A nova geração do BMW Série 5 foi apresentada no exterior há poucos meses e, para o Brasil, haverá grande mudança de paradigma. Em nosso mercado, a marca irá oferecer o sedã somente em sua configuração elétrica i5 que, nesta forma, tem duas opções globalmente: o i5 e40, de entrada, e o i5 M60 xDrive, uma versão com um toque mais esportivo.
No exterior, as entregas deste novo Série 5 elétrico começará a ser entregue no final do ano em mercados como EUA e Europa. Para o Brasil, esse carro não chega antes do primeiro trimestre de 2024 e a BMW ainda não definiu exatamente qual a versão do i5 chega por aqui, mas é comum é que ela escolha as configurações mais caras e completas - neste caso, o i50 M60 xDrive.
O Motor1.com Brasil teve a oportunidade de conferir, em primeira mão, como anda o novo BMW i5 M60 xDrive que, nos EUA, custa a partir de US$ 84.100, o que já nos dá mais de R$ 400 mil sem opcionais ou loucuras tarifárias que temos no Brasil. O preço ainda não está definido, mas vale lembrar que o i4 hoje já custa mais de R$ 420 mil, enquanto o i7 já ultrapassa a marca de R$ 1,2 milhão. O i5 deve ficar entre os dois em preço e posicionamento de mercado.
Historicamente, o Série 5 sempre foi elegante sedã esportivo da marca, nem tão pequeno e ágil como o Série 3, mas não tão grande e luxuoso como o Série 7. Dessa forma, quando chegou a hora de sua renovação, a BMW não foi tão ousada no visual. Não tem a grade dianteira de grandes proporções do menor, nem os faróis divididos do maior.
Ao vivo, é facilmente o mais elegante das novas gerações de sedãs da BMW. Sem tentar inventar moda, traz uma dianteira tradicional, uma silhueta lateral com três volumes bem definidos e uma traseira relativamente elevada com lanternas afiladas. No caso do M60, ele é quase como uma espécie de "M5" elétrico. Traz mais elementos escurecidos na grade e um elemento preto na base das portas. O visual mais agressivo, curiosamente, ficou na traseira, com o para-choque contando com um extrator de ar e a luz de ré centralizada. Sobre a tampa do porta-malas fica um pequeno spoiler aerodinâmico.
Em medidas, o i5 M60 tem 5.060 mm de comprimento, 1.900 mm de largura, 1.505 mm de altura e 2.995 mm de entre-eixos. Seu porta-malas ainda oferece bons 490 litros de capacidade. No entanto, o peso do conjunto elétrico, literalmente, faz-se presente, com o modelo chegando a 2.305 kg.
Falando na parte elétrica, o BMW i5 M60 xDrive conta com dois motores elétricos, um em cada eixo, o que lhe confere a tração integral. Juntos, entregam um total de 524 cv de potência e 81 kgfm de torque. Em modo Sport ou quando acionada a aleta Boost atrás do volante, os números saltam para 609 cv e 83,6 kgfm.
Para alimentar tudo isso, a BMW usa um conjunto de baterias de íons de lítio com 81,2 kWh de capacidade usável. Pelo ciclo de medição WLTP, a autonomia máxima do i5 M60 é de 516 km. O tempo de carregamento completo da bateria em tomada de 11 kW (16A, 230V) em corrente alternada é de mais de 8 horas. Mas em um carregador de 205 kW em corrente contínua, o tempo para a carga de 10% a 80% de capacidade, representando um uso típico, o tempo cai para 30 minutos.
Mesmo tendo bem mais de duas toneladas de peso, o BMW i5 M60 xDrive ainda acelera forte, indo de 0 a 100 kmh em 3,8 segundos. Sua velocidade máxima declarada é de 230 kmh, limitada eletronicamente.
O que ainda não está totalmente fechado para o Brasil é o pacote de itens de série. No entanto, alguns elementos inerentes ao seu projeto se manterão. Entre eles estão as rodas de liga leve com 19" calçadas por pneus 245/45 na dianteira e 275/40 na traseira. O mesmo vale para a suspensão adaptativa e acertada pela divisão M, é do tipo duplo A na dianteira, mas, por conta do peso, a traseira tem molas pneumáticas - solução que a BMW já usa no i4.
Na cabine, o i5 M60 tem duas grandes telas digitais. A que faz as vezes de painel de instrumentos tem 12,3", enquanto a dedicada à central multimídia tem 14,9". O sedã da BMW ainda conta com 7 airbags. Além dos tradicionais frontais, laterais e de cortina, ainda um entre os bancos dianteiros. O carro também conta com comandos por toque para os faróis e até mesmo para o travamento central das portas.
O carro também deve trazer o pacote de assistentes de condução semi-autônomos. Além de controle de cruzeiro adaptativo e da capacidade de se manter na faixa, ainda pode fazer a troca de faixa sozinho. Como tem um monitor de atenção do motorista, ele identifica que o carro à frente está mais lento e que você está olhando para o lado (como se conferindo o espelho) e realiza a ultrapassagem. No entanto, só funciona em rodovias mapeadas pela BMW e se a rota estiver ativa no GPS nativo do carro.
Outra solução interessante é a usada para as saídas de ar dianteiras. Olhando para ele, parece que tem algo errado, pois não existem saídas convencionais. Entre as linhas horizontais no centro do painel, há pequenos filetes acima e abaixo das linhas, jogando o ar fresco como um difusor de ar.
Como abordei acima, o i5 mesmo na versão esportiva M60 ainda mantém um ar mais discreto e elegante. É um refresco de sobriedade ante os demais sedãs da BMW apresentados no passado recente, mas o faz sem perder a imponência. São mais de 5 metros de comprimento e, de perto, tem uma aura de autoridade. Só que sem perder a pose, pois ainda é discreto.
Por dentro, é difícil julgar o i5 M60 sem saber com certeza qual será o conjunto final trazido ao Brasil. Andamos em unidades com bancos de couro branco, sem teto solar e sem zona de ar-condicionado exclusiva para o banco traseiro. Mas o que dá para dizer é que claramente ainda é um BMW Série 5, para o bem ou para o mal. Você ainda senta baixo no banco do motorista e o carro te envolve. Os arremates ainda são condizentes com um sedã executivo da marca bávara e não dá para reclamar de falta de espaço no banco traseiro.
O breve contato com i5 pelas ruas de Greenville (EUA), nas cercanias da fábrica da BMW em Spartanburg, foi de menos de meia hora. Mal deu tempo de aprender a parear o Bluetooth do celular na multimídia. Como disse, ainda é um BMW e a central multimídia ainda conta com uma infinidade de funções, apesar de estar mais intuitiva nos controles.
O que deu para perceber é que o i5 M60 não perdeu nada de seu lado executivo. Sóbrio e sólido resumem seu uso em situações normais. As estradas estadunidenses são verdadeiros tapetes perto das brasileiras, mas o isolamento da cabine impressionou. A suspensão pneumática na traseira também cumpre bem seu papel de absorver os (poucos) buracos e aguentar o peso do carro.
Então fomos convidados a colocar o i5 M60 na pista do centro de treinamento da BMW, também em Spartanburg. E o grande sedã elétrico não teve a menor dificuldade de acompanhar o ritmo de um M5 Competition da geração anterior guiado por um piloto profissional da BMW.
Logo na entrada pista, usando o controle de arrancada e o modo Boost, o i5 já logo saiu de lado para mostrar que não estava para brincadeiras. Os comandos do sedã são ironicamente leves, facilitando o controle da carroceria nas curvas e passando mais confiança ao motorista. Mas a física não pode ser desligada. Nas frenagens e pela cantoria dos pneus no contorno das curvas se percebe que ainda é um carro de mais de duas toneladas andando rápido.
Mas não deixa de ser divertido. Na base da força bruta e de um curioso sintetizador de som que emula uma espécie de ronco futurista de um seis cilindros em linha, o i5 M60 não falha em colocar um sorriso no rosto do motorista, mostrando que até mesmo o sedã executivo tem seu lado de diversão, e os pneus que lutem. Mesmo com o controle de estabilidade ativado, o i5 permite escapadas de traseira e eu não esperava menos de um BMW de verdade, ainda que rendendo uma bronca seguida de elogio do piloto que comboiava o grupo.
Ainda que o contato com o BMW i5 M60 xDrive tenha sido curto, pode-se dizer que marca poderá continuar utilizando o slogan "The Ultimate Driving Machine". Um i5 elétrico ainda é um BMW divertido e não haverá apagão de prazer ao dirigir no futuro da marca.
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