Pense nos últimos Toyota SW4 que você viu na rua. São grandes as chances de ter sido uma viatura, um carro particular blindado nos grandes centros ou ainda o transporte oficial de famílias mais abastadas no caminho entre propriedades rurais e as cidades próximas. É caro e rústico, mas entrega o suficiente para convencer cerca de 1.500 compradores todos os meses a levar um pra casa. Qual é a mágica?
Depois de conviver com um Toyota SW4 Diamond, de R$ 433.490, fica um pouco mais fácil de entender como que um SUV veterano, com arquitetura chassi-carroceria, ainda consegue atrair um público tão grande e com grande poder aquisitivo. E a receita não poderia ser mais simples: juntar toda a funcionalidade de uma Hilux diesel 4x4 com uma cabine mais bem acabada e com mais equipamentos de comodidade.
O Toyota SW4 está na mesma geração desde a introdução do ano/modelo 2016. Por conta disso, tem a mesma questão da Hilux, picape com a qual compartilha a mecânica e a plataforma: algumas coisas já estão mostrando a idade.
Mas, diferentemente da Hilux, o SW4 não sofre com uma competição tão feroz. Enquanto uma Ford Ranger já virou o jogo em modernidade contra a picape da Toyota, o SUV tem como competidores diretos apenas o Chevrolet Trailblazer e o Mitsubishi Pajero. O primeiro tem vendas bem menores na comparação, enquanto o segundo tem uma rede de concessionários com menos pontos de venda. E ambos entregam um pacote de equipamentos e desempenho similares por um preço parecido.
A versão Diamond é a mais completa - e cara - da linha do SW4. Seu visual é o mesmo da linha 2023 - na linha 2024, a novidade do SW4 foi a unificação da dianteira para todas as versões, antes exclusiva da Diamond e da GR-Sport, e a introdução da versão SRX Platinum. Nesta configuração mais custosa, o SUV vem sempre com sete lugares. Falando das coisas em que o SW4 já entrega a idade, está exatamente a terceira fileira de bancos.
Ela não rebate para frente, ou dobra sob o assoalho. Os bancos são separados e ficam literalmente pendurados junto às laterais do porta-malas por cordinhas. Além de ocuparem espaço no bagageiro, acabam gerando ruídos, tanto pelo movimento deles recolhidos e mal fixados quanto pelo roçar deles no couro da segunda fileira.
A lista de equipamentos foi o primeiro item a entregar o tema do SW4 Diamond: poderia entregar mais coisa pelo preço alto que cobra? Até poderia, mas o que tem, é exatamente o que você precisa, e nada mais. Um exemplo são os bancos dianteiros. Por mais de R$ 400 mil, já não é mais tão complicado achar carros com massagem no banco. Os do SW4 são apenas ventilados. Mas, em pleno Brasil sofrendo com o aquecimento global, o que vale mais para você, massagem ou ventilação? Eu vou de ventilação sem pestanejar.
Inclusive, ventilação é algo bem pensado no SW4. Tanto o encosto quanto o assento recebem o ar gelado. O ar-condicionado, além de ser automático de duas zonas, possui um controle de ventilação exclusivo para os bancos traseiros. E por lá, nada daquelas saídas de ar que gelam apenas as canelas. A Toyota equipa o SW4 com saídas no teto, e isso para as duas fileiras traseiras, sem miséria.
E a lista continua. A central multimídia não é das mais rápidas e as câmeras de visão 360 graus têm uma resolução horrorosa, mas tem carregador por indução e um sistema de som assinado pela JBL com boa qualidade e incluindo até um subwoofer no tampão do porta-malas. Falando nele, sua abertura e fechamento são elétricos.
O carro ainda tem uma lista interessante de equipamentos de segurança dentro do guarda-chuva que a Toyota Chama de Safety Sense. Entre eles estão 7 airbags, alerta de colisão frontal, sistema de auxílio pré-colisão (a Toyota não gosta de usar o termo "frenagem autônoma de emergência"), auxiliar de manutenção de faixa, controle de cruzeiro adaptativo e monitor de ponto cego.
Baita tecnologia, não é mesmo? Só que, ao mesmo tempo, o SW4 ainda é um carro que tem o freio de mão de alavanca mecânica - pelo menos é um avanço frente ao "freio de pé" do Corolla Cross - e, claro, o painel ainda conta com o pequeno relógio digital. Nessa altura do campeonato, não é nem motivo de piada mais, já deve ser algo que os clientes da Toyota esperam como um senso de continuidade entre os produtos da marca. Convenhamos, um SW4 não é o primeiro Toyota da pessoa.
E ainda tem toda a parte mecânica do SUV, compartilhado com a Hilux em grande parte, mas com duas diferenças fundamentais pensadas em conforto e segurança. A primeira é que as molas do eixo traseiro (ainda rígido) são helicoidais como num carro convencional. A segunda é que o SW4 tem freios a disco nas quatro rodas, algo que a picape só oferece nas versões mais caras.
Falando mais tecnicamente, o SUV da Toyota traz o veterano motor 2.8 turbodiesel capaz de entregar 204 cv de potência e 50,9 kgfm de torque. O câmbio automático tem 6 marchas e a tração é 4x4 de verdade, incluindo caixa de redução e bloqueio do diferencial traseiro. Por conta de sua construção com chassis de longarinas, o SW4 tem uma capacidade de reboque de 750 kg. Se a carretinha tiver freio, o número sobe para 3 toneladas. Precisa levar motos, motos aquáticas ou até pequenos barcos? Um SUV monobloco não consegue puxar tão bem.
No papel, o Toyota SW4 Diamond é um veículo com altos e baixos. Pelo preço, tende mais para o "baixo". Mas, como é comum em carros da marca, é preciso andar para entender. Não estou falando da fama de "inquebrável" repetida à exaustão por uma legião de fãs que parece mais um culto religioso.
Só para tirar logo esse ponto do caminho, ninguém compra um SW4 pela dirigibilidade. Ainda bem, por que não é um veículo que se presta a ser bacana contornando curvas. As molas helicoidais aliviam os trancos nos buracos que a Hilux apresenta, deixando a condução mais segura e confortável. Mas o SW4 na estrada parece mais um barco. Flutua sobre tudo e exibe um expressivo rolamento de carroceria nas mudanças de direção, além de um mergulho bem perceptível nas frenagens mais fortes.
Mas sabe o que ele não apresenta? Preocupações ao motorista com buracos. Em uma semana com o SW4 esqueci o que são buracos, valetas e lombadas na rua. O SUV da Toyota absorve obstáculos com uma destreza ímpar. Em alguns casos, luxo é não ter se preocupar com esse tipo de coisa.
Não tem muito o que falar do conjunto mecânico, ele está lá e dá conta de empurrar as mais de duas toneladas do SW4, de novo, sem preocupações. O câmbio também está simplesmente lá, faz trocas suaves, não é rápido nem lento. Dentre todas as transmissões que a Toyota oferece, a do SW4 definitivamente é uma delas. Mas quando foi a última vez que você viu alguém reclamar da mecânica da Toyota?
Em algum momento você percebe que o SW4 te proporciona algo que é difícil de precificar: tranquilidade. O ar gela bem, todos viajam com bom conforto, o carro passa em qualquer lugar e mesmo que você parta para uma blindagem, o chassi dá conta do recado e a carroceria é discreta.
Você não compra um SW4 para se mostrar, você o compra porque sabe o que ele entrega. Com mais de R$ 400 mil daria até pra partir para algum SUV de marca premium de entrada com carroceria monobloco e mais tecnologia, mas vou encerrar com a conclusão que eu cheguei.
No final do ano, tenho uma viagem de carro marcada para o Sul da Bahia. Se minha escolha fosse entre um SUV monobloco de luxo ou o SW4 menos equipado, porém mais robusta, eu iria de Toyota com a certeza de que ele faria o percurso de mais de 3.000 km pelo interior do Brasil sem dificuldade alguma.
Toyota SW4 2.8TD
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