais aumentam a sensação de largura, assim como o elemento interligando as lanternas. Juntando a isso aos dois aerofólios traseiros e o conjunto de emblemas pretos sobre a carroceria branca e o resultado são proporções exageradas.
Por dentro, a GWM parece tentar impressionar o público brasileiro. A cabine é ampla, larga e com tons escuros. Quem vai na frente pode se sentir até dentro de um carro ainda mais caro. Há uma boa finalização nas peças, que alternam entre acabamento de couro e materiais macios ao toque. Se você procurar, ainda vai achar plásticos nem tão premium assim, mas não onde você interagirá mais com o carro.
O GT ainda tem algumas diferenças de acabamento para se diferenciar do H6 PHEV convencional, como material imitando fibra de carbono no console central. O teto e as colunas são escurecidas, enquanto painel, portas e bancos recebem um material similar a microfibra.
E aqui fica mais uma vez o destaque para a eletrônica embarcada da linha Haval H6. Não apenas para os equipamentos instalados, mas também para a forma como foram implementados. São duas grandes telas digitais, uma de painel e outra de multimídia. Têm cores nítidas e respondem rápido aos comandos. É uma infinidade de configurações e, ainda assim, tudo foi disposto de forma intuitiva e não é tão difícil encontrar o que se quer.
O sistema de comando de voz ajuda com alguns comandos, como abrir ou fechar o teto e regular temperatura. Só não espere que ele entenda comandos mais complexos. Os sistemas de segurança estão bem calibrados, não apenas no sentido que funcionam como deveriam, mas também de uma forma que eles operam sem incomodar os ocupantes ou distrair o motorista.
Até mesmo a tela projetada no painel, que reconhece tipos faixas, cones, motos, carros e caminhões ao redor do veículo, impressiona. Da mesma forma, o sistema de visão 360 graus é bastante inteligente e rápido. Se você dá ré, ele foca mais na imagem traseira. Se manobrar para frente, foca na dianteira e por aí vai. E a qualquer momento você pode girar a visão, ou escolher uma câmera específica. A resolução das imagens também é boa.
O banco traseiro, ainda bem, não é muito afetado pelo caimento diferentão do teto. E não é impossível levar 3 adultos por lá. Mas dois vão com grande conforto. Como o entre-eixos e grande, o espaço de pernas é farto. Até mesmo a instalação de um assento de bebê não exige ficar manobrando o banco dianteiro para caber. O porta-malas tem uma perda de capacidade, fato, mas não é grande. Quem vai sentir mesmo essa diferença é somente quem costuma levar objetos altos na traseira.
E andando? Aqui não há muito o que a acrescentar do que já conhecemos nos demais H6. O Haval H6 GT PHEV é um carro que acelera muito forte. Ele arranca primeiro em modo elétrico e, se necessário, entra com o de combustão para auxiliar. Tendo carga nas baterias, ele vai operar quase sempre como elétrico. É interessante a função em que você diz ao carro o quanto de bateria você quer que o veículo mantenha. Escolha uma porcentagem e o carro vai ficar ligando e desligando o motor a gasolina para manter a carga desejada.
Mas aí fica o aviso: se você ficar rodando constantemente sem bateria, não espere um consumo de híbrido. O H6 PHEV é um carro que funciona melhor se você tem onde carregar. Seu uso ideal é primariamente urbano com as baterias e os motores elétricos fazendo o serviço pesado, mas tendo tranquilidade para fazer uma viagem longa eventualmente sem precisar encontrar pontos de carga como num carro totalmente elétrico.
Mesmo rodando com gasolina, a vibração e o ruído são muito reduzidos. A cabine é muito bem isolada, ao ponto de se ouvir a reverberação do ar dentro pneus em buracos, quase como bolas de basquete. Falando em suspensão, é mais firme que no carro chinês. Não quer dizer que é de esportivo. Como já falamos, está mais acertada para conforto. Funciona bem para o H6 HEV, que tem 243 cv de potência e 54 kgfm de torque. Nos H6 PHEV, o carro começa a passar uma sensação de flutuação acima de 120 km/h, enquanto nas arrancadas o SUV na versão GT ergue bem a dianteira.
O freio também poderia ser melhor, com o pedal tendo um acionamento borrachudo e difícil de julgar quanto de curso é necessário para a frenagem segura. Isso acontece porque o pedal atua tanto no freio regenerativo do motor quanto dos discos de freio físicos.
Em suma, o GWM Haval H6 GT PHEV tem desempenho, comportamento, equipamentos e conforto muito similares ao do H6 PHEV convencional. Investe-se R$ 40 mil a mais para se ter um visual diferente, mas que não é para todos os gostos. O conjunto de itens extras, mesmo somados, parecem não compensar tanta diferença, apesar de a marca ter mudado o acabamento para algo mais da preferência do brasileiro.
Pensando racionalmente, é melhor gastar R$ 279 mil no SUV normal com o mesmo conjunto plug-in, o que seria minha escolha. Mas vendo quantos GT estão rodando por aqui em São Paulo (SP), provavelmente o errado sou eu.
GWM Haval H6 GT PHEV
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