O ano de 2022 ainda não acabou, mas temos algumas certezas. Uma delas é que o BMW Série 3 será o premium mais vendido com uma boa vantagem para o segundo colocado do segmento, seu irmão X1. E como um sedã consegue vender mais que um SUV nos tempos atuais, inclusive dentro da própria marca?
O BMW 320i é o mais procurado da família, que ainda tem o esportivo M3, o M340i xDrive e o híbrido plug-in 330e. A recente reestilização trouxe mais tecnologias e elementos do iX poucos meses depois da Europa, um exemplo de como o sedã é importante na estratégia da marca. Testamos a versão M Sport, topo de linha, para ver o que mudou e como ele se tornou o premium mais vendido do Brasil, mais uma vez.
Em maio, a BMW apresentou a reestilização do Série 3 na Europa. Em julho, a BMW do Brasil já anunciou a produção local e o colocou nas lojas em outubro. Essa velocidade é justificada pela preocupação em manter seu principal produto atualizado, uma exigência deste cliente premium, antenado com o que acontece no exterior.
E o que mudou? Na dianteira, a nova grade é um pouco mais destacada, mas sem a polêmica peça que está no M3, por exemplo. Se manteve charmoso e elegante sem exageros, mas dá para perceber que algo mudou. Os faróis são peças novas, sem o recorte na parte de baixo, todo em LEDs que fazem uma apresentação quando se destrava o carro. O que mais dá para perceber que mudou é o parachoque, com linhas inspiradas no iX, mais anguloso e sem os faróis de neblina. Na traseira, também um novo para-choque e só, com as duas ponteiras de escape. Até as rodas são as mesmas, de 19" nesta versão.
Por dentro, a clara inspiração no iX. O 320i M Sport já tinha duas telas, com painel de instrumentos e sistema multimídia, mas dentro de um padrão comum. Agora tem a mesma peça que reúne as duas telas, uma de 14,9" e outra de 12,3", além de ter tirado a pequena tela de temperatura da climatização, que passou para a tela do multimídia, e trocou também o seletor de marca em alavanca por um menor e mais discreto. Isso sem mudar a estrutra básica do interior.
O 320i é produzido no Brasil. Em Santa Catarina, recebe componentes importados, mas a estrutura é armada e pintada por aqui - o que, em comparação com muitas plantas, é bastante -, além do motor 2.0 turboflex, adaptado para rodar com etanol ou gasolina pela engenharia brasileira.
O conhecido B48B20 tem diversas versões ao redor do mundo. Para o 320i, é uma das mais mansas, com 184 cv e 30,6 kgfm de torque, em um motor com turbo de duplo fluxo, duplo comando variável, variador de abertura na admissão. Seus números não impressionam, principalmente perto dos novos motores turbo menores, mas há outros aspectos em troca que já foram melhores.
Um dos pontos que mais chama a atenção no 320i é qualidade de construção. Óbvio que isso é esperado de um carro premium, mas o sedã da BMW é um agrado a quem gosta de dirigir, mesmo sendo uma versão "de entrada". A plataforma CLAR sustenta modelos maiores e mais potentes e sobra no 320i - e na versão M Sport, as rodas de 19" de duas talas e suspensão mais firme que as demais ajudam nisso.
O mesmo vale para o acabamento. Difícil achar um ponto onde vale a pena reclamar do 320i, que nesta unidade recebeu o couro vermelho no interior para quebrar a sobriedade do cinza na carroceria, um combinação que caiu bem. Confesso que prefiro os botões anteriores para comandos do ar-condicionado, independente do multimídia, mas deixou o interior mais limpo, assim como o seletor de marchas minimalista. Alumínio, couro e texturas trabalham em conjunto por todo o interior.
Os SUVs evoluem, mas ainda não chegaram ao nível de um bom sedã para quem gosta de dirigir. Os clientes BMW preferem o Série 3, com tração traseira, ao X1, o SUV com tração dianteira. E tenho que concordar com eles, mesmo o 320i não sendo o mais potente - aqui eu conto sobre minha experiência com o M3, basta clicar.
A posição de dirigir bem baixa, com pedais e volante centralizados já são um agrado ao ego do motorista. Volante de boa pega, com aro grosso em couro e aletas para trocas de marchas, é uma boa forma de se comunicar com seu carro. Mesmo em um uso normal, diário, o 320i é algo que agrada, pelo silêncio a bordo, suavidade em trocas de marchas e como o 2.0 turbo se comporta de forma tranquila e equilibrada. Direção direta, mas leve, só com a observação da suspensão mais firme com os pneus de perfil baixo que deixam o sedã um pouco duro demais em vias com asfalto mais judiado.
O seletor de modos de condução tem parte nisso. No Sport Plus, a transmissão automática de 8 marchas faz as trocas mais rápidas e mais "firmes", com algum tranco para comunicar. Recalibrado para o Proconve L7, o 2.0 turbo ficou até mais rápido na comparação com nosso teste anterior: foi de 7,7 segundos para 7,5 segundos no 0 a 100 km/h, mas perdeu um pouco na retomada 40 a 100 km/h.
Lembra da suspensão firme? Pegue uma estrada com curvas que ela te compensa do que sofreu na cidade. Que carro equilibrado, mesmo sendo um tração traseira, e fácil de achar os limites. A "baixa" potência não prejudica o fator que o sedã entra e sai da curva com um controle muito além de qualquer concorrente e, principalmente, qualquer SUV. Ele parece pronto para ter mais potência, mas aí você precisa de um 330e, M340i ou....o M3. Que saudade.
Então ele é perfeito? Não. Tem espaço interno bom, mas o banco traseiro é para dois adultos pelo túnel alto para o quinto ocupante, mas ao menos tem uma zona de ar-condicionado própria. O porta-malas é boa parte ocupado pelo estepe que não estava nos planos do carro na Europa e reduz bem no 320i nacional a capacidade. E nem barato é: o M Sport custa R$ 347.950.
Além disso, o 320i recalibrado prejudicou o consumo. Na cidade, foi de lindos 11,7 km/litro para 9,1 km/litro, com gasolina - o que me levou até a confirmar qual combustível nosso carro estava. Na estrada, de 17,6 km/litro para 14,5 km/litro, o que não é ruim, mas deixou de ser muito bom.
O pacote de equipamentos justifica em parte o preço. Sistema de som assinado pela Harman Kardon, as telas do painel e multimídia, faróis fullLEDs, rodas de 19", assistentes de condução com piloto automático adaptativo, assistente de faixas, alerta de colisão com frenagem automática, farol-alto automático, abertura de portas pelo smartphone, assistente de estacionamento automático com saída de vaga, ar-condicionado de 3 zonas, porta-malas elétrico, teto-solar e a opção de 5 cores de interior e 4 para a carroceria.
O BMW 320i justifica ser o mais vendido? Dentro do segmento de premium, com certeza. E isso não deve mudar nos próximos anos, no máximo a ameaça no novo BMW X1, que terá nova geração em 2023. Uma boa briga dentro de casa? Quem levará a melhor? Ano que vem será quente.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com) e divulgação BMW (interior)
BMW 320i 2.0T
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