Quando a Honda apresentou a ADV no final de 2020, a aposta era grande. Será que os brasileiros pagariam a mais por uma scooter de baixa cilindrada com apelo aventureiro? A experiência anterior com a X-ADV 750 tinha sido positiva e a marca seguiu em frente com os plano, enquanto a moto chegou às lojas de fato em janeiro de 2021.
A ideia inicial era de vender cerca de 1.000 unidades por mês, menos da metade da média mensal registrada pela Honda PCX, com a qual a ADV compartilha motor e chassi. Logo nos primeiros meses, a aposta da marca se pagou, com a novidade ultrapassando a expectativa original. Nos últimos meses, porém, as vendas caíram um pouco enquanto a Honda ainda ajusta a linha de montagem de Manaus (AM) à realidade atual de produção mais lenta e escassez de componentes.
Mas é seguro afirmar que a Honda ADV encontrou seu público. No entanto, será que a scooter é tão aventureira quanto a marca propõe, ou traz apenas um visual um pouco mais agressivo? Para isso, testamos a moto em condições reais - para uma scooter pequena. Hoje, a Honda ADV está tabelada em R$ 19.240 sem contar o frete.
Baseada na PCX, a Honda ADV trouxe diversas atualizações, principalmente no conjunto de suspensão, rodas e pneus. Além disso, seu visual a separa completamente da scooter mais vendida da marca. Olhando suas linhas e a combinação de cores, fica claro que a Honda deu à ADV o mesmo estilo das grandes aventureiras da marca, como a Africa Twin.
A pequena scooter aventureira da Honda tem um pacote bem completo de itens de série, com freios a disco nas duas rodas, ABS dianteiro, iluminação total com lâmpadas de LED, chave presencial, para-brisa ajustável, painel de instrumentos com tela LCD, computador de bordo, tomada 12V e 27 litros de capacidade no porta-trecos sob o assento.
Na mecânica, o propulsor é o mesmo da PCX, mas com alguns ajustes por conta da carenagem diferente da ADV, que resultaram em uma melhor entrega em médias rotações. O monocilídrico de 149,3 cm³ tem arrefecimento a líquido e é capaz de entregar 13,2 cv de potência a 8.500 rpm e 1,38 kgfm de torque a 6.500 rpm. O câmbio é automático CVT, como na PCX.
O grande diferencial da ADV, porém, está na ciclística. Ela possui um guidão mais elevado, e suspensão de maior curso. Na dianteira, o garfo telescópico passa a ter 130 mm curso - 30 mm a mais que a PCX, enquanto na traseira os dois amortecedores trazem reservatório de óleo em separado e 120 mm de curso (20 mm) a mais.
A roda traseira foi de 14 polegadas para 13 polegadas na ADV para acomodar pneus maiores e mais largos, já com perfil de uso misto fornecidos pela Metzeler. Possuem medidas 110/80 na dianteira e 130/70 na traseira. Além disso, o ângulo de ataque da suspensão é mais fechado, o que aumenta a agilidade da moto e melhora a superação de obstáculos. O resultado é um peso somente 1 kg maior que na PCX (indo a 127 kg). A altura do assento e em relação ao solo também são maiores: 795 mm e 165 mm, respectivamente.
O lançamento da Honda ADV colocou a scooter "pra bater" em estradas de terra. Então, minha ideia ao avaliá-la era utilizar a moto normalmente, na cidade mesmo, afinal esse é o ambiente onde este tipo de veículo é mais utilizado. O apelo aventureiro é bacana e tudo mais, mas não adianta de nada se comprometer seu uso principal.
Os primeiros dias foram extremamente triviais. Idas ao mercado, buscar ração para a gata aqui de casa. Mas tudo isso enfrentando o trânsito e buraqueira normal das grandes cidades. E nessa praticidade no uso diário, os atributos da ADV se destacam. Sua suspensão ainda é firme, como é normal em scooters, mas é perceptivelmente mais macia que a da PCX. Ao mesmo tempo, as mudanças na ciclística deixaram a moto mais ágil nas mudanças de direção.
Entre os temas de ordem prática, ainda vale destacar que o porta-trecos dianteiro, onde está a tomada 12V da Honda ADV, que acomoda com sobras um smartphone grande. O gancho no escudo dá conta de levas sacolas, mesmo que o chassi protuberante entre as pernas faça com que as compras pendam para um lado. O banco possui uma mola que impede que a peça caia na sua cabeça enquanto carrega itens no porta-capacetes. Falando nele, deu conta de um conjunto de capa de chuva - incluindo galochas - completo e mais um saco de ração de 2,5 kg sem grandes dificuldades.
O desempenho é o esperado de uma moto dessa cilindrada, mas a ADV arranca com força, mostrando um fôlego grande em médias rotações. Apenas o painel de instrumentos poderia um tratamento anti-reflexo. Dependendo da posição do sol, a luz vai direto na sua cara mesmo.
Até então, convivência absolutamente normal com a Honda ADV. Até que tive que visitar um parente que mora na divisa entre Mairiporã e São Paulo, em um condomínio fechado numa região de serra. Lá, asfalto é opcional. Pensei até em ir de carro, dada a distância maior, mas a scooter, em tese, tinha sido feita para essa situação.
Para ajudar, choveu torrencialmente no caminho e, chegando no condomínio, os bueiros já não davam conta de escoar as águas pluviais. O resultado foi que tive que encarar corredeiras enlameadas e até pequenos alagamentos. Parecia até uma grande aventura, mas infelizmente é a realidade da região na época de chuvas.
No entanto, fiquei feliz por ter ido com a ADV. Os pneus de uso misto passaram bastante confiança, mesmo quando a lâmina d'água sobre o asfalto era grande. A suspensão deu conta dos buracos escondidos sob a água também, sem grandes solavancos ou sustos. A scooter da Honda parece ter sido feita exatamente para essa situação: corriqueira, mas uma aventura de qualquer forma.
Depois de 3 horas, contando ida e volta, não percebi nenhuma vibração digna de nota mesmo nos trechos de estrada, onde a Honda ADV mostrou a vocação urbana: 110 km/h é mais ou menos "tudo que dá". Mas minhas costas estavam intactas e o resto do corpo sem dores. Se não fosse o espaço sob o assento também, com certeza teria deixado a capa de chuva em casa e chegaria ensopado. A Honda ADV é isso: prática como uma scooter, mas passa confiança de aventureira nos pequenos percalços diários.
Com preços se aproximando de R$ 20 mil sem contar o frete, justificar a Honda ADV fica um pouco mais difícil. É uma ótima moto e muito capaz, deixando claro as melhorias em relação à PCX. Aventura para ela é o dia a dia. No entanto, se você não fizer questão do visual invocado, uma Yamaha NMax vai entregar o mesmo conforto, praticidade e itens série por um preço menor (R$ 16.090 sem frete).
Motor | monocilíndrico, 149,3 cm3, arrefecimento líquido, gasolina |
Potência e torque | 13,2 cv a 8.500 rpm / 1,38 kgfm a 6.500 rpm |
Transmissão | automática CVT |
Suspensão | garfo telescópico na dianteira (130 mm de curso); duplo amortecida na traseira (120 mm de curso) |
Rodas e Pneus | aro 14" na dianteira com pneu 110/80; aro 13" na traseira com pneu 130/70 |
Freios | disco com ABS na dianteira (240 mm) e disco na traseira (220 mm) |
Peso | 127 kg a seco |
Medidas | comprimento 1.950 mm, largura 763 mm, altura 1.478 mm, entre-eixos 1.153 mm, altura livre do solo 165 mm; altura do assento 795 mm |
Tanque | 8 litros |
Preço (sem frete) | R$ 19.240 |
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