Avaliação: Citroën e-Jumpy é passo importante no trabalho 100% elétrico
O futuro das entregas será esse, mas por enquanto, cobra bem caro por isso
Enquanto a mundo tentava se adaptar à realidade da pandemia, um dos segmentos que mais se fortaleceu no mercado brasileiro durante aquele período foi o do comércio eletrônico. Com ele, veio um forte aumento de demanda por veículos de entrega. Só que o mundo se encaminha para a eletrificação e o resultado destes dois fatores foi início do uso de furgões elétricos para estas entregas urbanas de curta distância.
Aqui no Brasil, uma das opções de furgão elétrico de carga que estão disponíveis no mercado é o Citroën e-Jumpy, que está prestes a completar 1 ano de seu lançamento por aqui. Enquanto o modelo responde tanto à demanda do comércio eletrônico quanto à por eletrificação, cobra pelos dois, não saindo por menos de R$ 334.990. Será que ele entrega?
O que o Citroën e-Jumpy traz?
A grande diferença do e-Jumpy para o Jumpy a diesel é o uso do motor elétrico. Como ele usa a plataforma EMP2, já foi pensado para propulsão elétrica ou a combustão. O motor elétrico é capaz de entregar 136 cv de potência e 26,5 kgfm de torque, o mesmo do Peugeot e-208. Alimentando o conjunto motriz, o furgão utiliza um conjunto de baterias de 75 kWh. Com isso, a Citroën promete uma autonomia de 330 km na cidade e de 237 km na estrada.
O Citroën e-Jumpy tem capacidade para ser recarregado em tomadas de alta capacidade. Dessa forma, um carregador com 100 kW de potência poderia dar uma carga de 0 a 80% da capacidade em 35 minutos. O furgão tem modos de condução econômico, normal e esportivo e também há o modo B, que aumenta atuação do freio regenerativo.
Você pode conferir a ficha técnica mais detalhada do Citroën e-Jumpy ao final do texto, mas ela tem alguns números interessantes para o segmento de furgões intermediários, sejam eles elétricos ou não. Ele pode levar 3 passageiros e sua área de carga possui um volume útil de 6,1 m3. A carga útil é de 1 tonelada, podendo ser usada tanto pelas portas convencionais na traseira quanto pela lateral corrediça. São 5.309 mm de comprimento, 1.920 mm de largura e 1.935 mm de altura, com entre-eixos de 3.275 mm. O peso em ordem de marcha é de 2.053 kg.
Com um valor mais alto, a lista de equipamentos de série do Citroën e-Jumpy ao menos é farta. Além de ar-condicionado, ele já conta com central multimídia de 7 polegadas com Android Auto e Apple Car Play, controle de cruzeiro com função de limitador de velocidade, controle remoto para o sistema de som, freio de estacionamento eletrônico, encosto de braço para o motorista, câmera de ré com simulação de visão 360 graus e controle eletrônico de estabilidade. Para quem vai trabalhar, a área de carga já tem iluminação e se tranca junto às travas elétricas normais do carro.
Limpa e eficiente, mas para quem?
No segmento de veículos comerciais, o visual até tem um apelo, mas não tanto quanto a capacidade de carga. Aqui, volume e carga útil falam mais alto e não há muito segredo: quanto mais parecido com uma caixa sobre rodas, melhor. No caso do Jumpy, você pode escolher a versão a diesel ou elétrica, mas o uso na prática para levar coisas para cima e para baixo é o mesmo.
O acesso pelas portas é amplo, sendo que a porta lateral de correr tem 935 mm de largura e 1.241 mm de altura para a abertura. Na traseira, as portas bipartidas têm 1.282 mm e 1.220 mm, respectivamente. Apesar estar sempre carregando um conjunto de baterias relativamente pesado, ter 1 tonelada de capacidade de carga é uma vantagem.
Não testamos o e-Jumpy carregado, mas também basta dizer que a potência e torque do elétrico são equivalentes ao visto no 1.5 turbodiesel do modelo convencional. Lá, ele entrega 120 cv de potência e 30,6 kgfm de torque. Então a potência é maior no elétrico, mas com menos torque. A diferença é que a entrega é imediata, enquanto com o diesel é necessário usar uma faixa de rotação a partir de 1.750 rpm.
E aí vem outra vantagem do e-Jumpy elétrico sobre o convencional, principalmente para quem vai dirigir o veículo no dia-a-dia. A transmissão é sempre elétrica, enquanto o diesel é atrelado a um câmbio manual. Nesse tema, vale destacar que o furgão já traz os principais itens de conforto e segurança que nem todos os carros de passeio entregam. Então o motorista não fica do lado de fora da equação.
E conduzindo? Guiar um e-Jumpy é muito similar a andar num carro normal. Mesmo sem o espelho central por causa da divisória entre a cabine e a área de carga, é possível ter uma boa visibilidade do entorno. A câmera de ré também ajuda. Nesse caso é até uma questão de segurança para um veículo que passará seus dias nas ruas trabalhando. O conforto também é de carro de passeio, com suspensão bem acertada e isolamento acústico que deixa o caos do trânsito do lado de fora.
A grande questão ainda é o uso de energia. Termos como kWh, kW, autonomia e tempo de carga, entre outros, são as dúvidas. Usando o e-Jumpy vazio em ciclo urbano a média de consumo ficou em 5,7 km/kWh. Um número bom para o tamanho e desempenho do furgão. Na estrada, ele piora e fica em 4,8 km/kWh. E por uso rodoviário, vale a dica: se você tentar manter os 120 km/h o tempo todo, a capacidade da bateria vai caindo de forma rápida. Na minha experiência aconselho manter o ritmo entre 100 e 110 km/h para ter eficiência.
Nesse ponto, o indicador de carga de bateria analógico me pareceu uma solução melhor para lidar com a ansiedade de ficar sem carga no meio da estrada do que um mostrador digital com a porcentagem. Usando como um carro normal a combustão e sem olhar a autonomia indicada, ele funciona como medidor de combustível, por assim dizer. Mesmo na rodovia, onde a eficiência cai, foi possível rodar mais de 200 km sem recarregar e usando o ar-condicionado o tempo todo.
A recarga é simples, mas é preciso ficar atento. Se você não tiver o carregador em casa e depender de carregadores públicos, eles já cobram o período de estacionamento e, em alguns casos, o kWh fornecido. Ainda é bem mais barato que abastecer com diesel, mas é um gasto que precisa ser levado em consideração.
O Citroën e-Jumpy consegue entregar uma experiência de condução confortável, algo que vale ouro para quem trabalha atrás do volante. Promete ainda menos gasto com combustível e mais tempo rodando, já que sua manutenção é simplificada. Porém, custa quase R$ 335 mil, valor com o qual você consegue comprar modelos de categoria superior. Para quem está pagando do bolso pela ferramenta de trabalho, o volume de carga extra pode falar mais alto do que o apelo de "ser verde" apenas.
O Citroën e-Jumpy é um choque de cultura nas entregas, acompanhando a velocidade das mudanças impostas pelo comércio eletrônico. Porém, neste momento, é uma ferramenta cara que fará mais sentido para empresas com grandes frotas e que já possuem compromisso para reduzir as emissões de poluentes. Para o autônomo, ainda é algo do futuro.
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