No passado, diversos modelos fora-de-estrada tinham motores V8 em suas versões mais potentes. O Ford Bronco "Big Oly" de Parnelli Jones tinha um 351 Windson barulhento e dominou as corridas Baja 1000 de 1971 e 1972, o Buick V8 com o leve 3.5 ficou feliz sob o capô de um Range Rover Classic e o lendário Chevy Blazer ganhou potência com um small block. Nos novos tempos, para onde vão os potentes V8 neste sensível mundo ecofriendly de hoje?
Aqui estão três respostas para esta pergunta. Por nossa percepção, percebemos que o Jeep Wrangler 392, Land Rover Defender V8 e o Mercedes-Benz Classe G (aqui na versão AMG G63) são os únicos SUVs V8 para um fora-de-estrada de alto desempenho no mercado. Logo, reunimos o trio para um comparativo pouco convencional. O destino é o leito seco no deserto da Califórnia, com a missão de descobrir qual deles é o mais rápido em uma arrancada na terra de 402 metros. Se ficar curioso, temos um vídeo (em inglês) mostrando tudo isso.
Os boatos sobre um Jeep Wrangler V8 são tão antigos quanto o próprio SUV. Após anos de espera (e um conceito funcional em 2020), a montadora finalmente nos deu uma versão de produção com o nome Wrangler 392. Usa o mesmo motor V8 6.4 do Dodge Challenger SRT, então o primeiro Wrangler V8 tem 476 cv e 65 kgfm de torque, além de um ronco que pode ser comparado a um Blackbird SR-71. Em termos de ronco, nada se aproxima dele, especialmente no preço do carro testado.
Com uma transmissão automática tradicional de 8 marchas, tração nas quatro rodas integral com reduzida selecionável e eixo rígido nos dois eixos (com diferenciais blocantes), o Jeep não é tão tecnológico. Ao invés de modos de condução e tração complicados e ajustes de suspensão ativa, o Wrangler 392 pede apenas um pé no freio para, em seguida, entrar em ação. A montadora diz que ele chega aos 96 km/h (60 mph) em 4,5 segundos, com 201 metros em 13 segundos antes de limitar a velocidade eletronicamente em 180 km/h para preservar os pneus. São números impressionantes para um carro com pneus de 35" para lama e eixos rígidos.
Enquanto o Brandon Turkus (editor do Motor1.com EUA) não teve problemas para domar a potência de três digitos em nossa pista, eu nunca me senti tão confortável em uma estrada. Nas eternas estradas em construção do sul da Califórnia, com pistas estreitas e as marcações nem um pouco claras fazem o Jeep se sentir com mais de 3 metros de largura. A direção vaga exige correções constantes em altas velocidades, como em um filme de Hollywood onde o ator está dirigindo um carro com as mãos constantemente virando o volante. Isso é algo bastante familiar a um motorista de Wrangler.
Não esperamos um alto nível de refinamento ao volante do 392, especialmente pois é um carro baseado em um SUV que começa em menos de US$ 30.000. Há muitos itens de série, como os bancos em couro aquecidos, piloto automático adaptativo e alerta de saída de faixa, e um sistema multimídia UConnect de 8,4" com espelhamento sem fios. Mas ainda é melhor focar no prazer ao dirigir único de um SUV V8 com janelas abaixadas e o teto opcional aberto. Este Wrangler vive e morre pelo seu ronco do escape variável misturado ao ambiente.
O último Land Rover Defender vendido oficialmente nos Estados Unidos em 1997 tinha exclusivamente um motor V8 robusto com uma grande capacidade fora-de-estrada. Assim, quando o novo Defender foi apresentado em 2019 por lá, ficamos desapontados com o fato da Land Rover usar apenas o 6-cilindros turbo com sistema híbrido-leve na versão topo. Isso mudou em 2022 quando o Defender V8 se junto aos demais com seu 5.0 supercharger compartilhado com diversos modelos da Land Rover e Jaguar.
O Defender 90 Carpathian Edition, aqui testado, poderia ser o mais divertido do grupo, pesando menos que o Mercedes-AMG e com 525 cv e 63,7 kgfm de torque. A Land Rover afirma que o V8 pode chegar aos 96 km/h (60 mph) em 4,9 segundos e ir aos 240 km/h, além do "caixotinho" ser suave e comportado na estrada. Com um entre-eixos curto, ele é um pouco mais nervoso, mas comparado ao Wrangler, o Defender se sente como um trem de luxo em termos de estabilidade em linha reta. É o que acontece quando se compara um SUV de US$ 113.252 com um que custa US$ 30.000 a menos.
A equipe do Motor1.com também elogiou a qualidade e o estilo interior do Defender, com revestimentos atraentes nas peças plásticas e revestimento resistente nos bancos. A única exceção é a grande parte em chapa aparente nas portas dianteiras, que acaba aparecendo pois as portas foram projetadas para a abertura em menor ângulo no Defender 110. As soldas visíveis dão uma aparência rústica aos que gostam, mas é estranho em um carro desse valor.
Apesar da aparência retrô, o Defender V8 é bastante moderno. A suspensão independente usa molas a ar para aumentar sua altura e passar obstáculos, e a tração integral divide o torque ou bloqueia o diferencia central, dependendo da situação. Para um funcionamento realmente desafiador, há uma caixa reduzida selecionável. Nem tudo foi modernizado, e ainda bem.
O sofisticado Terrain Responde da Land Rover também faz uma aparição no Defender V8, permitindo ao motorista selecionar programar para lama e rochas, neve profunda, trilhas rochosas e condução esportiva no asfalto. Há até mesmo alguns pontos para programação personalizada - esperamos que quem dirigir ele depois de nós goste da configuração para arrancada em lagos secos.
Se o dinheiro não for problema e o objetivo é o máximo de rendimento, a escolha é clara: Geländewagen. O modelo mais "caixote" da Mercedes-Benz pode ser também o mais desejável, encontrando apelo com todos, desde as famílias de Aspen até frequentadores dos clubes de Manhattan. Mas limitar o Mercedes-AMG G63 apenas a manobristas de festas e filas de escolas particulares deveria ser um pecado, pois este SUV poderia desencadear terremotos ao rasgar o deserto. Chega aos 96 km/h em 4,5 segundos, com máxima de 210 km/h se for corajoso.
Debaixo do capô está o menor, mas mais potente, motor do trio - um V8 4.0 biturbo de 585 cv e impressionantes 86,7 kgfm de torque, cortesia dos gênios da engenharia da AMG. Affalterbach também se faz presente na transmissão automática de 9 marchas do G-Wagen, que envia a força para as quatro rodas por diferenciais frontal, central e traseiro bloqueáveis manualmente. Como nos demais SUVs, tem uma caixa reduzida, se necessário. A pintura Monza Grey (de US$ 6.500) exige que você seja muito amigo do pessoal do lava-rápido, mas fica muito bem nessa carroceria.
Visual vintage a parte, o G63 é a linha divisória entre o Jeep e o Defender em termos de compostura - o que não é surpreendente, já que usa uma moderna suspensão dianteira independente com um eixo traseiro rígido, mais antigo. Andar em uma rodovia já não é uma experiência tão estranha quanto com o antigo G, mas este ainda é um grande e pesado SUV e se sente assim. Painel em couro Nappa, assim como os bancos com massageadores e placas iluminadas AMG dão ao nosso carro de US$ 184.500 o interior mais bonito, o que não é uma surpresa.
Esse preço nos deu algum medo na hora de colocar o AMG no fora-de-estrada, mas sem riscos, não há recompensas. E o G63 recompensa quem o suja. O AMG Trail Package é obrigatório para isso, incluindo a proteção frontal, mudflaps, uma configuração específica nos amortecedores adaptativos, assim como pneus de uso misto. Além disso, a capacidade dele é loucura, com três diferenciais blocantes e um grande curso de suspensão com a força de um supercarro com interior luxuoso.
Antes de entrar em nossa arrancada na areia, nossos pilotos - Turkus, o diretor de vídeo Clin Simone e eu - queríamos conhecer os SUVs V8 na terra. O caminho até nosso lago seco nos obrigou a entrar em algumas trilhas agradáveis, mas nada que chegasse perto de ver os limites da altura do solo ou articulação das suspensões, mas já os desafiando o suficiente essas lendas off-road.
Para começar, a natureza simples do Wrangler 392 faz sentido quando as coisas ficam difíceis. Em ver de uma complicada série de botões e menus de informação, o motorista do Jeep só precisa decidir se usa a tração integral ou se precisará usar a reduzida. Além disso, a desconexão da barra estabilizadora dianteira melhora o curso em um botão que a desacopla, assim como os bloqueios dos diferenciais dianteiro e traseiro. Uma vez configurado, o Wrangler é um verdadeiro bode de montanha, com muito torque, tração e suspensão para qualquer trilha.
"Considerando o quanto é mais acessível, por menos da metade do Mercedes-AMG, e a capacidade geral de seus pneus e suspensão, eu teria dificuldade para escolher um dos outros além do Jeep", disse Turkus. Ele não está sozinho, pois todos apreciamos a simplicidade e suas portas e teto removíveis.
No entendo, o refinamento fora-de-estrada do segundo modelo mais barato da turma foi difícil de ver falhar. Apesar das rodas de 22" com pneus de perfil baixo de uso misto, o Land Rover Defender V8 não teve problemas para seguir o Wrangler. Embora levantasse roda com mais facilidade - a suspensão pneumática sofrem quando em sua posição mais alta - e seu sistema de gerenciamento um pouco complicado e que leva um momento para se entender, o Defender era o mais confortável, com menos torque no volante e movimentos da carroceria em obstáculos.
"O Defender é encantador além da sua crença", opinou Simone. "Com o motor 6 em linha ele já é bom e ótimo com o V8. Tem uma boa saída e um ronco divertido". Enquanto eu ecoava o sentimento de Simone e apreciava o comportamento do Defender, Turkus não gostou muito: "Não se sente tão especial quanto os outros", disse. "Eu estava esperando uma experiência mais parecida com um SVR, mas é apenas um Defender com um motor V8".
Mas é difícil não cobiçar um V8 biturbo que ecoa pelas paredes, mas mesmo na terra, o Mercedes-AMG G63 é bom. Há um modo off-road específico que reduz a intervenção do controle de tração e suaviza os amortecedores adaptativos, botões físicos acionam os bloqueios e a caixa de transferência. A partir disso, é apenas apontar o capô e subir uma colina enquanto aciona suavemente o acelerados sobre os obstáculos. Mesmo com curso de suspensão menor que do Jeep, sua coragem acaba antes da capacidade do G.
"Embora o Mercedes-AMG seja efetivamente o dobro do preço dos oponentes, parte disso é justificado pela qualidade geral", disse Simone. "Só o barulho das portas fechando já vale o preço de compra".
Uma vez familiarizados com os carros, lançamos a sorte para ver quem iria com o que através da nossa reta de terra de 402 metros. Felizmente, cada um ficou com o que queria. Turkus, de Detroit, ficou com o Jeep. "Meu plano é simples: acelerar". Eu fiquei feliz com o orgulho inglês, especialmente pois esta foi minha primeira experiência com o incrível V8 sobrealimentado da Land Rover. E demos o carro mais alto para o cara mais baixo, além de Simone ser um amante do G63.
Depois de alguns treinos para garantir tirar o máximo de cada arrancada, fomos até a linha de partida. Depois de claridade total no rádio, buzinei três vezes antes que a metafórica bandeira desse a largada. Para meu deleite, o Defender se lançou rapidamente, mas não demorou para o mais potente G63 fizesse seu papel. Ao final, o Mercedes-AMG estava a 173 km/h, o Defender a 166 km/h e o Jeep a 160 km/h, uma significante diferença de dois carros entre o primeiro, segundo e terceiro colocados.
Voltamos para uma revanche, depois outra e mais outra, mas sem alteração na ordem de chegada. O Mercedes-AMG G63 não poderia ser tocado, pois mais que o Jeep Wrangler 392 e o Land Rover Defender V8 tentassem. A corrida foi próxima, impressionante pela diferença de preço entre o Jeep e o AMG, de mais de US$ 100.000.
Ao final do longo dia no deserto, nenhum de nós quis trocar de carro para a viagem de três horas até casa. Turkus enfrentou o ruidoso e raivoso Wrangler 392 por amor a sua personalidade e ronco do escape. Simone preferiu a refinada construção sólida - assim como a sua aceleração - do G63. E fui com o Defender V8, com amplo conforto e potência para um companheiro de viagem solitária na rodovia.
Separados por dezenas de milhares de dólares e um abismo figurativo entre os seus clientes, o Jeep Wrangler 392, Land Rover Defender V8 e o Mercedes-AMG G63 são dificilmente concorrentes diretos. Mas isso não nos impediu de encontrar o que amar em cada um. Os dias de SUVs fora-de-estrada V8 estão contados, mas pelo menos conseguimos reunir os melhores construídos antes dessa morte.
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