Nova Ford Ranger Raptor no Brasil: como anda (e voa) a picape esportiva
No asfalto e na terra, é a única que merece ser classificada assim
Entre tantas picapes médias potentes, nenhuma consegue realmente se classificar realmente como uma esportiva. De olho nesse mercado e em um público bem específico, a Ford Ranger Raptor chegou ao Brasil com a mesma configuração vendida no exterior, incluindo o motor 3.0 V6 biturbo a gasolina de 397 cv.
Desta vez, fomos até a pista de testes da Ford, em Tatuí (SP) para explorar o máximo do potencial da nova Ranger Raptor, seja em nossas mãos, seja com os pilotos responsáveis por todos os testes. Por R$ 448.600, é realmente tão diferente das demais versões desta nova geração da picape média?
O que é a Ranger Raptor?
Quero guardar os detalhes mais profundos da Ranger Raptor para um futuro teste completo. O que você precisa saber neste momento é que, de tão diferente, a Raptor é produzida na Tailândia para abastecer todos os mercados onde é vendida. Por exemplo, as bitolas são mais largas em 256 mm na dianteira e 290 mm na traseira, o que pediu mudanças no chassi. A suspensão dianteira tem a mesma arquitetura, mas a traseira troca o feixe de molas por molas helicoidais.
Nesse conjunto, entram os amortecedores da Fox, empresa conceituada no mercado aftermarket pelo trabalho com o fora-de-estrada, que na Raptor são eletrônicos adaptativos e estão entre os maiores segredos para o que essa picape faz. Ela é ajustável pelos modos de condução ou de forma individual por um botão no volante, inclusive para decolar e pousar, que você irá entender daqui a pouco, ou já percebeu pela foto que abre a matéria.
O motor é o 3.0 biturbo, um V6 a gasolina desenvolvido para a Raptor, com 397 cv e 59,4 kgfm de torque, em par com o câmbio automático de 10 marchas que, apesar da mesma família da caixa usada na Ranger V6 normal, é reforçada e com uma relação específica, além da programação das trocas para a Raptor. O sistema de tração integral usa diferenciais blocantes na traseira e dianteira. Pouco sobra de uma Ranger normal nesse pacote.
Como anda a Ranger Raptor?
Esse primeiro contato com a Ranger Raptor foi em três partes: asfalto, terra e com um dos pilotos responsáveis pela homologação no Brasil. Como a Ford diz que a sua nova picape esportiva é rápida em qualquer situação, precisamos comprovar isso em ambiente controlado, ao menos até liberarem uma para o teste completo.
Começando pelo asfalto, a Ranger Raptor tem potência, mas os pneus de uso fora-de-estrada de 33" de diâmetro não são feitos para isso. Por outro lado, nada impede que ela vá procurar assunto com as Amarok V6 por aí sem medo de ser feliz - a Ford declara o 0 a 100 km/h em 5,8 segundos, mas uma velocidade limitada a 187 km/h, o que pode ser um problema nesse momento.
Ela acelera como manda esses números. O 3.0 cresce com fôlego e a transmissão tem o comportamento que já conhecemos de outros modelos que o usam, com trocas rápidas para ganhar velocidade. A distribuição do torque é linear e equilibrada e chega aos 187 km/h rápido - logo aparecem as empresas para liberar isso - com um controle que nem parece uma picape desenvolvida para o off-road.
Justamente isso que chama mais atenção que a força em si. A Raptor entra e sai das curvas no asfalto quase como um carro de passeio, principalmente em como a direção elétrica foi calibrada e conversa com o motorista. Até parece pouca a velocidade máxima da Raptor pelo o quanto ela está controlável.
Na terra, a Raptor se aproveita dos diversos modos de condução selecionáveis - Normal, Escorregadio, Lama/Terra, Areia, Esportivo, Rock Craw e Baja. Quer andar rápido? Ela vai continuar praticamente como estava no asfalto, com uma ajuda extra da tração integral e dos amortecedores inteligentes. Dá para provocá-la no modo 4x2 e, com uma certa facilidade, a colocar de lado e voltar para a posição normal.
Ao mesmo tempo, tem a capacidade fora-de-estrada com caixa reduzida e os modos mais pesados. Ainda é uma picape média, ainda é uma Ranger, inclusive com a capacidade de curso de suspensão de até 290 mm. A suspensão elevada e as mudanças nos ângulos de entrada e saída são superiores.
E os pilotos mostraram o que ela realmente faz. Anda em alta velocidade na terra (mais do que eu andei...), freia, responde a qualquer comando do volante sem reclamar ou sustos e ela voa. O salto é acompanhado por amortecedores que se preparam para o pouso confortável e sob controle. Só não faça isso em casa. Eu prometo, talvez, não tentar.
É uma picape realmente esportiva. Seus R$ 448.600 parecem muito dinheiro, mas promete agradar dentro de um segmento que tem muito valor envolvido. Você já viu esportivo barato? Então, não tem picape esportiva barata.
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